"Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" ©Disney/Marvel

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, em análise

O primeiro exclusivo para as salas de cinema do MCU desde 2019 é uma lufada de ar fresco e um revigorar da Fase 4. O Shang-Chi de Simu Liu conquista a audiência e o conjunto das incríveis coreografias das lutas, os efeitos especiais fantásticos e uma história sólida e emotiva deixa-nos rendidos.

Desde que começou a Fase 4 do MCU que temos acompanhado caminhos de redenção, a passagem de legados, formas de lidar com a perda, o descobrir de novos chamamentos, e tudo isto através de desafios a personagens já conhecidas. No entanto, os acontecimentos em “Avengers: Endgame” foram tão disruptivos que de momento não existe ninguém capaz de lidar com uma ameaça ao nível de Thanos. A equipa dos Avengers está desfeita e se muitos dos seus membros têm que se reencontrar e reorganizar também não deixa de ser imperativo a adição de novos parceiros.

Shang-Chi” vem responder a esse chamado ao mesmo tempo que também introduz o primeiro filme da Marvel com um papel principal asiático, um realizador asiático e um elenco predominantemente asiático. Esta inclusão é importante pelo fator da diversidade no cinema e também por uma expansão do MCU a nível do globo, não deixando os super-heróis limitados aos EUA, e explorando cada vez mais organizações chave deste universo.

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” surge assim como o 25º filme do MCU, produzido pela Marvel Studios e distribuído pela Walt Disney Studios Motion Pictures. O filme conta com a realização de Destin Daniel Cretton (“Just Mercy”) a partir de um argumento que escreveu com Dave Callaham e Andrew Lanham. Com estreia a 2 de Setembro em Portugal, o seu sucesso de bilheteira já supera os $257 milhões a nível mundial, tornando-o o oitavo filme de maior bilheteria de 2021.

A ideia para um filme baseado no super-herói da Marvel Shang-Chi já vem desde 2001, mas o seu desenvolvimento não avançou até 2018 quando Callaham foi adicionado à equipa. Em 2019 o projeto começou realmente a ganhar forma e começou a criar expectativa quando Cretton foi contratado como realizador e quando o título e o elenco principal do filme foram anunciados, revelando-se que a narrativa se centraria na organização Ten Rings que já tinha sido introduzida desde o primeiro filme do MCU em 2008 com “Iron Man”. Desta forma, nesta última entrada do universo Simu Liu protagoniza como Shaun/Shang-Chi ao lado de estrelas como Awkwafina, Meng’er Zhang, Fala Chen, Florian Munteanu, Benedict Wong, Michelle Yeoh, Ben Kingsley e Tony Leung.

Shang-Ch
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” ©Disney/Marvel

A produção de Cretton, Callaham e Lanham começa por ser uma importante atualização à personagem de Shang-Chi dos comics que entrou demasiadas vezes em território de estereótipo, mas que neste caso foi cuidadosamente pensado para transparecer uma história autêntica e familiar em relação à identidade asiática. As próprias estrelas do filme contribuíram com as suas próprias experiências de vida de forma a tornar a narrativa mais relacionável e genuína. Pormenores como o uso da língua em determinada situação, fosse o mandarim ou o inglês, ou até o tipo de comida a ser servida consoante a situação foram aspetos importantes e que contribuíram para uma caracterização fidedigna e envolvente.

A presença de personagens femininas fortes à volta de Simu Liu, atuando não só como suporte, mas possuindo os seus próprios arcos, enriqueceu não só a narrativa como contribuiu para o empoderamento dos problemas de sexismo referidos ao longo da história. Não desvalorizando a prestação de Liu que tem muito a aplaudir, mas ter a “Lenda dos Dez Anéis” sem as personagens interpretadas por Awkwafina (Katy) e Meng’er Zhang (Xialing) seria um completo vazio e uma pobreza. Não podemos ainda deixar de elogiar a presença de Ben Kingsley, que foi muito bem integrado na história, e que juntamente com outras cenas no filme demonstra o melhoramento da capacidade da Marvel para corrigir plot-holes passados e criar uma narrativa cada vez mais sólida. Outro destaque neste projeto foi o foco na verdadeira relação de amizade entre Shaun e Katy não havendo uma inclinação forçada para o interesse romântico, o que também vem abrir os horizontes à forma como as relações entre personagens têm sido lidadas na sua maioria.

Shang-Chi
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” ©Disney/Marvel

Um ponto que tem sido altamente elogiado e que destaca a produção como uma das melhores do MCU, sendo para alguns mesmo a melhor, é em termos de coreografias de lutas. Shang-Chi é um mestre de diversas artes marciais, não ficando de todo atrás de personagens como Steve Rogers ou T’Challa (aliás, já se põe a questão de quem é realmente o melhor lutador corpo a corpo do MCU?). De forma a manifestar a variedade de combate da personagem, Cretton inspirou-se em diferentes estilos de luta desde o sublime estilo wushu presente em “Crouching Tiger, Hidden Dragon” (2000) até às energéticas lutas típicas de Jackie Chan. A equipa de duplos contou assim com a supervisão de Bradley James Allan, a coordenação de Andy Cheng e com membros da equipa do próprio Jackie Chan. Um dos objetivos era o de que cada estilo de luta atuasse como um suporte de narrativa a nível visual. Em particular, uma das cenas mais icónicas do filme, a da luta no autocarro, demorou mais de 1 ano a ser planeada e passou por mais de 20 repetições diferentes. Em nota de curiosidade, até mesmo o estilo de luta do anime “Dragon Ball Z” serviu como inspiração, nomeadamente na luta entre Shang e Xu Wenwu (Tony Leung) onde vemos uma derivação do celebre ataque do Kamehameha.

A “Lenda dos Dez Anéis” não deixa de sofrer, como praticamente todos os filmes de origem do MCU, da sua fórmula familiar, porém no final consegue entregar uma excitante introdução de um novo super-herói. No lado oposto, Tony Leung apresenta-nos também um dos mais emotivos e polarizados vilões deste universo, que devido à excelente construção de uma personalidade complexa sofre por, mesmo não sendo um vilão superficial, merecer ter sido muito mais aprofundado. E neste seguimento, se a viagem a Ta Lo foi um carrossel visual de magníficas e estimulantes personagens e sequências de CGI, por outro lado perdeu-se a oportunidade de explicações muito mais detalhadas sobre tudo o que acompanhamos e sobre esse novo místico mundo.

Shang-Chi
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” ©Disney/Marvel

Até ao momento, e mesmo considerando as estreias das séries da Disney+, “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” é provavelmente a grande estreia do MCU deste ano. Apesar de todo o carinho por Natasha Romanoff, “Black Widow” fica abaixo deste novo filme, e veremos agora como se compara com “Eternals” e com “Spider-Man: No Way Home”. Independentemente da hierarquia em termos anuais, a nova entrada no universo é um sucesso e aguardamos com expectativa a continuação dos esquemas da Ten Rings.

TRAILER | PREPARADO PARA CONHECER A VERDADEIRA ORGANIZAÇÃO DA TEN RINGS?

Qual é para ti a melhor estreia do MCU deste ano?

Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, em análise
Shang-Chi

Movie title: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Movie description: Que misteriosa organização é a dos "Dez Anéis"? Quem é o seu líder? E onde encaixa Shang-Chi nesta teia que se estende do seu passado ao seu presente?

Date published: 2 de September de 2021

Country: EUA & Austrália

Duration: 132 minutos

Director(s): Destin Daniel Cretton

Actor(s): Simu Liu, Tony Leung , Awkwafina, Meng'er Zhang, Michelle Yeoh

Genre: Ação, Aventura, Fantasia

  • Emanuel Candeias - 82
  • Marta Kong Nunes - 88
  • Manuel São Bento - 80
  • Cláudio Alves - 60
78

CONCLUSÃO

“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”, o primeiro exclusivo para as salas de cinema da MCU desde 2019, é uma lufada de ar fresco e um revigorar da Fase 4, sendo provavelmente a grande estreia do MCU deste ano. Simu Liu, Awkwafina, Meng’er Zhang e Tony Leung conquistam a audiência e o conjunto das incríveis coreografias das lutas, os efeitos especiais fantásticos e uma história sólida e emotiva deixa-nos rendidos.

Pros

  • Autenticidade da identidade asiática
  • Ação e coreografias de lutas soberbas
  • Efeitos especiais majestosos

Cons

  • Segue um pouco da fórmula familiar
  • A aposta num cativante vilão sofre por este não ser mais desenvolvido
  • Falta de exploração e explicação da mitologia de Ta Lo
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