WandaVision, primeira temporada em análise
WandaVision é a primeira série da Marvel Studios na Disney+. Mas será que a espera valeu a pena? E estará a Marvel pronta para o streaming?
Como o nome indica, a primeira série que o universo da MCU levou até à plataforma de streaming da Disney+ é a junção de duas personagens, bastante poderosas por sinal. Wanda Maximoff e Vision são os protagonistas da primeira história a chegar aos nossos ecrãs, ainda que nos mais pequenos, após “Homem-Aranha: Longe de Casa“, o primeiro filme pós-“Vingadores: Endgame“.
Ainda que mais secundários na saga de Vingadores, Wanda (Elizabeth Olsen) e Vision (Paul Bettany) revelaram-se nos últimos filmes como peças essenciais para a salvação da terra mas no ar ficou sempre a faltar mais – saber mais sobre Wanda, explorar mais a relação dos dois, e dar mais espaço para uma relação com as personagens. Mas se esses eram factores em falta, conseguimos agora assegurar que a Marvel Studios nos deu tudo isso em “WandaVision”… e talvez até mais!
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Não vamos querer revelar muitos detalhes, e nem conseguimos ir ao pormenor se a storyline está alinhada com a Marvel Comics, mas o que iremos partilhar é a nossa visão de como a série chegou até este lado.
[NOTA: A partir daqui poderão encontrar spoilers (poucos) caso não tenham visto a série]
“WandaVision” sempre prometeu ser diferente, desde os primeiros vislumbres dados pela Marvel Studios e Disney+. Nunca nos teria passado pela cabeça que uma série MCU iria ser a preto e branco, que os protagonistas iriam viajar tão atrás no tempo e com tanto impacto na sua vida mas se no início estranhou-se, depois ‘entranhou-se’. Admitimos que para quem não é fã acérrimo da Marvel, passar dos dois primeiros episódios pode ser um tanto complicado – a narrativa empurra-nos para uma estranha realidade onde não há sentido nas coisas e pensamos se a série não estará logo condenada ao falhanço com esta abordagem.
Mas é aqui que se faz a viragem, algures entre o segundo e o terceiro episódio, onde há novas pistas, muitas teorias para colocar em cima da mesa e acima de tudo quando começamos a conhecer novas personagens secundárias que são chave para o enredo. Com a reintrodução da cor, percebemos que afinal os argumentistas não deixaram nenhum detalhe ao acaso, e que há razão de ser, apesar de ser algo difícil de perceber quase até à última parte da série.
“WandaVision” ganha todo um fulgor pelo trabalho excepcional de casting. Elizabeth Olsen e Paul Bettany deslumbram-nos como nunca antes haviam feito na saga. De super lógico a um homem divertido, apaixonado e cómico, Bettany mostra-se tão versátil quanto a sua co-protagonista, que tão bem consegue capturar os tiques e fazer as homenagens certas aos tempos em que vive. Com um timing excepcional para a comédia, Elizabeth Olsen fascina-nos pela rapidez com que a vemos a ser a imponente e poderosa Wanda Maximoff, como de repente é uma mulher dos anos 50 a tentar safar-se na cozinha, ou uma mãe a tentar lidar com dois miúdos sem entrar em paranóia.
E sim, tudo o que leram acima está bem. Mãe! Nunca antes a Marvel tinha apostado na ligação de pais e filhos como aqui, e quem sabe talvez seja esta a série o ponto de partida. É sabido que em toda a história da MCU há diversos super-heróis que são irmãos, mas também há uns quantos que são pais e filhos, com super-poderes herdados, mas que parece ser algo que ainda ‘tabu’ nos filmes – mas sim, sabemos que há muito para explorar só com estes por isso esses também podem esperar. Uma novidade, a série Disney+ e Marvel Studios parece ser o local acertado para explorar esta temática mas ficou talvez aquém. Ficou no ar porque precisávamos mais do passado de Wanda, de mais contexto!
A Marvel Studios pecou em algo para os fãs… a ligação a um universo maior. Se por um lado apresentaram-nos os filhos de Wanda e Vision, talvez visualizando um futuro, falharam redondamente com o passado de Wanda; a história do irmão, que aparenta volta dos mortos em Westview, poderia ter sido um dos maiores pontos de ruptura da série – unir a Marvel e os X-Men, agora que os estúdios estão sob a alçada da Disney. E desiludiram mesmo porque fizeram questão de ir buscar Evan Peters; levantaram muitas expectativas e deixaram que esse fosse um ponto negativo da série para os fãs.
No entanto, ainda que a aparição de Evan Peters tenha gerado um sentimento de desilusão, os pequenos ainda podem dar azo a mais (não queremos revelar muito mas digamos que… esperem até ao final da série, mesmo na cena pós-créditos). E sim, são personagens secundárias mas neste universo quem é realmente secundário? “WandaVision” nunca teria alcançado o que alcançou se não fosse por este elenco. A série marcou o regresso de Kat Dennings, como Darcy Lewis, de “Thor”, mas também nos trouxe Randall Park como Jimmy Woo e Teyonah Parris como Monica Rambeau.
Estas são sem dúvida personagens interessantes porque nos abrem muito mais o leque para o futuro da Marvel. Jimmy Woo é um agente do FBI que nos parece estar pronto para ser o próximo Phil Coulson e Monica Rambeau é ‘A’ ligação que precisávamos a outros filmes. Desde o início que a Marvel nos deixa pistas que ela é de facto da história de “Captain Marvel” mas o seu percurso na série, a sua evolução e o destaque que consegue ter quando entra em cena é notável e meritório. A sua história fica a meio em “WandaVision”, mas ao mesmo tempo parece que, a julgar pela última cena, é apenas o início de Teyonah Parris no universo Marvel. Claro que não queremos desvendar muito mas sendo filha da melhor amiga da Captain Marvel, e sabendo quem é a super-heroína, o que acham que será o seu futuro? Sim, isso mesmo que estão a pensar de certeza.
Dito tudo isto… ainda pensam, como é que falamos de todos os secundários sem referir um antagonista? A antagonista aqui tem o seu merecido destaque no final pelo seu peso, mestria e excelência no papel. Bem, por um ponto de vista até consideramos Wanda a sua própria antagonista, já que está toda a série em conflito consigo mesma, mas é Kathryn Hahn que fica com esse papel oficial. Hahn é Agatha Harkness, uma poderosa bruxa, e reconhecida na Marvel Comics por ser a grande tutora de Wanda Maximoff no seu máximo potencial. Na série, a MCU leva a história por outro lado mas em toda a via com o mesmo sentido.
Agatha Harkness entra na história como se de uma habitante de Westview se tratasse e digamos que até à sua revelação, pouco se notou que seria a antagonista. Sim, era claramente o elemento mais disruptivo mas ao mesmo tempo pareceu-nos até ‘que normal’. Com uma série que optou por prestar homenagens a várias sitcoms das últimas décadas – facto que é explicado nos últimos episódios mas que não queremos aqui desvendar para não aumentar os spoilers que já fizemos – Agatha, ou Agnes, foi sempre aquela vizinha bisbilhoteira e que ajuda sempre ao enredo. O casting foi tão bom que a dada altura damos por nós a querer esquecer um pouco a história da Wanda para conhecer melhor a de Agatha.
O que ninguém esperava era que também ela acabasse a ser um fio condutor do enredo e da transformação de Wanda. Agatha é o motivo pelo qual Wanda se reconcilia consigo mesma e é a grande desestabilizadora dos seus poderes, levando Wanda a atingir o seu auge e a perceber que o seu alter ego sempre esteve nela: Scarlet Witch!
Os últimos momentos são uma travessia da vida de Wanda, com um forcing de Agatha, e que apesar de nos levar à grande revelação final, se revelam como o coração da série. “WandaVision” não é uma série de origem, ou um filme de acção dividido em vários partes.”WandaVision” é uma série de luto, uma ode às relações, sejam elas de família ou de amor, e uma série com o propósito de nos encontrarmos. É quase impossível não sentirmos a dor da protagonista, e sem dúvida que ninguém fica indiferente ao último episódio. Não é só a revelação de uma das super-heroínas mais poderosas de sempre, é aceitarmos que há um caminho que tem de ser percorrido, seja bom ou não, inclua luto ou não.
E no final é essa a beleza da série. Levou semanas a finalizar a história, mas manteve-nos presos e embrenhados na história, e sem dúvida que nos transporta de volta para a MCU. O que merece agora? Uma continuação sem dúvida, porque ainda há muita história por explorar; mas claro que é essa a magia da Marvel, há sempre mais! E se continuar a ser contada assim, é sempre bem-vinda.
Movie title: WandaVision
Date published: 15 de January de 2021
Country: EUA
Director(s): Matt Shakman
Actor(s): Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Kathryn Hahn, Kat Dennings, Teyonah Parris, Randall Park, Evan Peters, Debra Jo Rupp, Josh Stamberg
Genre: Acção, Drama, Comédia
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Marta Kong Nunes - 90
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Inês Serra - 90
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Maggie Silva - 90
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Ana Carvalho - 90
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João Fernandes - 90
CONCLUSÃO
“WandaVision” foi a cobaia de uma nova era da Marvel Studios, mas, no final de contas, foi o objecto ideal da nova estratégia. A MCU pegou em personagens amadas do franchise, elevou as suas histórias, que nunca puderam brilhar nos grandes ecrãs, e trouxe uma outra profundeza ao universo Marvel. A série é prova que o universo, se continuar rodeado de bons argumentistas e amantes das histórias, pode funcionar tão bem na televisão como no grande ecrã. E sim, “WandaVision” consegue estar à altura de um filme! Resultou, agradou, e deixou-nos a querer mais! Digam uma boa série que não faça o mesmo…
Pros
- A construção da série e o encadeamento da acção
- O elenco – de destacar a versatilidade e até o toque de comédia que Elizabeth Olsen, Paul Bettany e Kathryn Hahn trouxeram à história
- O regresso de Kat Dennings
- Os Easter Eggs ao longo de toda a série – nada é deixado ao acaso na MCU
Cons
- Os poderes de Monica Rambeau que ficaram por explorar
- As respostas por dar: quais os verdadeiros poderes da Scarlet Witch, qual o passo a seguir nos últimos segundos da cena final pós-créditos
- Sentir que o casting de Evan Peters foi mesmo para mexer nas nossas cabeças… já todos anseiam o cruzamento da MCU com o universo X-Men!