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A Guardiã da Memória de Kiev, em análise

O livro de estreia de Erin Litteken, “A Guardiã da Memória de Kiev” chega numa altura em que a Ucrânia enfrenta um grande sofrimento. Será que a história voltou a repetir-se? 

No início do ano, mais concretamente no dia 24 de Fevereiro, o mundo acordou com uma notícia devastadora. Dava início um novo conflito armado, com a invasão russa no território ucraniano. Por volta da mesma data, a escritora norte-americana Erin Litteken, com raízes ucranianas e fascinada com a história da sua família, lançou um livro onde cruza duas épocas distintas mas com a cultura ucraniana bem vincada. 

Infelizmente, não é a primeira vez que o povo ucraniano sofre devido às intenções maliciosas de outro país. Durante a década de 1930, a União Soviética, sob a liderança de Joseph Stalin, entrou em território ucraniano para tornar o país a “horta” da União Soviética, devido às suas terras férteis e abundantes. Com os ativistas de Staline sem escrúpulos, e regras intransigentes, cerca de 4 milhões de ucranianos morreram devido a fome e aos trabalhos forcados.

Erin Litteken retrata esta época através do olhar de duas famílias ucranianas, que vão estar unidas devido a dois casamentos. De tempos felizes, onde a alegria e o amor eram abundantes, passamos para tempos negros, onde se faz o impossível e impensável para sobreviver. É preciso avançar 70 anos para chegar à outra época, que no espaço temporal do livro, retrata o início do século XXI. Mas qual é a ligação entre as duas datas? Uma avô que passou por isso tudo, agora apelidada de ‘Bobby’, anteriormente conhecida como Katya.

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Em “A Guardiã da Memória de Kiev”, temos um livro que junta a história e a ficção. De uma forma coerente, a escritora cria estas famílias para mostrar as atrocidades que o povo ucraniano sofreu, e interliga com o futuro. Demostra como essas experiências horríveis podem ser extremamente traumáticas na vida de uma pessoa. As razões e o passado de Bobby são revelados ao longo do livro, com capítulos que intercalam o presente e o passado. Sentimos o sofrimento das famílias, desvendamos os seus sacrifícios pessoais. Apesar de ser ficção, existem milhões de pessoas que passaram por situações idênticas durante essa época.

Com uma escrita acessível, a leitura consegue ser fluida, sem grandes interrupções para decifrar o que está escrito. Da mesma forma, a maneira como a escritora conta a história, e coloca as épocas intercaladas, suscita uma leitura continua e prolongada. Ficamos com a necessidade de descobrir o que realmente aconteceu. Contudo, existe um pequeno aspeto negativo em relação à escrita, mas que não atrapalha a compreensão do leitura. Em determinados momentos, não está clara a progressão dos desenvolvimentos. Ou seja, numa dada altura estamos dentro de uma casa, mas um parágrafo abaixo, já estamos a acompanhar o salvamento de alguém na quinta vizinha. É preciso uma especial atenção em relação a estes pormenores.

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Em suma, e tendo em conta que é o livro de estreia de Erin Litteken, conseguiu um livro agradavelmente atrativo no ponto de vista da leitura, apesar a trágica história que relata. Com formação em História, a escritora consegue dar-nos informações concretas e detalhadas sobre os acontecimentos, de forma clara e precisa. Além disso, é uma história comovente, que retrata acontecimentos que nunca deveriam ser repetidos, que infelizmente, estão a repetir-se nos dias de hoje.

A Guardiã da Memória de Kiev, em análise
A Guardiã da Memória de Kiev Capa

Movie title: A Guardiã da Memória de Kiev

A Guardiã da Memória de Kiev, de Erin Litteken

Na década de 1930, os ativistas de Estaline percorreram a União Soviética, exaltando as maravilhas da agricultura coletiva. Foi o primeiro passo daquela que viria a ser conhecida como a Grande Fome, que ceifou cerca de quatro milhões de vidas na Ucrânia. Inspirada pela história que o mundo esqueceu e o governo russo nega, Erin Litteken tem a coragem de desenterrar o passado. Para que não voltemos a esquecer-nos.
Em 1929, Katya tem 16 anos e vive com a família numa quinta modesta mas próspera. Entre o trabalho nos campos, a escola e as animadas reuniões da família e amigos, os seus dias passam sem grandes preocupações. Katya tem para o futuro as angústias e os sonhos típicos de uma adolescente. A sua única certeza é o amor que sente por Pavlo, o rapaz da casa ao lado e companheiro de todas as suas aventuras. Mas no dia em que os ativistas de Estaline chegam à vila, tudo muda. Reina agora o medo. À medida que a fome se intensifica, instalam-se o desespero e a barbárie. As famílias – quer pela morte, quer pela deportação – fragmentam-se. Mas mesmo nos momentos de maior escuridão, a chama da esperança teima em brilhar.
Setenta anos depois, nos Estados Unidos, Cassie descobre o diário da avó. Nada podia tê-la preparado para a história que lê.
Nada pode preparar-nos a nós, leitores, para a história desta família, que contém em si a História tumultuosa da Ucrânia.

Pros

  • História precisa;
  • União entre ficção e história bem conseguida;
  • Leitura acessível;

Cons

  • Avanço dos acontecimentos pouco claros;
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