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Adeus ao poeta Lawrence Ferlinghetti

O poeta americano Lawrence Ferlinghett faleceu aos 101 anos, vítima de doença pulmonar, após uma vida recheada de inovações, contestações e autenticidade. 

Lawrence Ferlinghett foi poeta, editor, ativista, pintor, dramaturgo e tradutor. O seu nome está incontornavelmente ligado ao movimento literário e social encarnado pela Beat Generation dos anos 50 do século passado, com epicentro em comunidades artísticas de Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles.

Com o jazz como música de fundo, contra o elitismo intelectual e o materialismo da sociedade norte-americana da época, os “beatniks” procuravam a libertação das convenções instaladas. A ainda hoje existente livraria “City Lights”, fundada por Ferlinghett era um dos locais de culto do movimento, o ninho que acolhia todos os que defendiam esses ideais.

Entre eles, escritores como Jack Kerouac, Allen Ginsberg, Charles Bukowski, Paul Bowles, Sam Shepard ou Antonin Artaud cujos trabalhos foram editados, divulgados e defendidos por Lawrence Ferlinghett.

Filho do imigrante italiano Carlo Ferlinghetti e da descendente de açorianos Clemence Mendes-Monsanto, Lawrence nasceu em Nova Iorque, a 24 de março de 1919. Passou alguns anos da sua infância em França, altura em que ninguém adivinhava o carácter insurgente e reivindicativo que mais tarde o caracterizou.

Regressou aos EUA, onde se licenciou em jornalismo na Universidade da Carolina do Norte, tirou o mestrado em Literatura Inglesa na Universidade de Columbia. O doutoramento foi feito na Sorbonne- Université de Paris.

…and I am perpetually awaiting a rebirth of wonder”

Lawrence Ferlinghetti, in “I am waiting”

Fundou em 1953, com Peter D. Martin, a City Lights Bookstore, a primeira livraria dos EUA dedicada exclusivamente a livros de capa mole materialização do seu ideal de tornar acessível ao público uma grande variedade de livros de qualidade. Ao longo de mais de 60 anos a City Lights tem cumprido essa intenção e é, ainda hoje, um espaço de encontro literário para escritores, leitores, artistas e intelectuais.

“A Coney Island of the Mind” (1958) continua a ser um dos livros de poesia mais populares dos EUA com mais de 1.000.000 de cópias impressas, mas é apenas um entre muitas obras poéticas e de ficção. Em Portugal estão publicados uma antologia, “Como Eu Costumava Dizer”, e o ensaio “A Poesia como Arte Insurgente”.

 

Rapazinho
©Quetzal

Publicou aos 98 anos, “Rapazinho”, título do romance autobiográfico editado pela Quetzal em novembro de 2019. “É o derradeiro testemunho e testamento literário de Lawrence Ferlinghetti, uma fonte de conhecimento com alusões ao mundo e à vida do autor, à sua geração, erros e descobertas – e um convite ao maravilhamento. Um romance leve, luminoso e destinado a recordar o mundo como ele devia ser”, segundo comunicado da Quetzal.

HOMENAGEM | O ADEUS A LAWRENCE FERLINGHETTI

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