“Amarga Navidad” | Pedro Almodóvar já filma o seu novo drama entre Madrid e Lanzarote
O realizador espanhol Pedro Almodóvar já está a filmar “Amarga Navidad”, o seu novo filme rodado entre Madrid e Lanzarote, com Bárbara Lennie e Victoria Luengo nos papéis principais. Trata-se de um drama sobre a dor da perda e os limites entre a realidade e a ficção.
O realizador espanhol Pedro Almodóvar, de 75 anos, está oficialmente a começar a rodar “Amarga Navidad”, a sua 24.ª longa-metragem, dividida entre Madrid e a ilha vulcânica de Lanzarote. Com estreia prevista para 2026, o filme conta com um elenco “da casa”, sem grandes nomes internacionais mas com várias caras recorrentes do universo almodovariano, como Bárbara Lennie, Victoria Luengo, Patrick Criado, Milena Smit ou Aitana Sánchez-Gijón.
Luto, fuga e cinema dentro do cinema
A história de “Amarga Navidad”, segue Elsa (Bárbara Lennie), uma realizadora de publicidade que perde a mãe durante o Natal. Incapaz de fazer o luto, refugia-se no trabalho até sofrer um ataque de pânico. Decide então viajar para Lanzarote com a amiga Patricia (Victoria Luengo), também ela em crise pessoal, enquanto o seu parceiro Bonifácio (Patrick Criado) permanece em Madrid. Esta trama, aparentemente íntima, entrelaça-se com a de Raúl Durán (Leonardo Sbaraglia), um cineasta cuja vida — ou a ficção que filma — cruza e contamina a das restantes personagens. Segundo a produtora El Deseo, “Amarga Navidad” explora “a forma como a vida e a ficção estão inextricavelmente ligadas, por vezes de maneira dolorosa”. O filme será distribuído pela Warner Bros. Pictures Espanha, com co-produção da Movistar Plus+.
Almodóvar regressa a casa — ou nunca de lá saiu?
Embora o último filme do cineasta “O Quarto ao Lado” tenha sido rodado parcialmente nos EUA e protagonizado por Tilda Swinton e Julianne Moore (tendo mesmo vencido o Leão de Ouro em Veneza 2024), Almodóvar continua fiel às suas raízes. “Amarga Navidad” é, como os seus anteriores, uma produção da sua (e do irmão Agustín) El Deseo, filmada em cenários familiares e com intérpretes que conhece bem. De facto, o novo filme recupera também temas clássicos do seu universo: o luto, a identidade, a amizade feminina e o próprio cinema. Almodóvar continua a resistir ao modelo exclusivo das plataformas: apesar da presença da Movistar Plus+, “Amarga Navidad” será lançado primeiro nas salas de cinema, num claro gesto de defesa da experiência colectiva.
Um conto natalício com sabor amargo
“Amarga Navidad” é também o título de um dos contos incluídos na colectânea autobiográfica “O Último Sonho”, publicada por em 2023 pela Alfaguara Portugal. O texto original, marcado pela figura da cantora mexicana Chavela Vargas, reflecte outra obsessão recorrente de Almodóvar: a fusão entre memória pessoal e criação artística. Como em “A Má Educação”, “Tudo Sobre a Minha Mãe” ou “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, o novo filme volta a fazer do cinema um espelho da vida e vice-versa. Também aqui o realizador (ou uma versão ficcional dele) será uma das personagens centrais deste novo filme.
Uma constelação sem estrelas… internacionais
No elenco de “Amarga Navidad” estão ainda Milena Smit, Aitana Sánchez-Gijón e Quim Gutiérrez. Muitos destes nomes já trabalharam com Almodóvar em títulos como “Dor e Glória”, “Mães Paralelas” ou “A Pele que Habito”. A ausência de estrelas de Hollywood não é um recuo: é uma afirmação. Pedro Almodóvar, mesmo depois do sucesso internacional, continua a fazer filmes à sua maneira, com os seus actores, na sua língua e nos seus lugares.
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