O documentário-homenagem de Bárbara Paz a Hector Babenco, pára em Lisboa. ©Paris, Texas/Divulgação

Bárbara Paz em Lisboa para homenagear Hector Babenco

O documentário “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou”, da atriz, realizadora e produtora brasileira Bárbara Paz, estreia a 9 de maio no Cinema Ideal. Trata-se de um filme e uma homenagem da sua companheira, sobre a fase final da vida do realizador argentino-brasileiro Hector Babenco, que recebeu um Leão de Ouro no Festival de Veneza 2019.

Bárbara Paz, atriz, realizadora e produtora brasileira vai passar no dia 9 de maio pelo Cinema Ideal, em Lisboa, para apresentar o seu filme “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou”, um documentário sobre a fase final da vida do seu marido, o célebre realizador argentino-brasileiro Hector Babenco, autor de obras tão emblemáticas como “Pixote, a Lei do Mais Fraco” (1980) ou “O Beijo da Mulher Aranha” (1984).

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Esta será a estreia em Portugal do filme de Bárbara Paz, que foi pela primeira vez apresentado no Festival de Veneza em 2019, onde recebeu Prémio de Melhor Documentário no Venice Classics e foi indicado para representar o Brasil como Melhor Filme Internacional nos Óscares 2020. Já experimentei a minha morte e agora só me resta fazer um filme a partir dela”. Estas foram as palavras do realizador Hector Babenco para a sua então esposa e companheira Bárbara Paz ao perceber que não lhe restava muito tempo de vida. Foi  assim que a atriz aceitou ela própria, o desafio de realizar o último desejo do seu entretanto falecido companheiro, tornando-o o protagonista da sua própria morte.

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O filme é um poema visual, a minha ode a Heitor e também a minha despedida. Através do meu olhar revela-se a dimensão interior do homem e o seu amor pelo cinema, que o ajudou a permanecer vivo durante tantos anos. Ele morreu como viveu, filmando até o fim”, dizia a Bárbara Paz no Festival de Veneza nas notas de estreia do filme. Na verdade, o documentário bastante intimista, tem como pano de fundo uma terna imersão na vida de um dos maiores realizadores da América Latina. É o próprio Babenco que revela deliberadamente a sua alma em situações íntimas e dolorosas. Já bastante doente o cineasta expressa os seus medos e ansiedades, bem como memórias, reflexões e fantasias numa comparação contínua entre o vigor intelectual e a fragilidade física que foi de certo modo a marca da sua vida e carreira.

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Contudo, desde o primeiro aparecimento do cancro, aos trinta e oito anos, até à sua morte, aos setenta, Babenco fez do cinema o seu remédio e o alimento que o manteve vivo e sempre bastante cativo, até politicamente. “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou” é a primeira longa-metragem de Bárbara Paz e, de certa forma, também a última obra (embora póstuma) de Heitor Babenco e um filme sobre uma cinematografia e uma figura, feito para não as deixar perder-se no esquecimento.

Babenco
©Paris, Texas/Divulgação

Paralelamente, Bárbara Paz vai inaugurar a 8 de maio, uma exposição de fotografia intitulada “Auto-acusação” na Appleton Associação Cultural. Trata-se da sua primeira exposição individual, que reúne fotografias, vídeo, instalação e performance, e que, em 2023, esteve patente na Galeria Fonte, em São Paulo, e no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro.




Bárbara Paz
Bárbara Paz, atriz, realizadora e produtora brasileira. © Do Arquivo Pessoal da actriz

Em “Auto-Acusação” como artista visual, Bárbara Paz parte das feridas internas e externas resultantes de um acidente de viação que sofreu na década de 90, quando tinha 17 anos, para apresentar um conjunto de obras em vídeo, fotografias, instalações e performances diárias. Bárbara Paz recorre a materiais e elementos que integraram a sua vida após o acidente, como pó, vidro, fio de sutura, cabelos e a base líquida que a ajudou a esconder as cicatrizes do seu rosto, e recorre ainda à performance, que o público poderá assistir diariamente. Nesta exposição, a artista tece uma narrativa sobre o próprio corpo e expõe a quantidade de “eus” que habitam a sua pele.

Bárbara Paz
Appleton/ Paris,Texas/Divulgação.

Em Portugal, Bárbara Paz já participou no Festival Folio em 2019, onde apresentou o livro “Babenco – Solilóquio a Dois Sem Um”, que reúne histórias da sua vida com o realizador e alguns poemas inéditos de Babenco. Este é o regresso de Bárbara Paz ao nosso país, cuja carreira se tem pautado pela transdisciplinaridade, trabalhando em teatro, cinema e televisão, como atriz, produtora e realizadora. Em 2013, recebeu a Medalha Cavaleiro, Honra ao Mérito Cultural do Ministério da Cultura.

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Auto-acusação de 8 a 16 maio, das 14h00 às 19h00. Com Finissage e conversa entre a Bárbara Paz (artista) e Luisa Duarte (curadora), na Appleton Associação Cultural (Rua Acácio Paiva 27 r/c, Lisbon, Portugal 1700-004, a Alvalade); “Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou”, 9 maio, 21h15, no Cinema Ideal.

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