CCPT 2017 | Daniela Ruah traz saudade e conselhos para jovens atores

[tps_header] O sucesso nos EUA e regresso a Portugal de Daniela Ruah foram foco de atenção no quarto e último dia da Comic Con Portugal 2017. [/tps_header]

Aquela palavra que só existe na língua portuguesa é exatamente o que a atriz trouxe consigo para esta edição da Comic Con Portugal: saudade. Daniela Ruah não esquece o seu início promissor nas produções portuguesas da TVI, das quais refere que tem “muitas saudades”, mas a mudança para os Estados Unidos da América e obtenção de um dos papéis principais na série “NCIS: Los Angeles” lançou a sua carreira para um novo nível internacional.

A sua entrada na sala de imprensa da Comic Con Portugal marcou a diferença nos jornalistas, já tão habituados às conversas em inglês com as estrelas internacionais e agora finalmente a terem oportunidade de conversar na sua língua nativa.

“NCIS: LA” foi primeiro foco das questões. A série da FOX começou como um spin-off mas, para Daniela Ruah, a fórmula da série original foi transformada para esta nova produção, “mais cool”, e direcionada para um “público mais jovem”, o que a tornou única. Poderá a série alguma vez vir a ser filmada em Portugal? É pouco provável, brinca a própria, dado o baixo número de atividade terrorista por cá.

A personagem que interpreta, Kensi, é uma agente dura mas tem também características da atriz, sendo a maior delas a “palhaçada”. “Torna-a mais humana, não precisava de mostrar a força da personagem ao ser sempre tensa”, revela a atriz, acrescentando que este lado mais brincalhão de Kensi foi também puxado pela entrada do agente Marty Deeks (Eric Christian Olsen).

Mas como conseguiu o papel na série? Daniela Ruah partilha que soube que tinha o papel “logo após o casting”, e que a primeira coisa que fez foi “ligar à mãe”. Teve a coragem de ir para os EUA e tentar a sua carreira, mas afirma que ser atriz no país da liberdade e ser atriz em Portugal são contextos muito diferentes:

“Quando fui para lá era mais velha, tinha maior maturidade. E quando participei nas novelas portuguesas elas estavam ainda num estado de feto, nos Estados Unidos já está estabelecido e foi um pouco estar no sítio certo à hora certa. A sorte tem também um grande papel, mas muito ter coragem de perseguir o que queremos”, revelou.

Ruah refere ainda que “existe um sindicato de atores nos Estados Unidos que protege os atores”, com regras estabelecidas, confessando que se mantém “muito tempo de gravações em Portugal”, enquanto que nas séries americanas “as gravações são mais espaçadas”, frisando a importância de se respeitar os horários para com a equipa técnica para se conseguir produzir conteúdos com maior qualidade.

Como atriz portuguesa de grande sucesso, diz ter uma “responsabilidade muito grande”, pois “quer representar o mais possível para as gerações mais novas mas é importante continuarmos a ser humanos”. Mantém aberta a possibilidade de participar de novo em alguma novela televisiva portuguesa caso exista compatibilidade, e quanto ao cinema, refere que “gostava de ter a experiência de fazer cinema mas sinto-me perfeitamente preenchida a fazer séries”.

Houve ainda oportunidade de comentar o problema de assédio sexual que nos últimos tempos tem assombrado o mundo do estrelato nos EUA. Teria Daniela Ruah já passado por alguma situação deste âmbito?

“Assédio é em todos os meios, não só no cinema. Graças a Deus nunca passei por uma situação dessas, nem assisti senão teria dito alguma coisa. Mas ainda bem que estamos a falar sobre isso, até agora fico emocionada com esse tema, por muito que já tenha acontecido à 10 ou 30 anos, é importante as mulheres se juntarem, e o mesmo para os homens, o facto de terem coragem de sair e falar sobre o assunto é um início da cura para os dois lados”.

Por fim, questionou-se a atriz acerca de conselhos que pudesse ter para atores no início de carreira ou mesmo para ela mesmo, há uns anos atrás quando ainda estava a tentar seguir os seus sonhos. Ruah mostra-se sempre disponível para conversar sobre o seu percurso, mas afirma que a pessoa “tem de ter alguma coisa que lhe interesse fazer para a poder ajudar. Se não houver independência de carácter não há nada que possa fazer”.

Quanto a conselhos de relevo, refere que o mais importante parece ser o que lhe fora dado pela atriz Cote de Pablo, que interpreta Ziva no original “NCIS”, quando Daniela iniciou o seu trabalho no spin-off: “guarda o teu dinheiro porque não sabes quanto tempo a série pode durar, e não demores mais de 45 minutos em cabelo e maquilhagem”.

Daniela Ruah partilhou com o público português na Comic Con Portugal 2017 um pouco da sua experiência internacional, mostrando que, apesar dela, não esquece as suas raízes e gosta de voltar a casa!