10 realizadores revelam segredos de famosas cenas de sexo (V)

Quer seja em distopias ditatoriais ou no meio da sufocante patriarquia de um passado histórico, o sexo é um modo de quebrar barreiras e transgredir as injustas regras da sociedade.

 


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Quer queiramos admitir ou não, o sexo é algo que é usualmente escondido pelas sociedades contemporâneas, ou marginalizado, demonizado ou tornado numa fantasia irreal e distante da realidade humana. Isso deve-se a uma monumental série de fatores históricos e culturais, mas há que admitir como o domínio patriarcal e a ascensão de mentalidades puritanas germinadas de crenças religiosas teve muio que ver com tal desenvolvimento. Através de um cenário futurista assexual e de uma pesquisa sobre o passado histórico da Coreia, dois intrépidos cineastas propuseram-se a explorar isso mesmo, concebendo cenas de sexo em que os desumanos dogmas sociais são violentamente destruídos, não pela violência, mas pelo êxtase orgástico do encontro entre dois (ou duas) amantes.

 

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IGUAIS (2015), Drake Doremus

No caso de Drake Doremus e da cena de sexo que marca o início do romance dos protagonistas de Iguais, a chave para o sucesso esteve na antecipação e, estranhamente, na calendarização das filmagens. É que a organização do projeto estava feita de tal modo que já tinham passado semanas quando Kristen Stewart e Nicolas Hoult finalmente representaram esta cena, a primeira vez que as suas personagens se tocam nesta narrativa distópica de ficção-científica. Para ajudar à ação, Doremus teve ainda o auxílio de música, atuando como uma espécie de DJ por detrás das câmaras e usando diferentes batidas para influenciar os movimentos, ritmos e expressões dos seus atores a interpretar os epítetos do desejo erótico consumado.

Lê Ainda: Iguais, em análise

 

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THE HANDMAIDEN (2016), Park Chan-Wook

Nesta adaptação coreana de um romance lésbico originalmente passado na Inglaterra vitoriana, um argumento cheio de repetições à la Rashomon leva a que uma tórrida cena de sexo, entre as duas protagonistas, seja apresentada duas vezes. Numa das versões, vemos uma experiência íntima em grandes planos, noutra vemos tableaux afastados e quase pornográficos. Tendo em conta que a subversão da opressão patriarcal e da perspetiva masculina sobre o corpo feminino eram dois dos temas principais de The Handmaiden, o realizador Park Chan-Wook decidiu que tentaria evitar ao máximo uma exploração salaz das atrizes e seus corpos. Depois de ter feito storyboards em colaboração com elas e de ter planeado tudo meticulosamente, o realizador chegou mesmo a usar uma equipa técnica exclusivamente feminina para as filmagens, assim como um ambiente relaxado para as atrizes que não impedisse, contudo, que todos os planos fossem filmados o mais rapidamente possível.

Consulta Ainda: 69º Festival de Cannes (Dia 4): Amor Para Todos

 


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Para leres as entrevistas destes realizadores na sua forma integral, e em inglês, visita o site da Vulture. Entretanto, não deixes de explorar as análises da Magazine Hd sobre a representação de sexo e sexualidade no cinema, como, por exemplo, a nossa lista de 15 filmes sobre sexo na adolescência que recomendamos.

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