Christopher Nolan explica a omissão de Hiroshima e Nagasaki em Oppenheimer
“Oppenheimer”, de Christopher Nolan, foi para muitos uma bomba de filme, mas deixou partes de fora. Descobre o porquê.
Após existirem rumores de que “Oppenheimer” poderia nunca vir a estrear no Japão devido à falta de representatividade histórica, o seu realizador, Christopher Nolan (“Tenet“, “O Cavaleiro das Trevas Renasce“) decidiu responder publicamente ao porquê de ter deixado as bombas de Hiroshima e Nagasaki fora do enredo da longa-metragem.
O objetivo do filme era focar-se na história do criador da bomba atómica, olhando para a sua experiência subjetiva enquanto criador das armas nucleares – um poder capaz de levar à destruição do mundo tornando os humanos quase deuses do seu destino.
Não há dúvidas que a longa-metragem foi um dos maiores sucessos do ano. Não se falou de outra coisa – a não ser o filme “Barbie” – após o lançamento do projeto não só pela sua narrativa poderosa, mas também pelos aspetos técnicos do filme que impressionam qualquer espectador.
Embora a longa-metragem gire em torno das primeiras bombas atómicas dos Estados Unidos, a obra deixa de parte os históricos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki durante os estágios finais da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945.
O Japão foi vítima desses ataques americanos, mas essa parte da história foi ocultada da narrativa, levando o país a desconsiderar a estreia do filme no seu território.
OPPENHEIMER DE NOLAN FOI CRITICADO POR OCULTAR A DESTRUIÇÃO DE HIROSHIMA E NAGASAKI
Não mostrar a destruição de Hiroshima e Nagasaki foi intencional, confirmou Nolan em entrevista à Variety. Julius Robert Oppenheimer foi pensado como o ponto de referência da história:
O filme apresenta a experiência de Oppenheimer subjetivamente. Sempre foi a minha intenção manter essa premissa rigorosamente. Oppenheimer ouviu falar do atentado ao mesmo tempo que o resto do mundo. Eu queria mostrar alguém que começa a compreender de forma mais clara as consequências não intencionais das suas ações. Tratava-se tanto do que não mostrei quanto do que apareceu.
Nesta perspectiva, por mais que não seja mostrado o ataque americano ele não deixa de estar presente, de forma subentendida, como uma consequência não intencional de alguém que fez uma experiência sem ponderar o mal que poderia gerar.
O evento histórico que abalou o Japão em 1945 marca a primeira e única vez, até então, que armas nucleares foram usadas em guerra e contra civis.70 mil pessoas perderam a vida imediatamente após o ocorrido em Hiroshima. Em Nagasaki as mortes instantâneas variam entre 35 mil e 40 mil.
TRAILER | OPPENHEIMER CONTA A HISTÓRIA DO CRIADOR DA BOMBA ATÓMICA
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