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Barbie: Ou como Margot Robbie roubou a cena e a boneca | Crítica

O filme de Greta Gerwig sobre a boneca de plástico mais famosa do mundo, “Barbie” é uma verdadeira ode ao feminismo cheia de cor e verdades.

Inúmeras são as crianças que se lembram de terem brincado com uma Barbie durante a sua infância. Não importa a cor, a roupa que veste ou a profissão que exerce, a boneca de plástico produzida pela Mattel existiu (e continua a existir) em milhões de casas espalhadas pelo mundo inteiro. Mas, se o brinquedo é visto apenas como uma forma de entretenimento para crianças, a verdade é que a figura da Barbie é um grito a favor da emancipação da mulher e um objeto que já fez todas as raparigas desejarem serem semelhantes à sua boneca. Como tal, “Barbie”, o novo filme de Greta Gerwing, é uma verdadeira metáfora que personifica todos os conceitos associados ao brinquedo de forma genial, mas também cómica e, acima de tudo, muito colorida. Além disso, a longa-metragem é também uma enciclopédia que homenageia a cultura popular, sem nunca esquecer a origem da Barbie.

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ASSISTE AQUI AO TRAILER DE BARBIE

No início dos tempos, as crianças brincavam com bonecas feias que as deixavam infelizes, mas esses dias primitivos transformaram-se em momentos de alegria com a criação da Barbie, a boneca feita para fazer sorrir todas as mulheres. É através da sábia voz de Helen Mirren que fazemos esta viagem pela história, com a particularidade de a cena fazer uma referência a um clássico do cinema, “2001: Odisseia no Espaço“. Tal como os macacos do filme de Kubrick aprenderam a construir ferramentas num cenário primitivo, também as crianças se sentiam na pré-história antes da invenção da Barbie. E eis que surge a boneca milagrosa que traz consigo novos padrões de beleza…

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Em poucos minutos, somos convidados a entrar na ‘Barbielândia’, um sítio que, à semelhança do Jardim do Éden, surge como um paraíso. Mas, contrariamente ao mundo real, este é um paraíso em que as mulheres têm a liberdade de serem o que quiserem, sem que ninguém mande nelas. Este é o sítio onde todos os sonhos femininos se tornam realidade. É colorido, é um paraíso cor-de-rosa e, acima de tudo, um mundo feliz e solarengo! Na ‘Barbielândia’, todas as bonecas são Barbie e todos os homens são Ken, mas enquanto o papel delas é dominar o mundo, o deles é existirem apenas sem fazerem grande coisa. Se a ‘Barbielândia’ é o Éden, então aqui a ordem da criação foi claramente invertida, sendo Ken apenas um apêndice da Barbie. O mais divertido destas cenas passadas no mundo cor-de-rosa é vermos a quantidade de bonecas e acessórios desenvolvidos pela Mattel (como o carro ou o guarda-roupa) que ganham vida no grande ecrã, havendo uma gigante atenção ao detalhe, como é exemplo o facto de a boneca andar com os pés em pontas. E no meio de todas as Barbies de plástico existentes neste mundo, o foco está na boneca estereotipada, interpretada por Margot Robbie de forma incrivelmente perfeita.

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No meio da beleza colorida (e artificial) do mundo da Barbie, a boneca estereotipada começa a pensar na morte – pensamentos irónicos de uma boneca que dizem ser indestrutível – e é esse o fator que a obriga a visitar o mundo real, uma aventura à qual se junta o ‘inútil’ Ken. Rapidamente somos arrastados para as cores acinzentadas da realidade e, em pouco tempo, a Barbie descobre que vivemos num mundo dominado pelo sexo masculino em que o respeito pelas mulheres está muito aquém de ser uma verdade. Aqui, a celulite, os pensamentos maus e a subjugação ao homem são duras realidades que custam aceitar, mas que influenciam Ken a levar para o mundo perfeito da ‘Barbielândia’. E aqui vemos também a constante produção de novos acessórios por parte da Mattel que, ao longo dos últimos setenta anos, nunca deixou de inovar.

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A partir do momento em que a Barbie Estereotipada se apercebe que o mundo é dominado por homens e que as ideias masculinas rapidamente se espalham como um cancro que altera por completo o funcionamento da sociedade, a boneca de plástico embarca numa aventura com a sua dona, muito ao estilo de “Toy story” em que os brinquedos ganham vida, e tentam devolver o poder às mulheres, virando os homens uns contra os outros quando sentem a sua virilidade ameaçada.

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No fundo, “Barbie” é uma verdadeira história bíblica que coloca a mulher no papel central, num mundo paradisíaco em que os homens assumem as funções mais nulas da sociedade. De forma inteligente e altamente divertida, Greta Gerwing desenvolveu uma verdadeira ode ao feminismo e fê-lo através de um dos símbolos mais característicos da emancipação feminina – uma boneca de plástico que ensinou milhares de crianças a sonhar. E o mais delicioso é que Ruth Handler, a mente por trás da Barbie, não foi esquecida e surge no filme com um importante e doce papel de ‘mãe de todas as Barbies’, uma bonita homenagem que deixa a sua marca numa das longas-metragens mais inteligentes dos últimos tempos.

Barbie, em análise

Movie title: Barbie

Movie description: Barbie vive num mundo ideal controlado por mulheres, mas quando a sua aparência perfeita começa a revelar algumas imperfeições, a boneca de plástica é obrigada a conhecer o mundo real dos humanos para resolver a situação. Rapidamente, Barbie apercebe-se que vivemos num mundo que pertence aos homens e vai fazer de tudo para lutar contra a sua emancipação.

Director(s): Greta Gerwig

Actor(s): Robie Margott,, Ryan Gosling,, Will Ferrell,, Emma Mackey,, Michael Cera,, Kate McKinnon

Genre: Comédia,, Drama

  • Jéssica Rodrigues - 92
  • Maggie Silva - 90
91

CONCLUSÂO

“Barbie” é uma verdadeira ode ao feminismo, tendo a capacidade de demonstrar, de forma divertida, o mundo em que vivemos e o quão estagnada está a nossa sociedade no que toca à igualdade de género. Com cores fortes e apelativas, esta é uma longa-metragem que relembra todas as mulheres que, se lutarem, podem ser o que quiserem, desde que se revoltem contra o patriarcado. Além disso, é uma bonita homenagem à inventora da boneca revolucionária.

Pros

  • A interpretação de Margot Robbie e Ryan Gosling;
  • O contraste entre oi colorido mundo da ‘Barbielândia’ e o cinzento mundo real;
  • O inteligente argumento que serve de metáfora e personificação de um dos brinquedos mais famosos do mundo;
  • As referências à cultura pop;
  • A atrativa fotografia em geral;
  • As subtis piadas inseridas nas falas das personagens;
  • A banda sonora;
  • A homenagem feita a Ruth Handler

Cons

  • A cena da luta entre os Kens está muito forçada e poderia ter sido melhor trabalhada
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