Cinema Europeu? Sim, Por Favor | Trainspotting
Com a sequela a bater à porta 21 anos depois, Trainspotting permanece como um retrato brutal de uma fatia específica de Edimburgo não destinada aos fracos de coração.
Ninguém esperava por ela e ninguém no seu perfeito juízo a desejava com a maior força dos seus sentidos, mas ainda assim a sequela do clássico de culto Trainspotting que examina o mergulho da juventude escocesa na club culture e no consumo de drogas chega esta semana às salas.
Revisitando a genialidade eufórica do original, recordamos as razões pela qual é um clássico contemporâneo absolutamente imperdível.
O QUE É QUE VOU RELEMBRAR HOJE?
Trainspotting, realizado por Danny Boyle e protagonizado por Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller e Robert Carlyle.
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MAS AFINAL DO QUE É QUE TRATA?
Um olhar corajoso sobre jovens cujas vidas giram em torno da heroína, dos sonhos, da morte, das boas e más relações e da cultura pop. Esperto, divertido e por vezes simplesmente inconsciente, Mark Renton é um herói da nossa época. Imerso na cultura junkie de Edimburgo, Mark e os seus amigos formam um grupo de loosers, drogados, mentirosos, psicopatas e ladrões. Hilariante mas terrível, o filme relata a desintegração da sua amizade à medida que se encaminham inevitavelmente para a autodestruição. Só Renton tem a vontade e a força para escapar ao seu destino. Mas quer ele realmente… escolher a vida?
PORQUE É QUE NÃO POSSO PERDER?
Escolhe a vida.
Escolhe os anos 90.
Escolhe a irreverente injeção de adrenalina na coroa de Sua Majestade.
Escolhe a Escócia como o microcosmo do desespero e da autodestruição.
Escolhe uma banda sonora eclética que sorve Joy Division, Iggy Pop, Underworld, Bowie e Reed com igual afeto e reverência na mais doentia efervescência.
Escolhe a heroína em ingestão e a polémica em objeção, os posters nos quartos dos miúdos, as tatuagens nos braços dos graúdos.
Escolhe a profanidade do impiedoso e a eloquência da exuberância.
Escolhe as gargalhadas nas situações indescritíveis e circunstâncias impensáveis sem esquecer as traições imperdoáveis.
Escolhe as contradições, o choque, o horror, o enjoo desnorteado na casa de banho e o último shot que parece sempre o primeiro.
Escolhe a atitude, o estilo e a urgência de uma sensação da cultura pop, da pérola contemporânea de uma juventude perdida e uma sociedade desencontrada.
Escolhe o teu futuro.
Escolhe a vida.
Escolhe Trainspotting.
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UMA FRASE PARA A POSTERIDADE
“Choose Life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suit on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on Sunday morning. Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourselves. Choose your future. Choose life… But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life. I chose somethin’ else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you’ve got heroin?”
PARA FICAR NO OLHO E NO OUVIDO (DA MENTE)