Daisy Jones & The Six © Prime Video

Daisy Jones & The Six, em análise

A 3 de março, a Amazon Prime Video estreou uma das suas mais antecipadas novas produções, em colaboração com a Hello Sunshine de Reese Witherspoon, “Daisy Jones & The Six”. A falsa biografia documental evoca a cena da música Rock dos anos 70, prestando um meritório tributo indireto à carreira dos Fleetwood Mac. 

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“Daisy Jones & The Six”, a nova mini-série da Prime Video, composta por um total de 10 episódios, adapta para o pequeno ecrã o romance bestseller do mesmo nome, assinado por Taylor Jenkins Reid e publicado em 2019. O livro integra uma série não oficial publica pela autora, acerca de figuras míticas fictícias, que existem num universo comum, com personagens a tocarem-se, com tangentes ocasionais, embora as suas histórias sejam individuais.

Escritora de romances, Taylor Jenkins Reid atingiu verdadeiro sucesso com esta sua saga sobre celebridades fictícias, mas tão bem descritas que mais parecem de carne e osso. Temos “The Seven Husbands of Evelyn Hugo” (que será adaptado para um filme na Netflix), “Malibu Raising” ou ainda, no ano passado, “Carrie Soto is Back”. E claro, este “Daisy Jones & The Six”, a história credível e evocativa de uma banda, das suas origens ao seu fim abrupto, passando pelo seu crescimento exponencial e súbito.

Daisy Jones and The Six The Band
A banda de “Daisy Jones and The Six” |©Amazon Prime Video

Entre outras partes da sua história fictícia, este livro, e agora esta série, narram a história do seu primeiro e único album como “Daisy Jones & The Six”, uma obra que em sonoridade e estética em tudo evoca não só os anos 70, mas a música e a história dos Fleetwood Mac. Onde “Daisy Jones & the Six” tiveram o seu icónico “Aurora”, encontramos paralelismos com o álbum mais icónico dos Fleetwood Mac, “Rumours”, uma obra, tal como “Aurora”, influenciada pelas relações de amor e ódio que se estabeleceram entre os membros da banda.

Para grande mérito de Taylor Jenkins Reid, os “The Six”, a quem se juntou a jovem cantora em ascensão, Daisy Jones (Riley Keough), fazem-se parecer de carne e osso, embora nunca tenham existido. Reese Witherspoon apaixonou-se pelo livro e, como é já habitual para a atriz e produtora, decidiu dar-lhe vida. Agora, a 3 de março de 2023, chegaram à Prime Video os primeiros três episódios desta série.

Vimos já a totalidade dos capítulos desta mini-série, e consideramos que esta adaptação mantém, com muito pequenas alterações, exatamente o mesmo espírito do livro, prometendo cumprir a promessa junto da forte legião de fãs dos romances de Taylor Jenkins Reid. A recriação dos anos 70 é meticulosa, e a banda ganha verdadeira vida para lá das páginas dos livros.

As primeiras críticas apontam como crítica o facto de a série e toda a sua narrativa soar bastante familiar, uma história de drogas e Rock’n’Roll semelhante a tantas outras, sem grande espaço para surpresas. Mas se é verdade que esta série, uma adaptação de Scott Neustadter e Michael H. Weber, produzida por Reese Witherspoon, não tem propriamente o ritmo mais empolgante do mundo, demorando a chegar aos seus mais empolgantes, emotivos, e completos episódios finais, também é verdade que a abordagem da série é rara no panorama televisivo.

Riley Keough Daisy
Riley Keough, realeza do Rock por nascimento, é hipnótica como Daisy Jones |©Amazon Prime Video

A história narrada, a história do frontman e frontwoman Daisy Jones (Riley Keough) e Billy Dunne (Sam Claflin) é capaz de dar verdadeira vida a um romance que tinha um conjunto de belas letras escritas, mas as quais careciam de uma melodia, que existia apenas na mente de quem lia. Agora, “Aurora” tem a sua própria sonoridade, e os atores e músicos envolvidos neste projeto não são apenas artistas com um álbum gravado, como paira no ar a promessa de uma tour promocional do álbum.

Como grande vantagem, a realização e argumento da série não exagera no formato documental, não o tornando demasiado cansativo ou disruptivo para a narrativa central que aqui se conta. Por uma ou outra vez lá voltamos. sem que a recorrência nos distraia do que verdadeiramente importa. Além disso, no livro os pontos de vista, fragmentados entre todos os membros da banda, por vezes levavam a uma experiência de leitura menos coesa. Aqui, na versão televisiva, a separação de pontos de vista faz-se de forma mais subtil, agradável e articulada.

Quanto aos intérpretes, poderíamos argumentar que Sam Claflin é um pouco mais velho do que imaginaríamos Billy Dunne no livro, em particular tendo em conta os primeiros episódios, quiçá um pouco demasiado prolongados, em que vemos os “The Six” antes de Daisy Jones se ter juntado à banda. Os seus primeiros tempos retratam uma banda de miúdos acabados de sair do liceu, mas Sam, na segunda metade dos 30, não transpira a juventude que seria recomendável. Em particular se olharmos para a intérprete de Camila Dunne, Camila Morrone, uma jovem de 25 anos nitidamente uma década mais jovem que a sua cara metade no pequeno ecrã.

Camila Morrone Daisy Jones
Camila Morrone e Sam Claflin como uma família dos anos 70 | ©Prime Video

Apesar dessa discrepância, não podemos dizer que haja aqui um erro de casting. Sam Claflin é cativante e convincente como o frontman Billy, sedutor e credível no papel de uma estrela de rock carismática que luta com os seus demónios. Já Camila Morrone, quiçá mais conhecida pelo seu trabalho como modelo, transpira tranquilidade e bem-estar e é a perfeita transcrição da sua personagem na versão literária. Aliás, dificilmente seria possível encontrar uma atriz mais adequada para lhe dar vida.

No que toca ao resto do elenco, se os protagonistas e cantores Billy e Daisy são interpretados por atores sem experiência na música (oh bem, Sam participou em musicais e Riley é neta de Elvis, vamos supor que lhe está no sangue), a restante banda é personificada por músicos. Um bom exemplo será a talentosa música Suki Waterhouse, verdadeiramente perfeita como Karen, a teclista da banda “Daisy Jones & The Six”. Temos também um carinho especial por Simone Jackson, perfeitamente traduzida para o ecrã pela cantora, compositora e atriz brasileira/jamaicana Nabiyah Be.

Com singles cativantes como “Regret Me” ou “Honeycomb”, a música é um elemento essencial e imperdível da série, quiçá mesmo o seu grande trunfo e aquilo que a eleva, do início ao fim. Não só as músicas dos Six ft. Daisy Jones são capazes de tornar esta produção mais especial, como também as músicas da personagem Simone, amiga da vocalista Daisy, ou ainda as muitas músicas da época que vão tocando no fundo.

Daisy Jones and the Six Amazon
A banda, “a vivo” e a cores |©Prime Video

Sem ser inovadora em termos narrativos, “Daisy Jones & The Six” é uma série cativante, que narra a história de uma banda que nunca existiu…até agora, e um amor contagiante e tóxico, mas também inevitável. Sam Caflin e Riley Keough entregam prestações inegáveis como os protagonistas Daisy e Billy e, por muito que não sejam cantores profissionais, sem dúvida que enganam bem, com as suas vozes bem afinadas e sincronizadas.

Sim, não são tão bons como os Fleetwood Mac, mas com contribuições para o álbum “Aurora” de nomes como Blake Mills ou Marcus Mumford, o sucesso musical era garantido. Por isso, e num gesto pouco frequente na televisão, recomendamos que vejam “Daisy Jones & The Six” na Prime Video e oiçam “Aurora”, o melhor subproduto possível, no Spotify.

TRAILER | DAISY JONES & THE SIX JÁ CHEGOU À PRIME VIDEO

 

Daisy Jones & The Six, em análise
Daisy Jones & The Six

Name: Daisy Jones & The Six

Description: Em 1977, os Daisy Jones &The Six estavam no seu apogeu. Liderados por duas forças da natureza, Daisy Jones e Billy Dunne, a banda passou do anonimato à fama. No entanto, após esgotarem um concerto no Soldier Field, em Chicago, separaram-se. Agora, décadas depois, os membros da banda finalmente aceitaram contar a verdade. Esta é a história de como uma banda icónica se separou no auge da carreira.

Author: Maggie Silva

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  • Maggie Silva - 80
80

Conclusão

“Daisy Jones & The Six” pode ser a história de uma banda fictícia, mas a música criada para a televisão é bem real e dá corpo à história criada nas páginas de Taylor Jenkins Reid. Riley Keough encontra-se aqui em estado de graça na pele da personagem titular.

Pros

  • As interpretações de todo o elenco, em particular de Riley Keough, Sam Claflin e Camila Morrone;
  • Não se cede à tentação de tornar o triângulo romântico mais predominante, ocupando o seu legítimo carácter secundário; Camila retém a sua dignidade, em concordância com a versão literária;
  • A música criada e o álbum inteiro que ganhou vida, das páginas de um livro para as plataformas de streaming de música;
  • A recriação dos anos 70;
  • O cuidado com que é tratado o material original.

Cons

  • Alguma falta de ritmo nos episódios introdutórios.
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