Deadpool, em análise

 

Uma aventura obscena, original e orgânica são alguns dos traços que tornam Deadpool um dos filmes mais inovadores e de visualização obrigatória do género de super-heróis.

 

FICHA TÉCNICA

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Título Original: Deadpool
Realizador: Tim Miller
Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein
Género: Acção, Comédia, 
Big Picture Films | 2016 | 108 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 

 

A relutância da 20th Century Fox em dar luz-verde ao projecto Deadpool é um dos temas mais mediáticos dos últimos anos. O guião desenvolvido por Paul Wernick e Rhett Reese está em cima da mesa há anos, no entanto, a falta de confiança na rentabilidade da personagem sempre impediu um investimento concreto. X-Men eram a propriedade de super-heróis que detinham e pareciam satisfeitos com o que já exploravam na mesma, apesar da reacção mista que sempre parecia aparecer a cada lançamento de um novo capítulo. Anos depois, imagens de uma pré-gravação e com a voz de Ryan Reynolds no papel do herói titular vazaram na Internet, e a receptividade e mediatismo recebido pelo pequeno video obrigou os estúdios a finalmente dar uma oportunidade ao “Merc With A Mouth” (uma própria história, a solo e de preferência o mais longe possível do que fizeram em X-Men Origins: Wolverine).

Durante os meses após a confirmação que o filme seria realizado, a Internet foi submersa em pequenos planos de acção de uma ultra-original campanha de marketing. Deadpool, sempre interpretado pelo irreverente Ryan Reynolds, aconselhou os espectadores a “tocarem-se” nas suas partes intimas, assim como utilizou todo o engenho que torna a personagem adorada no mundo aos quadradinhos, com pequenas piadas dirigidas para o público australiano ou mesmo para todos aqueles que procurassem um plano para o Dia dos Namorados. Acima de tudo, a campanha de marketing revelou a paixão que todos sentiam por detrás das câmaras e isso é infectuoso para qualquer fã que segue o desenvolvimento de um projecto (cinematográfico ou não).

deadpool com ryan reynolds e morena baccarin

Deadpool é a história de um antigo membro das Forças Especiais tornado mercenário, Wade Wilson (Ryan Reynolds). Uma aventura de super-heróis claro, mas também uma epopeia amorosa (leia-se amor depravado). entre Wilson e prostituta-tornada-donzela Vanessa Carlysle (Morena Baccarin), que acaba por ser interrompida após Wade descobrir possuir um cancro terminal pelo seu fígado, pulmões, próstata e cérebro. Para não fazer Vanessa passar pela horrível dificuldade de perder alguém que ama, Wade acaba por aceitar uma oferta pouco ortodoxa de uma organização que prometia curá-lo da doença com a beneficio de o fazer desenvolver poderes mutantes que o tornariam um super-herói.

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Antigos pacientes tornados mutantes, Angel Dust (Gina Carano) e Ajax (Ed Skrein) garantem a titularidade de antagonistas na aventura quando revelam a Wilson que o objectivo era torná-lo um super-escravo. Depois de uma longa tortura inumana, os poderes de Deadpool revelam-se de forma horrenda, deixando Wade Wilson completamente desfigurado. Receoso de não ser aceite de volta na vida e no coração de Vanessa com esta nova aparência, Wilson encarrega-se de servir vingança aos catalisadores deste acontecimento, sempre na esperança de recuperar a sua boa aparência.

Deadpool imagem Colossus Negasonic Teenage Warfare

Tim Miller, um relativo novato na cadeira de realizador, conseguiu com sucesso mesclar todas as camadas desta aventura emprestando a comédia e postura de Iron Man e a irreverência de Guardians of The Galaxy para uma só personagem, que para seu crédito é fielmente caracterizada do seu material de origem, conseguindo até satisfazer aqueles fãs mais leais deste anti-herói. Paul Wernick e Rhett Resse merecem também grande parte do crédito pelo argumento entregue. Piadas, referências e meta-comédia não se metem no caminho do contar da história, mas são comuns o suficiente para gerar gargalhadas gerais – especialmente quando a personagem quebra a mítica “quarta parede”. Dado o curto orçamento (que Deadpool não teve problema nenhum em criticar no decorrer do filme), Tim Miller conseguiu entregar cenas de acção entusiasmantes e de ainda explorar os super-poderes das personagens secundárias – incluindo um Colossus totalmente CGI e uma adolescente explosiva.

LÊ MAIS: Deadpool | Sequela no pós-créditos

A estrela do filme e o ponto de destaque acaba mesmo por ser o antigo homem mais sexy do planeta,  Ryan Reynolds. O actor canadiano, mal-amado pelo género de filmes depois de Green Lantern, Blade-Trinity e propriedade própria da FOX, X-Men Origins: Wolverine, conseguiu finalmente encontrar um papel para o qual parece ter nascido. Reynolds é divertido em todas as cenas que a sua cara é revelada, mas é a entrega cómica nas piadas que o separam de qualquer outro que tentasse rivalizar (além de que tem um currículo muito único para gozar consigo próprio). O elenco é todo ele bastante eficiente, seja T.J Miller (de Sillicon Valley) como melhor amigo Weasel a servir como um bom parceiro para carregar as feedlines das mais engenhosas one-liners (pequenas piadas, onde o feedline é o tapete que conta uma história e a punchline é o retirar do tapete que revela um duplo significado) ou então Baccarin como a “não donzela em perigo” que tenta competir com Wade por quem teve a pior vida. Colossus (Stefan Kapicic emprestou a sua voz e Andre Tricoteux o corpo) e Negasonic Teenage Warfare (Brianna Hildebrand) são eles próprios uma adição valiosa, unindo Deadpool ao Universo X-Men e acrescentando uma necessária oposição às não regras do violento anti-herói.

Deadpool Imagem Filme

O estrondoso sucesso de Deadpool nas bilheteiras de todo o mundo garantiu ao filme uma sequela e, possivelmente, uma integração mais completa e dominante do irresponsável herói no universo cinematográfico dos X-Men. A cena pós-créditos é o primeiro tease para o que esperar do segundo capítulo desta saga e, ninguém está mais feliz que os pais deste projecto. Após uma dura batalha para ver o filme chegar aos grandes ecrãs, a recepção positiva, é uma prenda mais que suficiente que demonstra que às vezes a espera realmente compensa.

Deadpool serve também como a prova factual que há espaço para variedade no lotado género de super-heróis e com um material base tão rico e tão completo, é de esperar que os diferentes estúdios ganhem mais confiança nas suas propriedades intelectuais, e com isso, os fãs mais variedade em personagens que apesar de menos conhecidas sejam igualmente complexas e interessantes. Lembrem-se que este é o estúdio que quis lançar um reboot de Fantastic Four, e ironicamente, foi o escolhido pelo povo Deadpool que efectivamente revolucionou o seu universo – por isso a maior lição que se pode retirar é que o povo tem o poder para trazer sucesso, portanto é só abrir um pouco mais os olhos e prestar mais atenção. Gambit será a próxima aposta com Channing Tatum ligado ao papel principal, mas conseguirá a FOX imitar este incrível sucesso?

 

Consulta Também: Guia das Estreias de Cinema | Novembro 2015

MM



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