Dexter: New Blood, primeiras impressões
Depois do final desapontante da série original, “Dexter: New Blood” promete reacender a chama de todos os fãs que ficaram quinze anos à espera de uma explicação. A convite da HBO Portugal, a Magazine.HD teve acesso aos dois primeiros episódios deste revival, será que o mesmo nos dará um desfecho digno para esta personagem?
Dez anos depois dos acontecimentos do último episódio, encontramos Dexter (Michael C. Hall) exatamente no sítio onde o deixámos: na fria e acolhedora cidade de Iron Lake, numa cabine nas montanhas, perto de uma reserva de caça protegida onde todas as manhãs cumpre meticulosamente a rotina que o mantém num aparente equilíbrio. Depois de um pequeno-almoço nutritivo, com easter eggs que nos remetem à mítica introdução da série original, o nosso “ex” serial killer favorito corre, ao som de “The Passenger” de Iggy Pop, pela floresta coberta de neve para encontrar o seu novo objeto de obsessão: em vez do vermelho sangue, um veado branco, que ele observa de longe, admirando a pureza e inocência que de certa forma lhe foram retiradas desde criança.
Nada nesta nova vida de Dexter foi deixado ao acaso e os opostos que foram colocados pela produção indica-nos de forma subtil, que estamos perante uma nova fase da série. Trocaram a blusa castanha, o avental preto e as luvas pretas por uma blusa preta, um macacão castanho e luvas castanhas e até mesmo a quente e húmida cidade de Miami foi substituída pelo frio e a neve de Iron Lake. Tudo, neste spin-off, nos indica que o Passageiro Sombrio foi esquecido e pela primeira vez começamos a perceber uma certa normalidade, escondida por baixo de um novo nome: Jimmy Lindsay. Ainda assim existem coisas que nunca mudam em caminhos que se cruzam e que nos fazem duvidar a cada segundo se Dexter deixou realmente o seu passado e se tornou, em toda a sua forma, nesta nova persona que, deixem-me que vos diga, não lhe assenta nada bem. Todas as manhãs, leva para a loja de acessórios de caça onde trabalha, bolos de canela para o seu único colega e chefe Fred (Michael Cyril Creighton), onde passa o dia rodeado de facas pontiagudas e armas perigosas, encontrando aqui um refúgio e um local onde consegue manter os seus ímpetos perto, mas controlados. Por outro lado, a ligação com a polícia local continua a ser uma constante, não fosse ele namorado da Chefe da Delegacia de Iron Lake, Angela Bishop (Julia Jones), com quem mantém uma relação há alguns anos.
Esta dualidade constante que nos indica que o nosso serial killer favorito já não existe ao mesmo tempo que somos confrontados com indícios de que o Passageiro Sombrio não viu a sua última morada em Miami, faz-nos duvidar da realidade que está perante os nossos olhos e na qual não queremos acreditar, mesmo quando vemos Jimmy a lidar de forma tão natural com todos vizinhos, colegas, amigos, numa descontração total dentro de um ambiente amigável e acolhedor, principalmente para nós, os fãs acérrimos da série, que acreditamos que tudo isto se trata somente de uma fachada. Vimos durante anos o auge e a queda de uma das personagens mais queridas do universo das produções televisivas e a verdade é que ficamos sempre à espera do momento em que ele irá vacilar, desde os primeiros segundos de “Dexter: New Blood”.
Atenção, a partir daqui são revelados pequenos spoilers!
Curiosamente, a sua consciência personificada por Harry (James Remar) foi substituída por Deb (Jennifer Carpenter), que continua inconveniente como sempre, relembrando-o constantemente como todas as regras e rotinas que criou neste local o continuarão a manter a ele e a todos os que ama a salvo, principalmente o filho Harrison (Jack Alcott) e à medida que os episódios se desenrolam temos a certeza de uma coisa: é só uma questão de tempo. E esse tempo parece estar cada vez mais curto quando ele encontra o seu primeiro desafio em forma de pessoa: o inconsequente Matt (Steve M. Robertson), que começa aos poucos, a despertar o lado sombrio que teima em continuar adormecido. Para além disso, temos alguns novos elementos a surgir em cada esquina, como a figura misteriosa que o observa de longe, enquanto descobrimos que curiosamente nesta cidade, desde há alguns anos atrás, várias mulheres desapareceram sem deixar rasto. Deja Vú? Talvez, ou não tivesse sido o mote para todas as temporadas anteriores existir um serial killer ou criminoso à solta e apesar de, de certa forma, já estarmos à espera que a fórmula de sucesso fosse repetida neste spin-off, gostávamos que algo de novo e fresco fosse acrescentado à narrativa.
Sentimento que muda imediatamente quando percebemos que a pessoa que o observava este tempo todo era nada mais nada menos do que Harrison! Uma vez mais os cliffhangers continuam a fazer parte dos episódios e esta nova dinâmica pai-filho é sem sombra de dúvida aquilo que mais entusiasmou. Confesso que os momentos entre os dois foram dos que me deixaram mais arrepiada e sentimental enquanto uma vez mais Dexter percebe que é impossível ter a vida normal com que sempre sonhou. Porquê? Bem, eventualmente Matt decide deixá-lo sem a única coisa que o mantinha neste equilíbrio forçado. O seu novo objeto de obsessão é assassinado diante dos seus olhos e perante o corpo do veado branco que admirava todas as manhãs, surge o novo sangue, fresco, vermelho e com cor de vingança. Num ápice vemos que nada mudou. Afinal, os longos rolos de plástico estavam escondidos numa estufa, juntamente com todos os utensílios que o Passageiro Sombrio conhece tão, tão bem. E na golpada final, percebemos que Jimmy é enterrado para sempre e das suas cinzas renasce Dexter Morgan. Paz à sua alma.
“Dexter: New Blood” estreia amanhã, dia 8 de novembro, na HBO Portugal.
Dexter: New Blood, primeiras impressões
-
Filipa Carvalho - 80
-
Inês Serra - 80
CONCLUSÃO
A premissa para o spin-off é bastante interessante e tenta responder às perguntas que ficaram por fazer na série original. Dexter Morgan continua igual a ele mesmo e nesse aspeto não desaponta, com os cliffhangers a que estamos desde cedo habituados e que nos deixam sempre com vontade de premir o botão “próximo episódio” num ápice. Contudo, a dinâmica de existir sempre um novo criminoso à espreita que se repete há vários anos, torna-se repetitivo e o receio de voltar a ter uma conclusão desapontante adensa-se. A verdade é que bastava esta dualidade entre a persona Jimmy e o velho Dexter juntamente com a nova realidade com o filho Harrison seriam suficientes para nos manter agarrados.
Pros
- O argumento continua a ser um dos seus grandes pontos fortes
- Rever Michael C. Hall no papel de Dexter é um deleite para todos os fãs (e não só), continuando exímio naquilo que faz de melhor
- As novas personagens encaixam bem na realidade de Iron Lake e as interpretações são convincentes
- Os cliffhangers continuam presentes e deixam-nos sempre com vontade de ver o próximo episódio
- As ligações subtis à série original que vão surgindo
Cons
- O facto de termos novamente mais um serial killer à solta torna-se repetitivo e o perigo de ter mais um final desapontante fica à espreita