"Maria" © Pablo Larraín

Festival de Veneza 2024 | Em Maria, Angelina Jolie revela os segredos de Callas

Angelina Jolie é extraordinária na sua interpretação de “Maria” (Callas) neste retrato do chileno Pablo Larraín sobre a maior cantora de ópera de todos os tempos. O primeiro filme a concurso da competição do Festival de Veneza 81, conta a história dos seus últimos dias, revividos e reimaginados e sobretudo muito sentidos pela grande estrela norte-americana.

O cineasta chileno Pablo Larraín continua a realizar a sua galeria de retratos de grandes ícones femininos do século XX: depois de Jacqueline Kennedy (“Jackie“, 2006), e Diana Spencer (“Spencer“, 2021), foi a vez da famosa cantora de ópera Maria Callas.

Tal como aconteceu com Jackie Kennedy, interpretada por Natalie Portman, e Diana Spencer, por Kristen Stewart, Larraín escolheu novamente uma das atrizes mais conhecidas do mundo para interpretar Maria Callas: Angelina Jolie.

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“Senti um grande privilégio por conhecer esta mulher e poder estar dentro da sua pele por momentos. Realmente preocupei-me profundamente com ela”, disse Jolie algumas horas antes da estreia mundial do filme ontem no Lido. “Acho que vou carregá-la comigo para toda a vida, como se fosse uma amiga”.

Se as mencionadas prestações valeram às duas atrizes nomeações para os Óscares, esta fabulosa interpretação de “Maria”, torna desde já Jolie — que dobra em play back e expressa-se como Callas na perfeição — uma forte candidata a ganhar a sua primeira estatueta como atriz principal. Isto, 25 anos depois de ter ganho Óscar de Melhor Atriz Secundária por “Vida Interrompida” (1999).

Uma diva serena no Festival de Veneza

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© Pablo Larraín

Maria Callas, a maior cantora de ópera de todos os tempos, teve, sem dúvida, tal como as outras figuras da arte e entretenimento, uma vida única, bela mas bastante atormentada. Porém neste “Maria” — muito à custa de um excesso de auto-medicação — ou na visão de Larraín, Callas viveu apesar dos seus sonhos, com alguma serenidade e um certo conformismo, o afastamento dos palcos, os seus últimos dias em Paris, onde veio a falecer aos 57 anos, de síncope cardíaca, em duas sequências que cena que abre e fecha o filme.

Apesar da sua debilidade, Callas não morreu sozinha, como muitas das ‘estrelas’ do século XX (Marilyn Monroe, por exemplo), porque foi sempre muito apoiada e mimada pelo se mordomo Ferruccio (Pierfrancesco Favino), e a pela criada (Alba Rohrwacher). E é este estreito relacionamento, apesar do exílio forçado da cantora, que é destacado, com grande sensibilidade no filme.

De qualquer modo, embora “Maria”, se concentre no último período da vida da “Diva”, a história — que muitos já conhecemos — bastante rico em várias reconstituições da época — com a utilização de filmagens granuladas em super 8, sequências filmadas em pleno Scala de Milão ou cenas com Onassis (Haluk Bilginer); e também outras lembranças e referências da cantora, como uma longa entrevista — em que se expõe como nunca — que dá a um jornalista francês, que pretende fazer um documentário sobre a sua vida e que acaba por se apaixonar por ela, como acontece com todas as heroínas trágicas da ópera.


Intimidade e distanciamento em “Maria”

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© Pablo Larraín

Larraín disse estar muito feliz por unir duas das suas maiores paixões: o cinema e a ópera, neste “Maria” e são esses momentos íntimos que consegue transmitir com objectividade e distanciamento os últimos dias de Callas, num filme que tal como os anteriores, para as outras actrizes, este também é todo feito e escrito à medida de Angelina Jolie.

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Por isso é de destacar também o regresso de Steven Knight (“Peaky Blinders“) como argumentista de cinema. Esta é a sua segunda colaboração com Larraín, depois de “Spencer”. Porém esta história de Maria Callas parece ter ainda mais condimentos para apoiar a realização intimista e introspetiva de Larraín.

A juntar-se a Angelina Jolie, Pierfrancesco Favino e Alba Rohrwacher, estão ainda Valeria Golino — no papel de irmã de Callas — e outros notáveis atores como Kodi Smit-McPhee e Haluk Bilginer, este que já interpretou várias vezes Aristoteles Onassis, o magnata grego da navegação e amante violento de Callas, cujo coração quebrará ao casar-se com Jacqueline Kennedy.


O encontro entre Angelina e Brad

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©Vahan Stepanyan via ShutterStock (ID: 180321413)

No meio das conhecidos conflitos judiciais entre os dois, há aqueles que especulam ou melhor que têm ficcionado um possível encontro fantasma Pitt-Jolie, tema que tem inflamado os mexericos e os mistérios da Laguna e da La Sereníssima.

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Porém, a coisa é bastante mais prática, pois Alberto Barbera, o diretor-artístico do Festival já esclareceu este assunto, admitindo que foi um desafio trocarem-lhe as voltas: Barbera explicou de facto que as presenças de Angelina Jolie e Brad Pitt foram espaçadas e portanto não vão encontrar-se de certeza, garantindo que a atriz, após a apresentação de “Maria”, ontem dia 29 de agosto, segue com o realizador Pablo Larraín para uma nova estreia em outro festival internacional. Quanto ao ex-marido Pitt, só chegará ao Festival de Veneza no sábado dia 31, para a estreia de “Lobos Solitários” (“Wolfs”) de John Watts (fora da competição), num regresso ao lado de George Clooney.

O Festival de Veneza continua a deixar as suas surpresas.



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