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Festival de Veneza 2024: Em “Beetlejuice, Beetlejuice”, os fantasmas divertem-se, enquanto os vivos se matam

 

“Beetlejuice, Beetlejuice”, de Tim Burton, a sequela de “Beetlejuice – Os Fantasmas Divertem-se” (1988) é filme de abertura (fora da competição) do 81º Festival de Veneza que abre hoje, 28 de Agosto e vai até 7 de Setembro. Mas hoje foi o dia de libertar fantasmas…

As cartas começam hoje a ser lançadas nos grandes ecrãs, do Lido e do 81º Festival de Veneza com a abertura e a estreia mundial de “Beetlejuice, Beetlejuice”, o novo filme de Tim Burton.

Contudo ainda a feijões, já que o filme será exibido fora da competição. Portanto não será candidato ao Leão de Ouro, mas é pena, pois a ver pela projecção de imprensa desta manhã, o festival será um extraordinária rampa de lançamento para uma comédia como já não se via há muito tempo. ‘Estou entusiasmado e significa muito para mim ter a estreia mundial deste filme no Festival de Veneza’, disse Tim Burton.

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Foi em 1993 que a fantasia musical “O Estranho Mundo de Jack” chegou ao Lido quando o realizador Gillo Pontecorvo, dirigia a Mostra; em 2004, Marco Müller, o então director artístico da Mostra selecionou “Noiva Cadáver”. Ambos os filmes realizados em animação stop-motion, foram o prelúdio de um Leão de Ouro de Carreira em 2007, quando Burton tinha 49 anos.  Era então um dos ‘meninos-bonitos’ de Hollywood, até lhe cair no colo Batman e depois vir por ai abaixo. Aos 66 anos Tim Burton tem o privilégio de abrir o 81º Festival de Veneza com a sequela de um filme que realizou aos 30 anos. Mas nunca ganhou um Leão de Ouro com um filme a concurso.


Um grande regresso de Burton

Beetlejuice Beetlejuice Michael Keaton
Beetlejuice Beetlejuice © 2024 Warner Bros. Ent. All Rights Reserved.

“Beetlejuice, Beetlejuice” marca de facto o regresso de algumas das personagens mais icónicas do cinema de Tim Burton. Trata-se da continuação 36 anos depois de “Beetlejuice – Os Fantasmas Divertem-se” (1988) — não é essencial, mas fica-se a perceber mais coisas se puderem revê-lo.

Este filme conta a história de Adam e Barbara que se descobrem como um casal de fantasmas, depois do um acidente mortal de que foram vítimas e que contratam o exorcista Beetlejuice (Michel Keaton) para expulsar da sua casa, a problemática família Deetz, de Nova Iorque, que entretanto se tornaram os proprietários. A única que sabe o que se passa é a filha dos sucessores, a sombria Lydia, (Winona Ryder), tanto naquela época como agora.

Em “Beetlejuice, Beetlejuice” uma morte volta a unir a família Deetz, reunindo três gerações na antiga casa de Winter River. Em todos estes anos, Lydia nunca foi abandonada por Beetlejuice e a sua filha Astrid, (Jenna Ortega), uma adolescente rebelde que herdou o carácter sombrio da mãe, depressa saberá do que o aborrecido falecido é capaz.

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Porém, ainda assombrada por Beetlejuice, a vida de Lydia fica de pernas para o ar, quando Astrid, descobre a misteriosa maqueta da cidade no sótão e o portal para a vida após a morte que é acidentalmente aberto.

Com problemas a surgir em ambos os reinos, é apenas uma questão de tempo até que alguém diga o nome de Beetlejuice três vezes e esse demónio travesso regresse, para desencadear a sua própria marca de caos. Tudo simplesmente divertido e genial, realizado a um ritmo alucinante e muito divertido!


À procura do prestígio perdido

Beetlejuice Michael Keaton
Beetlejuice ©1988 Warner Bros. Entertainment

Embora já não granjeie do prestígio que alcançou em tempos “Beetlejuice, Beetlejuice”, é sem dúvida um surpreendente ‘came back’ de Tim Burton, neste Festival de Veneza. O realizador, consegue fazer regressar Winona Ryder e Michael Keaton, juntando ao elenco a sua actual companheira Monica Belluci — o homem não se trata nada mal! —, que interpreta a sensual falecida Delores, uma antiga paixão do espírito traquina Beetlejuice.

Além destes ainda Catherine O’Hara, Justin Theroux, Willem Dafoe — depois de “Pobres Criaturas”, continua gótico — e também Danny DeVitto, que protagoniza uma das cenas mais bem conseguidas e hilariantes do filme, ao ritmo de “Tragedy”, dos Bee Gees.

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Atenção à banda sonora dos anos 70, que complementa a sempre extraordinária pauta musical do habitual Danny Elfman. Uma passadeira vermelha absolutamente excepcional mas também um bom filme “Beetlejuice, Beetlejuice”, que vem mais uma vez confirmar o talento visionário e a mestria criativa de um dos mais fascinantes realizadores do nosso tempo.


No limbo com “Nonostante” no Festival de Veneza

Valerio Mastandrea festival de veneza
Valerio Mastandrea © Photo-Video Lab via Shutterstock, ID 2457829153

Não foi de certeza coincidência a secção Orizzonti do Festival de Veneza, abrir com “Nonostante”, dirigido pelo famoso actor e realizador italiano Valerio Mastandrea — que homenageia o seu pai, entretanto falecido — também numa espécie de filme de fantasmas que curiosamente dialoga à séria com “Beetlejuice, Beetlejuice”. E mais não digo para não revelar tudo e o essencial do filme, que vagueia naquele limbo entre a vida e a morte e é ao mesmo tempo uma bela e nostálgica história de amor.

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O protagonista sem nome é um paciente que está há muito tempo hospitalizado e que encontra na rotina hospitalar, uma zona de conforto pessoal, onde a resignação e a apatia se transformam em liberdade. A chegada de uma nova paciente a um quarto vizinho, acaba por perturbar o seu delicado equilíbrio confrontando-o mais uma vez com a sua própria realidade. Ela, na verdade, desafia-o a querer viver ou morrer, nos seus próprios termos.

O protagonista fica assim acometido de uma sede de vida, contagiado pela força desesperada dessa mulher, por quem acaba por se apaixonar. “Esta é uma história que há muito é só minha e que, espero, se torne de todos:” com estas palavras, Valerio Mastandrea apresenta o seu segundo trabalho como realizador depois de “Ride” (2018), um filme que venceu o Nastro d’Argento para Melhor Filme de estreia. Ator – vencedor de quatro prémios David di Donatello, pelas suas interpretações – além de realizador e produtor, Mastandrea demonstra uma invulgar consistência criativa e de género. Um filme a ter em conta.

E assim vai correndo o Festival de Veneza! Continua a acompanhar aqui na MHD.




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