Fontaines D.C. estreiam-se com Dogrel
Os Fontaines D.C., uma das nossas novas bandas favoritas, anunciaram finalmente o lançamento do primeiro álbum, Dogrel. Ao som de “Big”, o tema de abertura.
O quinteto dublinense de pós-punk e rock de garagem Fontaines D.C. tem estado sob o olho atento da crítica. Esta não podia deixar de reparar no carácter vibrante e atitude de desafio manifestados nos vários singles lançados o ano passado, que a energia feroz dos espetáculos ao vivo só tem confirmado. “Too Real”, em particular, foi seleccionada para entrar na lista B da BBC 6 Music por Steve Lamacq, que a qualificou de “poética e poderosa”, e foi também incluída, pela Stereogum, na sua lista das cinco melhores canções da semana.
Cinco destes singles integrarão o álbum de estreia, Dogrel, cujo lançamento, via Partisan Records/PIAS, está agendado para 12 de abril. “Too Real”, “Hurricane Laughter”, “Chequeless Reckless” e “Boys In The Better Land” são exercícios exímios de energia pós-punk, liderados pela presença impositiva de Grian Chatten, com uma performance vocal capaz de trazer vida nova a Mark E. Smith e um rosto de impassível abandono a lembrar um Ian Curtis não alienado. A julgar por uma faixa melódica e dançável como “Liberty Belle” ou pelos lados B destes singles que não foram incluídos (“The Cuckoo Is A-Callin’” está bem mais próxima do twee pop dos Beat Happening do que do pós-punk dos Fall), é possível esperar faixas que suavizarão as arestas combativas, revelando lados menos sarcásticos da personalidade da banda.
Os Fontaines D.C. explicaram, numa entrevista à Stereogum, a razão de ser do título “Dogrel”. Vem de uma forma de poesia, em tempos popular na Irlanda, intitulada doggerel, algo grotesca, proletária e normalmente desprezada pela academia e crítica estabelecida. Referencia assim uma fusão que os Fontaines D.C. estão a tentar realizar na sua música entre as influências literárias eruditas e a informalidade da conversa dos pubs dublinenses: “Há tanta poesia inata nos coloquialismos das pessoas na Irlanda. Não é preciso lutar para falar poeticamente se se está a falar no calão de Dublin, sabes? É impossível conviver com isso e não o deitar cá para fora.”
O anúncio de lançamento do álbum veio acompanhado da divulgação do seu tema de abertura, “Big”, que constitui uma curta mas incisiva declaração de intenções. No contexto de um instrumental energético e monocórdico, com os insistentes pratos de choque a soar como um alarme, Grian Chatten apregoa uma Dublin pejada de possibilidades, cuja chuva lhe pertence, e promete crescer, aumentar: “My childhood was small/ But I’m gonna be big!” Um conhecimento mais aprofundado da banda basta, contudo, para perceber que os Fontaines D.C. só podem ver com desconfiança, e até repugnância, este género de lugares-comuns subjugadores, prenhes de inchada autoconfiança.
O vídeo, realizado por Molly Keane, mostra uma criança a caminhar por Moore Street, em Dublin, bem segura de si enquanto pronuncia os versos ao som da voz de Grian Chatten. “Pareceu-nos que a grande ambição é uma doença,” disseram os Fontaines D.C., “e conseguimos que o vizinho de 11 anos do Grian o dissesse a todos, porque tem a presença de cem líderes.” Podes ouvi-lo abaixo a dizer-to a ti também, bem como conferir o alinhamento de Dogrel e a energia dos espectáculos ao vivo dos Fontaines D.C. numa performance na KEXP de várias das faixas já lançadas do álbum.
FONTAINES D.C., DOGREL | “BIG”
FONTAINES D.C., DOGREL | Alinhamento
- “Big”
- “Sha Sha Sha”
- “Too Real”
- “Television Screen”
- “Hurricane Laughter”
- “Roy’s Tune”
- “The Lotts”
- “Chequeless Reckless”
- “Liberty Belle”
- “Boys In The Better Land”
- “Dublin City Sky”