Fontaines D.C. (foto de Richard Dumas)

Fontaines D.C. já de volta com A Hero’s Death

A banda irlandesa abre ferozmente a nova década com “A Hero’s Death”, o single inaugural do novo álbum. Os Fontaines D.C. mal chegaram e já cá estão de novo.

Quem nos acompanha sabe bem o fervor com que seguimos, desde já há algum tempo, estes irlandeses letrados, de língua comprida e guitarras sob rédea curta. A tensão pós-punk da sua sonoridade e a narrativa poética que a atravessa, libertada em descargas elétricas pela voz de Grian Chatten, conquistou-nos assim que ouvimos a “Too Real”, ainda em Novembro de 2018. Não admira, por isso, que Dogrel, o álbum de estreia dos Fontaines D.C., tenha acabado no pódio da nossa lista de melhores álbuns de 2019.

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E agora, a alegrar estes tempos de quarentena e adiamento de álbuns, chega-nos a notícia de que o sucessor, A Hero’s Death, virá ainda este ano, no dia 31 de Julho, por meio da Partisan Records. Já em Junho do ano passado, numa entrevista à MHD, o guitarrista Conor Curly nos revelara que a banda estava a idealizar o novo registo e que deveriam atirar-se a ele durante o verão. Pelos vistos, não estava a brincar e aqui estamos, alguns meses depois, a divulgar o single de avanço do novo disco.

Aos Fontaines D.C. não falta ecletismo e, contrariamente à preguiçosa rotulação de “pós-punk”, são muitos os registos entre os quais a banda oscila. A nova canção, que dá título ao álbum, cai no lugar do espectro ocupado por faixas como “Big” ou “Too Real”, com Chatten a cuspir, desapaixonada mas agressivamente, um tecido de slogans. A sua repetição, cada vez mais tensa e acelerada, vai esvaziando-os (ou revelando a sua falta) de sentido, até os obrigar, ironicamente, a dizer o contrário do que apregoam. Tudo ao som de uma banda cuja dinâmica bem encadeada e apertada leva a bom porto as correntes de energia que atravessam a voz e os instrumentos.

Fontaines DC - Capa de A Hero's Death
Capa de A Hero’s Death

Sobre o single, disse Chatten o seguinte: “A canção é uma lista de regras, de princípios para o eu – felicidade prescrita que pode, muitas vezes, pender por um fio. É ostensivamente uma mensagem positiva, mas com a repetição vêm sentidos diversos, é o que acontece aos mantras quando os testamos uma vez atrás da outra. Vai havendo uma oscilação entre a sinceridade e a falta de sinceridade à medida que a canção progride e pode-se ver isso também no videoclipe. É por isso que há muita mudança de escala maior para escala menor. A ideia veio de uma data de publicidade que andava a ver – a natureza repetitiva destas mensagens edificantes, que vão adquirindo um tom surreal e assustador quanto mais se olha para elas. O título veio de uma frase de uma peça de Brendan Behan, e escrevi a letra numa altura em que me sentia consumido pela necessidade de escrever qualquer outra coisa para aliviar o medo de nunca conseguir criar um sucessor para o Dogrel. Mas, de modo mais lato, é sobre a luta entre a felicidade e a depressão, e os problemas de confiança que surgem entrelaçados a ambos os sentimentos.”

O single “A Hero’s Death” vem acompanhado de um vídeo de Hugh Mulhern, que me lembra bastante as curtas metragens dos Girl Band realizadas por Bob Gallagher. A protagonizar a espiral de loucura que se pode esconder no quotidiano repetitivo temos Aidan Gillen, o conterrâneo irlandês que nos habituámos a ver em The Wire e Game of Thrones.

FONTAINES DC | “A HERO’S DEATH”

FONTAINES D.C., A HERO’S DEATH | Alinhamento

  1. “I Don’t Belong”
  2. “Love Is The Main Thing”
  3. “Televised Mind”
  4. “A Lucid Dream”
  5. “You Said”
  6. “Oh Such A Spring”
  7. “A Hero’s Death”
  8. “Living In America”
  9. “I Was Not Born”
  10. “Sunny”
  11. “No”

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