Ginny & Georgia © Netflix 2022

Ginny e Georgia, temporada 2 em análise

“Ginny e Georgia”, a série descrita como uma combinação entre “Gilmore Girls” e “Donas de Casa Desesperadas”, estreou a sua segunda temporada logo a 5 de janeiro de 2023, na Netflix, e tem-se mantido como um dos conteúdos mais vistos desde então. Merece o alarido? 

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Quase um mês depois da sua segunda temporada estrear na Netflix, “Ginny & Georgia” continua a ser a sétima série mais pesquisada em todo o IMDB (a 30 de janeiro) e, em geral, um dos conteúdos mais bem-sucedidos da plataforma. Tal simboliza uma definitiva nova direção do gigante do streaming, no sentido de criar mais conteúdo telenovelesco e melodramático.

Sim, “Ginny e Georgia”, a história de uma família com muitos segredos no baú, pode ser vista como uma história sobre adolescentes, uma narrativa sobre crescimento pessoal, uma história familiar, ou até uma narrativa de suspense. Mas, no seu âmago, com as suas reviravoltas dramáticas e os seus enredos exagerados, há que convir que este sucesso Netflix se pauta, acima de tudo, pela sua afinidade aos plots novelescos – tal como outras séries, como por exemplo as de Marc Cherry, já fizeram no passado.

Brianne Howey como Georgia
Brianne Howey como Georgia é a alma desta série |©Netflix

Aqui, a bela Georgia (Brianne Howey), que roça por vezes a femme fatale,  é uma mãe muito jovem, no início da casa dos 30, mas já com um filho de 11 anos e uma adolescente. O seu passado conturbado, criada num lar instável e com muita violência doméstica à mistura, bem como as suas ligações a um gangue ainda na juventude, fizeram com que Georgia se tornasse bastante implacável, sempre pronta para fazer seja o que for pela sua família.

Depois de engravidar na adolescência, de um simpático fotógrafo que não fica tempo suficiente por perto, Georgia tem Ginny (Antonia Gentry, uma atriz uns meros 8 anos mais nova do que Howey, que desempenha a sua mãe) e passa alguns momentos bastante difíceis, os quais vamos descobrindo, ao longo das primeiras duas temporadas, através de inúmeros e longos flashbacks da juventude de Georgia.

Passados muitos anos, Georgia conseguiu, essencialmente através de casar bem, ultrapassar o seu estatuto de classe baixa e comprar casa num bairro com o qual sempre sonhou. Agora é uma dona de casa “como qualquer outra”, a viver com os seus dois filhos numa grande casa, junto a vizinhos ricos e com problemas de primeiro mundo, centrados em vendas de bolos na escola. Claro que Georgia acaba por não conseguir encaixar neste mundo a 100%, o que cria situações alarmantes e frequentemente engraçadas.

Ginny e Georgia Segunda temporada em análise
Antonia Gentry e Brianne Howey dão vida a uma relação conturbada entre mãe e filha |©Netflix

Na segunda temporada de “Ginny e Georgia”, o passado aproxima-se cada vez mais de Georgia, uma personagem que enche o ecrã e pela qual, não obstante os homicídios que possa ter cometido, nos faz sempre, mas sempre, torcer por ela. O melodrama é forte na segunda temporada da série, e Ginny por vezes torna-se quase insuportável, em toda a glória do seu drama adolescente.

Não obstante, onde “Ginny e Georgia” consegue ser estapafúrdio e hiperbólico, quase a roçar a falta de lógica, eis que também tem momentos de redenção. Temas como a ansiedade e a depressão são tratados de forma nobre, recorrente, e não exagerada. Quando tenta ser sério, a verdade é que este conteúdo acaba por conseguir, o que é extraordinário, tendo em conta o quão disparatado é o enredo geral.

Por outro lado, embora muitos dos dramas de Ginny surjam depois de descobrir o passado da mãe, por não conseguir lidar com ele, também se apresentam questões existenciais menos superficiais – o facto de Ginny ser mulata, com uma mãe branca e um pai negro, cria uma perpétua sensação de não pertença, a qual é abordada de forma interessante, embora durante um discussão com um amigo asiático, Ginny atire com alguns termos que podem eventualmente ferir as suscetibilidades de quem vê. Ainda assim, existe uma abertura grande que é de louvar, em particular se considerarmos que este é um conteúdo mais virado para jovens adultos e que, por isso, merece tal abertura.

Ginny e Georgia T2
Antonia Gentry como Ginny, Nathan Mitchell como Zion, Diesel La Torraca como Austin |©Netflix

“Ginny e Georgia” é kitsch, repleto de humor negro, mas também povoado por uma escuridão bastante interessante e que se alastrou da primeira para a segunda temporada. Do ponto de vista tonal, a série tem saltos incríveis, da gargalhada à lágrima, do leve para o sombrio. Não obstante, não deixa de resultar enquanto experiência de visualização.

Apesar da sua absurda narrativa, “Ginny & Georgia” é uma série que se pauta pela sua diversidade racial e cultural, bem como pela sua preocupação em abordar um conjunto de temas pertinentes atualmente – especialmente junto de uma paisagem referente à vivência dos adolescentes modernos.

Um êxito modesto mas bastante estável para a Netflix, “Ginny e Georgia” entrou em altas em 2023, e deixou-nos com uma reviravolta estrondosa no final da sua segunda temporada. Felizmente, o terceiro ano foi já confirmado!

TRAILER | A SEGUNDA TEMPORADA DE GINNY E GEORGIA ESTÁ DISPONÍVEL NA NETFLIX

Ginny e Georgia T2, em análise
Poster Ginny Georgia

Name: Ginny e Georgia

Description: Como pode uma pessoa viver com o conhecimento de que a mãe é uma assassina? É isso que Ginny vai ter de descobrir. Agora que carrega o fardo de saber que o padrasto não morreu de causas naturais, Ginny tem de lidar com o facto de que Georgia, a mãe, não só o matou, como o fez para a proteger. Já Georgia preferiria que fossem tudo águas passadas, até porque tem um casamento para planear. Mas o seu passado tem tendência a não ficar enterrado...

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  • Maggie Silva - 80
80

CONCLUSÃO

“Ginny e Georgia” apresenta, na sua segunda temporada, uma história ainda mais tresloucada e excessiva, ao mesmo tempo que começa a apresentar um tom mais sombrio e a aprofundar temáticas mais sérias. Esta dissociação parece quase demais para 10 episódios, mas a verdade é que, para lá do melodrama, a série nunca deixa de entreter. Certo, “Ginny e Georgia” não é uma boa série, mas é um bom guilty pleasure.

Pros

  • A força da natureza que é Georgia, uma personagem cativante a cada passo que dá;
  • As reviravoltas que permitem manter o interesse;
  • Convenhamos, como conteúdo predominantemente orientado para um público feminino, “Ginny & Georgia” tem “eye candy” masculino muito interessante, na forma dos interesses românticos de Georgia e Ginny;
  • O aprofundar de temáticas sérias e complexas.

Cons

  • A excessiva revolta de Ginny, que se consegue tornar cansativa;
  • A forma como o melodrama toma, por vezes, conta da narrativa e como a comédia negra se viu reduzida nesta segunda temporada.
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