© Paramount Pictures (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Gladiador 2 | Ridley Scott conquista as audiências, mas é derrotado pelos historiadores

Quando se trata de “Gladiador 2”, a realidade histórica é, curiosamente, tão interessante quanto a ficção. Mas até que ponto a fantasia pode ultrapassar os limites do verídico sem comprometer a autenticidade da narrativa?

Sumário:

  • “Gladiador 2” mistura a história com fantasia, trazendo à tona debates sobre autenticidade versus entretenimento;
  • A historiadora Estelle Paranque questiona liberdades criativas, como a presença de tubarões no Coliseu, que ultrapassam os limites do plausível;
  • Para Paranque, a história de Roma é fascinante o suficiente sem exageros, sugerindo que a ficção histórica respeite fatos para evitar perpetuar mitos.
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Estelle Paranque, historiadora associada da Universidade Northeastern em Londres, ficou perplexa ao assistir o trailer de “Gladiador 2”, a aguardada sequela do aclamado drama de Ridley Scott sobre a Roma Antiga. A presença de tubarões no Coliseu romano, entre outras liberdades criativas, deixou-a a questionar se a linha entre fato e ficção deveria ser mais bem definida neste filme. Afinal, a história, por si só, já é suficientemente fascinante, sem a necessidade de exageros.

Entre o verdadeiro e o imaginário em Gladiador

Gladiator 2
© Paramount Pictures

Apesar das críticas, Paranque reconhece, , que “Gladiador 2” tem no seu núcleo elementos verdadeiramente históricos. Os imperadores Caracala e Geta, bem como Macrinus, interpretado por Denzel Washington, foram figuras reais da Antiguidade Romana. Até mesmo aspetos da ação gladiatória, como as recriações de batalhas navais no Coliseu, têm fundamento nos registros históricos.

Entretanto, é quando a ficção extrapola os limites do plausível que a historiadora levanta suas preocupações. A presença de guerreiros montados em rinocerontes e a infusão de tubarões nas águas do Coliseu são exemplos flagrantes de liberdades criativas que, segundo Paranque, não são necessárias para contar uma história cativante sobre gladiadores.

“Uma absoluta m*rda de Hollywood,” critica a Dr.ª Shadi Bartsch numa entrevista à Hollywood Reporter, uma professora de clássicos na Universidade de Chicago, com diplomas de Princeton, Harvard e UC Berkeley, além de vários livros escritos sobre Roma Antiga. “Não acho que os romanos soubessem o que era um tubarão, sequer.”

Ridley Scott, historiadores e a liberdade criativa

Denzel Washington Gladiador 2
© 2024 Paramount Pictures

Paranque ressalta que não há problema em os cineastas tomarem liberdades com a história. Afinal, a ficção histórica oferece a oportunidade de trazer humanidade e emoção aos eventos do passado. Contudo, ela acredita que existe um limite entre a ficção que respeita os fatos e aquela que perpetua mitos e distorções sobre a história, especialmente no que diz respeito à Roma Antiga, que já se transformou numa espécie de mito no Ocidente. Um mito que “Gladiador 2” continua a perpetuar.

“Se fazes ficção histórica, há a palavra ‘história’ incluída no termo, e isto devia ser, no mínimo, respeitado”, afirma Paranque. “Não há problema em inventar coisas e especular, mas quando é apenas para nos dar os mesmos velhos [mitos], não há espaço para isso.”

Paranque deixa claro que a história em si já é suficientemente cativante e não precisa ser exagerada ou distorcida para atrair o público. Para aqueles que estão ansiosos pelo lançamento de “Gladiador 2”, revisitar o clássico “Gladiador” no Prime Video pode ser uma excelente preparação. Além de reviver a icônica performance de Russell Crowe como Maximus, é uma oportunidade de observar os elementos históricos e talvez até tentar identificar as licenças artísticas tomadas pelo filme. Desafia-te a reconhecer os erros históricos e a perceber como eles afetam a visão da Roma Antiga que temos hoje.

Afinal, será que Ridley Scott conseguirá conquistar os corações dos amantes da história romana? Partilha a tua opinião nos comentários!



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2 thoughts on “Gladiador 2 | Ridley Scott conquista as audiências, mas é derrotado pelos historiadores

  • Se quer e sequer, são coisas diferentes. Se quer, é o ato de a pessoa escolher querer ou não algo. Já Sequer, pode ser entendido como quanto mais não seja.

  • Quando pago para ir ao cinema assistir a um filme, espero ver um boa história e ação… Se quiser ver documentários históricos vejo em casa no canal História!!!

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