Ivandoe | À conversa com os criadores da nova série Cartoon Network

Christian Bøving-Andersen e Eva Lee Wallberg apresentam Ivandoe, um pequeno (e valente) veado que só quer encontrar a poderosa Pena Dourada. Pelo caminho encontrará aliados, inimigos, e muitos desafios que o colocarão à prova fora das muralhas do castelo onde sempre viveu. Mas “O Destemido Príncipe Ivandoe” não vai baixar os braços e é a nova animação do Cartoon Network que promete fazer as delícias dos mais pequenos (e até dos graúdos).

“O Destemido Príncipe Ivandoe“, no título original “The Heroic Quest of The Valiant Prince Ivandoe”, é uma produção da Hanna-Barbera Studios Europe e uma das grandes novidades da temporada. Com estreia marcada para 13 de maio, em exclusivo no Cartoon Network, a série animada centrada em Ivandoe é uma heróica cruzada onde cinco reinos co-existem, um corajoso príncipe inicia uma perigosa jornada e épicas aventuras se começam a contar.

À primeira vista, quando vemos esta divertida série, temos pequenos vislumbres de “Gumball”, uma das séries mais icónicas do canal infantil, e não é por acaso. Afinal de contas, Ivandoe surge das mentes dos animadores Christian Bøving-Andersen e Eva Lee Wallberg, uma dupla que trabalhou no Fantástico Mundo de Gumball. Nenhum deles é estranho ao trabalho destes estúdios, mas esta é efetivamente a sua primeira criação. Deles veio não só o trabalho visual mas também a história e criação de um vasto universo que tem muito por onde se explorar.

As referências à cultura popular, essas, são mais que muitas, e tudo começa pela sinopse oficial da série:

O Destemido Príncipe Ivandoe inicia no Cartoon Network a sua heroica cruzada até à Montanha da Águia, em busca da lendária Pena Dourada. Atravessando cinco perigosos reinos, o jovem príncipe embarca na mais épica das aventuras, a mais arriscada, a mais surpreendente, a mais… divertida! Porque cada passo dado por Ivandoe rumo à conquista do seu objetivo está repleto de situações disparatadas que põem à prova a sua coragem e a sua capacidade para resolver conflitos. Na sua arriscada e espetacular travessia, ele é acompanhado pelo fiel escudeiro Bert, um pássaro adorável e inteligente que tenta resgatar o príncipe de todos os sarilhos em que ele se vê envolvido. É que, apesar de Ivandoe se achar um jovem heroico, inteligente e bem-parecido, cada situação põe a descoberto a sua verdadeira natureza cobarde e desajeitada.

Lembra-vos algo? A nós remete logo para histórias de Rei Artur, tempos medievais e até Robin Hood, e os criadores, Bøving-Andersen e Lee Wallberg confirmaram as nossas suspeitas. Há todo um leque de inspiração para a criação de Ivandoe e que irá ressoar por gerações.

Com tudo isto em mente, e antevendo que será uma das séries favoritas dos pequenos, a Magazine.HD não resistiu ao convite de falar com os criadores para saber um pouco mais dos bastidores desta animação. Uma conversa que chegou até Copenhaga, Dinamarca, mas que fluiu com toda a magia envolvida em criar um projeto de raiz e para crianças, convidamos-te também a entrar nela. Acompanha-nos e descobre mais “O Destemido Príncipe Ivandoe” e os bastidores.

MHD: Ivandoe lembra-nos, de certo modo, de “Ivanhoe”, uma conhecida obra de 1820, mas que não diríamos ser para crianças. Escolheram realmente esta história como inspiração, tornando-a mais apropriados para as crianças?

CBA: Bem, não é realmente baseado na história “Ivanhoe” mas sim inspirado em diferentes contos de fadas e contos clássicos dessa era. Como o “Robin Hood”. Nós olhámos para diferentes livros e filmes antigos mas também projetos mais recentes como “O Senhor dos Anéis” ou “Guerra dos Tronos”, e outros filmes com que crescemos enquanto crianças. Até bandas desenhadas e jogos de computador sabem? Muitas coisas diferentes.

Mas tínhamos de escolher um nome que ultimamente soasse como um cavaleiro, ou um príncipe, e neste caso também fazendo alusão que ele é um pequeno doe, um pequeno veado. Foi portanto um nome tonto que nós inventámos para a personagem.

MHD: A intro de “O Destemido Príncipe Ivandoe” tem realmente um mapa que conseguimos associar muito às histórias de Tolkien por exemplo. Foi realmente uma inspiração para vocês na criação da série?

EVW: Sim sim, de certeza!

MHD: E porque é que escolheram criar uma série de animação focada em animais em vez de personagens humanas?

EVW: Bem, nós gostamos de animais! Nós tivemos imensas ideias ao longo da criação…

CBA: E talvez porque tenhamos crescido com imensos cartoons clássicos, quisemos fazer algo desse género. Que se sentisse clássico. Porque é um género de conto de fadas, onde incluímos imensas criaturas e animais. Pareceu-nos simplesmente natural a escolha. E queríamos que a história fosse sobre um príncipe na floresta, por isso o primeiro pensamento que tivemos foi Bambi! E depois veio aquele sentimento até um pouco nórdico. Penso que foi daqui que começou a surgir toda a ideia, e facilmente se desenvolveu todas as criaturas diferentes que vivem em conjunto.

MHD: Ivandoe parece ter muita inspiração da animação de Gumball, onde ambos já trabalharam. Foram usadas as mesmas técnicas de animação para esta nova série, ou houve mudanças?

EVW: No que diz respeito à animação em si, das personagens, e aos programas utilizados, é essencialmente o mesmo método. Há certos aspetos técnicos que não são bem os mesmos no entanto, e os fundos são bastante diferentes, a maneira como os pintamos. Nós somos os dois animadores por isso pegámos nas nossas coisas favoritas e introduzimos neste mundo. Mas “Gumball” por certo que colocou a barra bem alta, e levou a produção a um nível alto que nos mostra quão grande é que podemos pensar.

MHD: Agora centrando no universo de Ivandoe, há algo em destaque: a Pena Dourada. Esta é a sua primeira aventura mas conhecendo este tipo de universo, sabemos que há sempre mais histórias para contar e novas aventuras por imaginar. Onde é que vocês vêem Ivandoe nos anos futuros? Querem continuar a contar histórias que já tenham em mente?

CBA: Sim, nós temos ideias. Muitas mais aventuras e coisas que podem acontecer a Ivandoe. Há muito mais que gostaríamos de fazer sem dúvida.

MHD: Christian, um dos seus projetos mais recentes foi na verdade “Love, Death & Robots”, que nada tem a ver com crianças. Como é que se passa disso para criar toda uma série de animação para crianças?

CBA: Acho que como nós [referindo-se também a Eva] já erámos animadores, quando começámos a pensar em Ivandoe, trabalhar em várias coisas foi sempre fácil. Trabalhávamos em jogos de computador, anúncios, filmes, por isso tínhamos do nosso lado a experiência de trabalhar em várias coisas. Mas quando começámos a pensar os dois em fazer uma série, ambos queríamos era fazer um programa engraçado para crianças. Não queríamos algo só para adultos, queríamos criar algo para se ver em família, como gostávamos de ver quando fomos crianças. Foi por isso que nos focámos em Ivandoe.

MHD: E como é que se sentem com a série a chegar a tantos países dos quatro cantos do mundo através do Cartoon Network?

EVW: Nós passámos tantos anos a trabalhar na série, e estamos muito orgulhosos do resultado final, mas é um bocadinho aterrador [entre risos nervosos]. Mas muito entusiasmados. São muitos sentimentos! Apenas espero que as crianças, e as suas famílias, gostem. E que vejam a série todos juntos e sigam Ivandoe nesta aventura.

CBA: Estamos bastante entusiasmados que chegue a crianças de todo o mundo. Trabalhámos nisto tanto tempo que vai ser ótimo que a série esteja disponível para todos.

CURTA | UMA HISTÓRIA DE IVANDOE, DE 2017

MHD: Eva, referiu que foram anos de trabalho. Quantos anos é que demoraram realmente a fazer “O Destemido Príncipe Ivandoe”, e porquê agora? Já existem várias animações com animais por isso, porquê apresentar esta história agora?

EVW: Acho que começámos a trabalhar em Ivandoe há já 7 anos. Ou 8 anos (2015). Foi quando fizemos o pitch da primeira ideia. E depois acabámos por fazer pequenas curtas-metragens de animação e acabámos por nos apaixonar pela personagem. Tanto que queríamos levar a história mais longe. Mas tivemos de passar imenso tempo a desenvolver “um mundo real” à volta de Ivandoe, algo que fosse fácil de acreditar. E evoluir também as várias personagens, e de como iria acontecer…

CBA: Sim, e o estilo que queríamos [para a série]

EVW: Eu sempre adorei fantasias e contos de fadas. Aliás, nós os dois. Por isso criar Ivandoe foi fácil. Quem é que não gosta de uma boa história?

MHD: Todos gostamos claro! E vocês falam muito dos contos de fada e contos clássicos. Alguma vez pensaram introduzir personagens dessas histórias no mundo de Ivandoe? Como o Rei Artur por exemplo.

CBA: Nós temos algumas personagens que são definitivamente inspiradas em figuras clássicas. Os arquétipos como Robin Hood ou o Rei Artur por exemplo, ou a ideia do príncipe que é um sapo e precisa de um beijo. Mas tentamos sempre fazer uma versão um pouco ‘mais tonta’, e dar-lhe um twist ao que já se conhece. Para fazer algo mais inesperado e divertido, em vez de cairmos no cliché. Queremos criar algo que não tenha sido visto antes. E gostamos de fazer isso.

MHD: “Ivandoe” é agora uma série e já tem estreia marcada mas Eva referiu que começaram com curtas-metragens. Qual foi o vosso maior desafio então a transformar a história numa completa série de animação?

EVW: Para mim foram duas coisas. Primeiro deixar de ter estas personagens simples para criar algo com mais profundidade (ou pelo menos tentar). Criar as personalidades e dinâmicas entre histórias. Algo muito desafiante mas sem dúvida entusiasmante. E depois foi quando entrámos em produção. Estávamos a trabalhar apenas há um mês quando a pandemia se instalou e estávamos todos espalhados, por Londres, Dinamarca ou França. Tivemos uma equipa fantástica realmente, e que de algum modo conseguiu fazer a animação avançar e deixar tudo orientado. Foi um desafio mesmo!

VÍDEO | CONHECE O PEQUENO IVANDOE

Quem é que aí por casa já começou a ouvir falar de Ivandoe?