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Matilda de Roald Dahl: O Musical, em análise

Quase duas décadas depois, Matilda, a menina prodígio que conquistou Hollywood na década de noventa, regressa às nossas casas através de um musical da Netflix.

Em 1996, Danny DeVito trazia até nós “Matilda, A Espalha Brasas”, um filme que se tornou um verdadeiro clássico de Hollywood. Baseada na obra de Roald Dahl, a longa-metragem protagonizada por Mara Wilson acompanha a história de Matilda, uma criança prodígio desprezada pelos pais que acaba por se refugiar no mundo dos livros, desenvolvendo alguns poderes de telecinesia. É exatamente essa a arma que a jovem de apenas seis anos utiliza para destronar Agatha Trunchbull, a diretora da escola que recorre a métodos pouco ortodoxos para impor disciplina aos seus alunos.

Quase duas décadas depois, Matthew Warchus arriscou tudo e produziu um remake do filme de DeVito, optando por uma versão musical do conhecido clássico de cinema. Contudo, “Matilda de Roald Dahl: O Musical” é muito mais do que uma nova adaptação cinematográfica, tratando-se de uma obra que explora e responde a muitas das questões deixadas em aberto no filme original. Desde o aprofundamento de algumas personagens a uma explosão de cor que desperta todos os nossos sentidos, “Matilda de Roald Dahl: O Musical” é uma longa-metragem que vale muito a pena ser vista e que se encontra disponível na Netflix.

Matilda
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Apesar de o filme pecar pelo uso excessivo de uma paleta berrante de cores, não existem dúvidas de que é essa a matiz que confere à longa-metragem a sua essência tão inovadora e caricata. Se no início do filme existe uma explosão de luz com médicos bailarinos que com as mais variadas cores vão apresentando a maternidade, é bem notório o contraste que se faz sentir quando o cenário se refere à escola de Matilda, na qual as cores neutras e acinzentadas sobressaem. Trata-se quase de um antagonismo à vida da própria protagonista, uma vez que apesar da liberdade que possui no mundo exterior este apresenta-se como um universo solitário em paralelo com a escola escura onde Matilda tem amigos e onde pode navegar no mundo do conhecimento como tanto gosta.

Ainda com a paleta escolhida em mente, é inegável que “Matilda de Road Dahl: O Musical” é uma injeção para ativar os nossos sentidos. Se a visão se dilata com a explosão de cores, os ouvidos ficam deliciados com os temas interpretados na longa-metragem pelos mais diversos personagens, fazendo-se acompanhar por uma coreografia exímia à qual fica impossível apontar qualquer erro. Da mesma forma, até as pupilas degustativas são capazes de saltitar na icónica cena em que Angela Trunchbull obriga um dos alunos a comer um bolo inteiro de chocolate como castigo.

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E por falar em Angela Trunchball, um dos grandes destaques da nova versão do clássico filme de Hollywood vai para a caracterização feita a Emma Thompson, que surge irreconhecível no papel de diretora da escola. Mas outras personagens merecem o louvor, como é o caso da Professora Honey (interpretada por Lashana Rasheda Lynch)que, ao contrário do que aconteceu na longa-metragem original vê finalmente a sua história ser desenvolvida, o que lhe confere um lado mais humano e humilde. Contudo, o facto de a sua biografia se cruzar com o conto inventado por Matilda faz com que se perca a credibilidade da mesma. Com isto, importa também salientar o facto de Matthew Warchus ter optado por apenas revelar os poderes da jovem na parte mais final do filme, deixando para último plano esta característica, de modo a dar foco a outros acontecimentos. Talvez por nesta versão se observar que Matilda e os restantes alunos são mais velhos em comparação com o original, permitiu também explorar de forma mais criativa a personagem principal. E por falar na protagonista, é de louvar a atuação de Alisha Weir neste filme.

Dito isto, estamos perante uma comédia que traz consigo personagens exageradas, como os pais de Matilda que, paralelamente ao filme original, têm apenas um descendente, e a própria Angela Trunchball que não deixa espaço para a seriedade. No entanto, a longa-metragem destaca-se também pelos elementos de fantasia que adornam a fotografia, tornando a obra acessível a todas as faixas etárias. Ainda assim, o que mais se destaca em “Matilda de Roald Dahl: O Musical” é mesmo a banda sonora, uma vez que através das músicas interpretadas vamos tomando conhecimento dos sentimentos mais profundos de cada uma das personagens.

Matilda
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Em suma, trata-se de um filme que explora mais profundamente temas como o bullying e a solidão, mas também a magia e o poder da literatura, bem como a importância dos professores na vida dos mais novos. Neste caso, a Professora Honey chega mesmo a ter a função de porto seguro da protagonista, acabando por se tornar a sua tutora no final. Contudo, este final do filme peca quando a escola é transformada em algo que mais parece uma feira popular, lembrando muito repentinamente o espectador de que tudo não passa de uma fantasia. Ainda assim, esta é uma obra que vale muito a pena ser vista, nem que seja pelos sentimentos nostálgicos que suscita dentro de nós.

Já tiveste a oportunidade de assistir a “Matilda de Roald Dahl: O Musical”?

Matilda de Roald Dahl: O Musical, em análise
Matilda

Movie title: Roald Dahl's Matilda the Musical

Movie description: Matilda é uma jovem prodígio que se refugia no mundo dos livros por se sentir indesejada pelos pais. Quando estes se vêm obrigados pelas autoridades a deixarem a sua filha frequentar o ensino escolar, prontamente inscrevem Matilda na Crunchem Hall, uma escola dirigida pela temível Agatha Trunchbull. Motivada pela sua coragem, a jovem decide enfrentar todos os que se atravessam no seu caminho para tentar devolver à sua comunidade escolar alguma justiça. Pela frente, Matilda aprende a inventar histórias fantásticas que se revelam cruciais para se aproximar da professora Honey, a única docente que exerce a sua profissão com humildade.

Date published: 25 de December de 2022

Country: Reino Unido

Duration: 117

Director(s): Matthew Warchus

Actor(s): Alisha Weir;, Emma Thompson;, Lashana Lynch;, Sindhu Vee

Genre: Musical

  • Jéssica Rodrigues - 70
70

COCLUSÃO

“Matilda de Roald Dahl: O Musical”, de Matthew Warchus, é muito mais do que um remake. Trata-se de um filme cheio de cor e sonoridades que despertam sentimentos nostálgicos. Apesar de esta nova versão manter a linhagem do argumento original, denota-se um desenvolvimento mais aprofundado de algumas personagens, o que ajuda a colmatar algumas lacunas do filme dos anos noventa.

Pros

  • A excelente caracterização de Emma Thompson;
  • O desempenho de Alisha Weir como Matilda;
  • As coreografias exímias ao longo de todo o filme;
  • As músicas que nos transmitem os sentimentos mais pessoais de cada personagem;
  • O despertar de sentimentos nostálgicos no espectador.

Cons

  • O uso excessivo de uma paleta de cores garridas;
  • O cruzamento da história inventada por Matilda com a história da Professora Honey;
  • A conversão da escola numa espécie de feira popular.
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