O Sopro do Diabo, em análise
“O Sopro do Diabo”, produzido por Leonardo DiCaprio, mantém viva a memória de uma das maiores tragédias em Portugal, não para nos martirizar, mas para nos motivar a sermos melhores.
No Verão de 2017, mais precisamente no dia 17 de Junho, o país viveu, nas palavras do primeiro-ministro da altura “a maior tragédia de vidas nos últimos anos em Portugal”. O incêndio de Pedrógão Grande: 66 mortos, mais de 250 feridos, 53 mil hectares ardidos… o incêndio florestal mais mortal na história de Portugal e um dos três maiores da Europa.
Com a missão de retratar a tragédia, mas acima de tudo trazer a atenção de volta para a crise climática e oferecer um olhar de esperança para o futuro, surge a curta-metragem documental, “From Devil’s Breath – O Sopro do Diabo“. Produzido pelo ator e ativista climático Leonardo DiCaprio, realizado pelo britânico Orlando Von Einsiedel, vencedor de um Óscar em 2017 com outra curta documental, “Os Capacetes Brancos”, e co-produzido por Catarina Fernandes Martins e Tiago Carrasco, o documentário tem corrido o globo desde 2021. A Appian Way e a Grain Media produziram, enquanto a Time Studios ficou responsável pela distribuição.
O documentário teve a sua estreia no Palm Springs International Film Festival e na COP26, em Glasgow, em 2021. No mercado norte-americano chegou aos cinemas a 13 Novembro de 2022, mas antes disso a visualização foi antecipada em Portugal. Num ciclo de estreias espalhadas pelo país, organizadas pela Casa do Impacto e pelos Cinemas NOS, foram 24 sessões do Norte a Sul, nos dias 11, 12 e 13 de Novembro, que aderiram à exibição solidária do documentário sobre crise climática. Parte da receita desta exibição será doada a um projeto de reflorestação.
“O Sopro do Diabo” foi também exibido no canal norte-americano MSNBC, no âmbito da série documental “Tipping Point“, do apresentador Trevor Noah e da produtora Time Studios. Ficará entretanto disponível na plataforma de streaming Peacock.
Seguindo a história de quatro sobreviventes (Vítor Neves, Sofia Carmo, Sérgio Lourenço e Nádia Piazza), o documentário explora cicatrizes, falhas, incredibilidade, coragem e perseverança. Aliado à narrativa mais retrospetiva junta-se ainda Thomas Crowther, cientista e ecologista britânico, responsável pelo projeto de reflorestação do planeta “A Trillion Trees”, que reforça a vertente da preocupação de combatermos a crise climática de forma a prevenirmos futuros incêndios e mantermos a biodiversidade do planeta. “Falamos de Pedrógão Grande, mas estamos a falar do mundo inteiro“, concluiu Catarina Fernandes Martins.
Nem mesmo Dante conseguiria imaginar tão vivamente o cenário infernal de 17 de Julho de 2017. As imagens, o pânico das pessoas, a desolação da população, e o som… que som medonho aquele produzido por chamas tão quentes, numa calamidade de tal magnitude que originou um microclima de trovoada, ventos ciclónicos e um fogo insaciável. Os relatos na primeira pessoa e o poder das imagens transportam-nos para uma história que, mesmo tendo o país inteiro vivido de tão perto, consegue-se tornar ainda mais pessoal.
O documentário permite um envolvimento tão profundo que se sentia o palpitar dos corações da audiência na sala de cinema. E quando é mostrado que Pedrógão Grande nem direito à última ceia deu… as lágrimas na sessão foram generalizadas.
Notre Dame ardeu em 2019 e em 2022 estreia nos cinemas uma longa-metragem de produção francesa a retratar os acontecimentos – “Notre-Dame em Chamas”. O incêndio florestal de Pedrógão Grande foi em 2017, e se não fosse esta produção internacional, dificilmente veríamos este tema a ser abordado num formato tão poderoso e abrangente. E não tirando valor a quem tornou as estreias possíveis em Portugal, mas uma história tão forte, retratada de forma tão completa, merecia mais do que apenas três dias de sessões especiais.
“O Sopro do Diabo” cumpre o objetivo de imortalizar histórias de heroísmo, resiliência e esperança daqueles que permaneceram, destacando a consciencialização e a inovação como as formas mais eficientes para a redução dos problemas ambientais. Nas palavras de DiCaprio, “O nosso planeta está a enfrentar uma crise climática inegável (…) a minha esperança é que este filme desperte uma conversa, que inspire a agir, e que nos ajude a unir de modo a replantar o nosso futuro.”
TRAILER | O TEMPO DE REFLORESTAR É AGORA!
Acompanhaste em 2017 os acontecimentos do incêndio de Pedrógão Grande?
O Sopro do Diabo, em análise
Movie title: O Sopro do Diabo
Movie description: A história improvável de duas narrativas notáveis que se encontram: a extraordinária e inspiradora comunidade de sobreviventes dos mortíferos incêndios florestais de 2017 em Portugal, lutando para garantir que o que eles viveram nunca mais acontece, e uma descoberta científica revolucionária, capaz de mudar o mundo, e que poderá ajudar a protegermo-nos da emergência climática.
Date published: 11 de November de 2022
Country: Reino Unido, Portugal
Duration: 42 minutos
Director(s): Orlando von Einsiedel
Genre: Documentário, Curta
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Emanuel Candeias - 92
CONCLUSÃO
“O Sopro do Diabo” é um curto documentário que expõe de forma esplêndida os pontos-chave do incêndio de Pedrogão Grande.
Pros
- Emotivo, informativo e sucinto;
- Permite-nos viver a tragédia e ensina-nos a evitar novas desgraças, com a esperança de que um futuro equilibrado está nas nossas mãos.
Cons
- Curto tempo de exibição em Portugal.
