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Opinião | Da Sala de Cinema Para o Sofá de Casa

Um futuro do streaming e uma forma de compensar as perdas dos exibidores e das salas, pode passar por uma nova tecnologia de home cinema. Trata-se de um hardware e um software que permitirá o envio seguro de conteúdos ou filmes das salas de cinema, para casa dos espectadores.

Ainda é tudo muito novo e ainda não se sabe muito bem como tudo isto irá funcionar em termos técnicos, legais, distribuição, de direitos nacionais e internacionais de um conteúdo e mesmo da relação entre os distribuidores e exibidores, neste caso de filmes e de obras cinematográficas em geral. Sabemos é que já existe uma tecnologia que permite ao exibidores-salas de cinema, complementar as suas receitas em sala, mediante o envio directo dos filmes por streaming para casa do consumidor. Trocando por miúdos ou tecnologicamente falando, valendo-se de um ‘media block integrado’ (IMB), a Christie, uma empresa que tem equipado muitas salas de cinema em todo o mundo, fornece agora um pacote de hardware e software, que combina as capacidades dos seus produtos e dispositivos em salas de cinema, com o streaming para casa dos espectadores.

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‘Todos amamos o cinema, e não há nada melhor do que assistir a um filme presencialmente num grande ecrã da nossa sala de cinema favorita’ declarou Brian Claypool, vice-presidente executivo da Christie, ligado directamente ao negócio das salas de cinema, numa nota à imprensa anunciando esta inovação que quer salvar as salas de cinema das suas perdas ou de um possível encerramento. A ideia é que os parceiros-clientes-exibidores, consigam levar em tempo real os filmes projectados nas suas salas de cinema ao espectador, que estará comodamente sentado no sofá da sua casa. Sendo que esta projeção será naturalmente mais recomendada para grandes ecrãs, seja de televisores de grande dimensão ou projectores de sala.

VÊ COMO FUNCIONA A CHRISTIE DIGITAL

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A grande dúvida parece ser a questão dos direitos de exploração dos distribuidores e sobretudo como os exibidores se vão aguentar até que os espectadores de todo o mundo decidam voltar sem receios, a querer sentir as emoções de uma sala de cinema, num regresso que, apesar de tudo, muitos cinéfilos anseiam. Por isso, esta nova ferramenta parece ter sido criada para em primeiro lugar fazer face aos enormes desafios que enfrenta o sector de exibição: permite ao exibidor organizar-se para mostrar aos seus espectadores conteúdos premium nas suas próprias casas, abrindo uma fonte extra de receitas que pode ser um grande reforço num momento tão difícil como o actual e no futuro, com ou sem pandemia. Além de apoiar os exibidores, esta tecnologia conjuga igualmente a ideia de melhorar a experiência de ver cinema em casa como se fosse numa sala de cinema.

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E este apoio aos exibidores, mais do que um mero apoio financeiro do Estado, introduz inovações no negócio, procurando uma concorrência directa com as plataformas de streaming. A possibilidade de oferecer em direto um conteúdo premium aos espectadores em suas casas poderá ser uma realidade a muito curto prazo, ainda mais também de uma forma segura — sem riscos de dispersão de cópias piratas — para os seus autores e detentores de direitos. Do ponto de vista um pouco mais técnico e para quem está mais familiarizado com os formatos e compressões, este sistema permite distribuir desde imagens comprimidas em codec H.265 a 4Mbps, a 8K sem compressão a 120Hz e 100Gbps. Parece que poderemos quase ter o nosso cinema favorito em casa e as salas também ganharem com isso.

José Vieira Mendes

One thought on “Opinião | Da Sala de Cinema Para o Sofá de Casa

  • Será só mais um serviço de streaming?

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