O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, primeiras impressões
A convite da Prime Video, a MHD teve acesso aos primeiros dois episódios de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder.” E podemos dizer que a espera valeu a pena! Aconselhamos-te a procurar o maior ecrã possível e prepara-te para regressar à mítica Terra Média!
Passaram-se oito anos desde que visitamos pela última vez a Terra Média com o último capítulo da trilogia “O Hobbit”. E outros dezanove desde que “O Regresso do Rei” nos conquistou a todos, levando para casa onze estatuetas, entre as quais a de Melhor Filme e Realização. “Um Anel para governá-los, Um Anel para encontrá-los. Um Anel para trazê-los e na escuridão amarrá-los,” são três frases que ficarão para sempre nas nossas memórias, pronunciadas por Gandalf a Frodo. Contudo, prefiro começar estas primeiras impressões com outra igualmente emblemática de “A Irmandade do Anel”: “Diz, Amigo, e entra“, a charada que dá acesso a Khazad-dûm, ou Moria. Pois, “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” irá de certeza agradar tanto a fãs do universo de J.R.R Tolkien, como a recém-chegados à Terra Média.
O primeiro aspeto a ter em conta no que toca a “Os Anéis do Poder” é que decorre muito antes dos eventos de “O Hobbit” ou de “O Senhor dos Anéis.” Na realidade, muita da narrativa criada por Patrick McKay e J.D. Payne bebeu dos apêndices desta última trilogia. Enquanto a mesma decorre na Terceira Era, a série ira transportar-nos para a Segunda Era, um período antes do Anel do Poder. No entanto, uma vez que o material criado por Tolkien sobre este período não é tão descritivo como “O Senhor dos Anéis”, McKay, Payne, em conjunto com a produtora Lindsey Weber preencheram alguns detalhes. Por conseguinte, irás reconhecer algumas das personagens e locais da Terra Média, como também conhecer algumas criadas de propósito para a produção milionária da Amazon.
Composta por oito episódios, sendo que os dois primeiros estreiam já esta sexta-feira, “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” começa por relatar os eventos da batalha entre os Elfos e Morgoth, o primeiro Senhor das Trevas – um pouco à semelhança da cena de abertura de “A Irmandade do Anel.” Aliás, a série irá abordar precisamente os eventos que levaram à batalha e respectivo desfecho que vemos nesses primeiros minutos. Ou seja, recuando um pouco, até à Primeira Era onde Morgoth destruiu o reino de Valinor, forçando os Elfos a abandonarem o seu lar e a migrar a Terra Média – “um reino cheio de perigos nunca antes narrados e criaturas estranhas nunca antes vistas” -, para enfrentar o Mal. É lá que o derrotam, mas não ao seu ‘segundo’, o astuto feiticeiro Sauron. Após o desfecho aparentemente vitorioso por parte dos Elfos, entramos na Segunda Era, onde decorre a acção da série.
A partir daqui existirão alguns spoilers, mas prometemos que serão muito poucos!
Ao contrário da “Irmandade do Anel,” que apresentou as raças da Terra Média aquando a história do Anel, em “Os Anéis do Poder” iremos conhecê-las aos poucos e no respetivo habitat. Tanto que existem personagens que não irás conhecer nos primeiros dois episódios. Em primeiro lugar, como já podes ter adivinhado, somos apresentados aos Elfos, em particular à pequena Galadriel e ao seu irmão, Finrod, ainda no reino de Valinor. Este reino dará por sua vez lugar ao de Lindon, liderado por Gil-Galad enquanto Rei Supremo. Seguimos depois para os Harfoot, descritos como os antepassados dos Hobbit, que ao contrário dos mesmos são um povo nómada, que migram de tempos a tempos. Conhecemos ainda as Terras do Sul, território habitado pelos Homens. E, por fim, entramos em Khazad-dûm (Moria), aqui numa fase de esplendor e expansão, o reino dos Anões.
Curiosamente, e saudosamente, “Os Anéis do Poder” apresentam dinâmicas muito semelhantes às da trilogia de “O Senhor dos Anéis.” Temos a dupla Merry e Pippin, agora em versão feminina, composta por Elanor “Noa” Brandyfoot e Poppy Proudfellow. As jovens atrizes Markella Kavenagh e Megan Richards dão, respetivamente, vida a esta dupla que irá sem dúvida protagonizar alguns dos momentos mais ‘leves’ da série. Sendo que a australiana Kavenagh destaca-se nestes primeiros episódios, antevendo uma prestação sólida, que contribui para a criação da Harfoot, também ela inventada para a série. Além de Noa e Poppy, voltamos a ter um romance proibido entre Elfo e Homem, neste caso entre uma mulher e um elfo, Bronwyn e Arondir, respetivamente. Nazanin Boniadi e Ismael Cruz Córdova dão vida ao casal, sendo o actor porto-riquenho o primeiro latino a interpretar um elfo numa adaptação de Tolkien. Também poderás reconhecer traços da dinâmica de Legolas e Gimli entre o jovem Elrond e o Príncipe dos Anões, Durin IV, interpretados por Robert Aramayo e Owain Arthur, respetivamente. De todos os personagens que vimos até ao momento, a caracterização de Arthur é a que mais nos remete para as fantásticas trilogias de Peter Jackson.
No entanto, quem lidera esta nova aventura não são os pequenos heróis improváveis de “O Senhor dos Anéis,” mas sim uma muito destemida e jovem Galadriel, nesta versão interpretada por Morfydd Clark. É importante salientar uma vez mais que os eventos da série da Prime Video decorrem séculos antes de os da trilogia de Peter Jackson, onde Cate Blanchett interpretou o mesmo papel. Ou seja, a Galadriel que conhecemos nesta fase, muito pouco tem a ver com a de Blanchett, ainda que Clark tenha admitido em entrevistas que se inspirou tanto no novo material, como no desempenho fenomenal de Blanchett. A futura Senhora de Lothlórien, é na Segunda Era uma guerreira destemida com uma missão em mãos: matar Sauron – não olhando a meios para alcançar o seu objetivo. E, nesse sentido, Clark dá-nos uma interpretação feroz e elegante desta poderosa Elfo. De igual forma, Aramayo enquanto Elrond e Benjamin Walker como Gil-Galad também oferecem desempenhos exímios.
Partindo para os aspetos mais técnicos, continuamos a ser deslumbrados pelas paisagens da Nova Zelândia e cenários muito semelhantes aos das trilogias de Jackson. Desta vez, o maior destaque não os reinos élficos que se destacam, como também as minas dos Anões (presta muita atenção a Moria!). A fotografia de Aaron Morton, Alex Disenhof e Oscar Faura tem bastante em comum com a Andrew Lesnie, cinematógrafo de Jackson. Já a banda sonora poderá ser o único aspeto “menos positivo” de “Os Anéis do Poder.” Ainda que conte com a participação de Howard Shore em “The Lord of the Rings: The Rings of Power Main Title,” o compositor principal é Bear McCreary, vencedor do Emmy pelo tema principal da série “Da Vinci’s Demons,” que por sua vez deixa um pouco a desejar face às adaptações anteriores. Mas, voltando a enfatizar, este é o aspeto “menos positivo” destes dois primeiros episódios.
Em suma, prepara-te para regressar a uma Terra Média repleta de personagens e locais familiares, bem como de novas adições ao universo de Tolkien. Procura o maior ecrã que possas e disfruta!
TRAILER | FALTAM TRÊS DIAS PARA VERES OS ANÉIS DO PODER
Em Portugal, “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder” estreia às 2h00 da manhã do dia 2 de setembro, e será em episódio duplo. A partir dessa data, será lançado um episódio a cada semana, sempre às sextas-feiras, pelas 5h00 da manhã. O final da primeira temporada está marcado para dia 14 de outubro.