Outer Banks T4 P2, a Crítica | Como um só episódio arruinou a série da Netflix
Após quatro anos nos tops da Netflix, o último episódio da quarta temporada de “Outer Banks” veio para destruir a série. Nota: esta crítica tem spoilers da quarta temporada.
A primeira parte da quarta temporada de “Outer Banks” teve mais de quinze milhões de visualizações em apenas cinco dias (segundo a Deadline). Estes resultados refletem o sucesso da série e o quanto os fãs gostaram do início da nova temporada. A primeira parte estreou no dia 10 de outubro e a segunda no dia 7 de novembro, na Netflix.
Mesmo quando “Outer Banks” estava a voltar aos seus tempos áureos, com uma primeira parte de temporada com os amigos reunidos, uma nova aventura e momentos divertidos (após uma terceira temporada que não satisfez quem a viu), os criadores da série decidem tirar o tapete debaixo dos pés dos fãs, com um final devastador que muitos conspiravam poder acontecer mas ninguém queria acreditar ser possível.
O fim de JJ em Outer Banks
Temos de começar pelo fim. Muito como em “Teen Wolf”, em que Stiles, interpretado por Dylan O’Brien, que era para ser uma personagem secundária, roubou as atenções para si e se tornou na personagem favorita dos fãs, o mesmo aconteceu com JJ, papel de Rudy Pankow, em “Outer Banks”. Desde a primeira temporada, em 2020, que JJ é o Pogue favorito dos seguidores da série.
O seu lado cómico, a sua imprudência e a lealdade que tem para com os seus amigos, conquistou os fãs desde o início. JJ sempre foi um outcast, a personagem que mais sofreu, e que os seguidores torciam para que tivesse um final feliz, especialmente após os criadores da série anunciarem que esta temporada seria focada nele.
Sabendo as preferências das audiências, os criadores de “Outer Banks”, Shannon Burke, Jonas Pate e Josh Pate, tinham aqui a oportunidade de criar uma história que finalmente significasse justiça para a personagem, após os abusos e abandono que sofreu com o pai. No entanto, decidiram dar-lhe um novo pai, pior que o anterior, e uma carga de sofrimento que acabou por se tornar no fim da personagem.
Não se trata de sensibilidade, em “Game of Thrones”, uma das séries mais adoradas de sempre, vimos personagens centrais serem mortas pelo menos uma mão cheia de vezes. No entanto, era uma série com muitas personagens e essas mortes faziam sentido no esquema geral da série. Em “Outer Banks”, uma série que tem um núcleo central de seis amigos, não faz sentido cortar aquela que os fãs mais gostam. Sem JJ, fará sentido continuar por mais uma temporada?
As dúvidas
Groff é realmente o pai de JJ? A história desta personagem, a sua instabilidade e o seu passado estão muito mal contados. Groff era genro de Wes Genrette, mas matou-o, também matou a sua mulher e deixou o seu filho aos cuidados de um estranho. Espero que não seja só para mim que isto não faz sentido.
Não é surpreendente que Groff tenha matado o seu sogro, uma vez que já só restava ele e o dinheiro da herança poderia ficar todo para si. Mas a justificação para ter morto a sua mulher está a falhar. Para além disso, Groff apenas admitiu que era pai de JJ quando precisou da sua ajuda e, apesar de serem fisicamente parecidos, não faz muito sentido que, sendo pai dele, o fosse matar, principalmente daquela maneira. Parece apenas que JJ era um meio para atingir um fim.
Será que JJ vai voltar? É verdade que o vimos desmaiar e uma vala ser aberta mas, depois desta temporada, temo que não haja impossíveis. Os fãs conspiram que, o facto da coroa ter um sentido mágico, que concede um desejo a quem a encontra, pode ser usado para o trazer de volta à série, mas iria roçar o ridículo. Os criadores da série, numa entrevista à Cosmopolitan, decidiram não matar a esperança dos fãs, ao dizerem “nunca digas nunca”, sobre o regresso de JJ.
As falhas
Como já tinha referido na crítica à primeira parte da temporada, a qualidade visual da série diminuiu muito. A tonalidade laranja, que sempre foi uma característica de “Outer Banks” é, por vezes, exagerada, e o filtro azul, usado para simular a noite, dá para perceber perfeitamente que aquelas cenas não foram filmadas de noite.
Rafe, interpretado por Drew Starkey, apesar de vilão, é outra das personagens que os fãs mais gostam (eu incluída). Enquanto que, nas três temporadas anteriores, Rafe era uma das figuras centrais da série e, nesta temporada, mal apareceu até chegar ao último episódio, onde, de repente, se aliou aos Pogues. O seu momento de reconciliação com a irmã Sarah, personagem de Madelyn Cline, apesar de ser uma cena bonita, também pelas emoções que estes dois excelentes atores conseguiram passar, não faz sentido, tendo em conta os crimes que Rafe cometeu no passado.
E por falar nesse momento de reconciliação, já sabemos que esta série tem um tanto de impossibilidade. Mas, sendo uma série de ficção, o impossível não é um problema. No entanto, nesta temporada isso é levado ao extremo. Um xerife da polícia não iria deixar sete adolescentes irem sozinhos para Marrocos à procura de um bando de assassinos. Um tesouro que era procurado há centenas de anos não iria estar assim tão mal escondido e à mercê de qualquer um encontrar. E, por fim, o facto de que, sempre que havia um momento emotivo, os assassinos, de repente, já não apareciam. É uma falha muito grande.
Ainda assim, a maior falha tem que ver com os criadores estarem a tornar esta série muito pesada. “Outer Banks” era uma série divertida, com momentos de humor, de amizade, de surf, de aventura e de alguns riscos, mas o plot desta temporada exagerou. Pope, a personagem de Jonathan Davis, o mais certinho dos Pogues, torna-se assassino… É muito out of character. E agora, após a morte de JJ, o grupo de amigos vai atrás dos assassinos à procura de vingança? Vão matá-los? É muito fora da essência original de Outer Banks.
Os Highlights
E como nem tudo pode ser mau, a primeira parte da temporada, como referi na crítica anterior, foi divertida, teve o grupo todo junto, teve surf, teve Charleston, teve uma nova caça ao tesouro, novas aventuras e alguns riscos. Foi a melhor, desde a primeira temporada. A segunda parte, apesar do seu final, teve três episódios muito bons, cheios de ação, de adrenalina e de novidades
No sexto episódio, a cena em que JJ explode e decide partir o centro da cidade e tudo o que está à sua volta é genial. É um momento extremamente catártico e que relembra o sentimento anárquico que Joker, no “Batman” de Christopher Nolan, nos transmite. Esta foi realmente a temporada de JJ, sobretudo pela qualidade do ator. Mas enfim, merecia melhor.
E tu, vais ver a temporada cinco ou passar à frente após a trágica morte da personagem?
Outer Banks T4 P2, a Crítica
Name: Outer Banks
Description: Na nova temporada, o grupo de seis amigos recebe uma proposta para encontrar um novo tesouro, pertencente ao famoso pirata Barba Negra.
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Maatilde Sousa - 50
Conclusão
Após uma primeira parte de temporada incrível, a segunda parte veio para estragar tudo o que a série alcançou. Apesar de momentos divertidos e emocionantes nos últimos cinco episódios, a morte de JJ poderá ser a queda de “Outer Banks”.
Overall
50User Review
( votes)Pros
A cena em que JJ, personagem de Rudy Pankow, destrói o centro da cidade está incrível, devido à forma que foi filmado e, sobretudo, à qualidade do ator.
Os momentos mais divertidos desta temporada e toda a aventura e emoção que nos consegue transportar até à primeira temporada de “Outer Banks”.
Cons
A diminuição da qualidade dos efeitos visuais.
As falhas no plot e a forma como tornaram a série mais pesada.
A morte sofrida e sem sentido da personagem JJ, o favorito dos fãs.