Peter Jackson revela a influência de Martin Scorsese em Senhor dos Anéis
Às vezes, Peter Jackson reconhece a genialidade dos seus pares num sussurro tão subtil que só os verdadeiros cineastas conseguem escutar.
Imaginar Peter Jackson – o mago dos hobbits e das terras fantásticas – a procurar inspiração num filme sobre gangsters de Nova Iorque pode parecer, à primeira vista, tão improvável quanto um anão a escalar as muralhas de Mordor com um único impulso. E no entanto, é exatamente esta a história que nos transporta para os bastidores de uma das mais fascinantes cumplicidades criativas do cinema contemporâneo.
A revelação: Goodfellas, o filme que ressuscita a imaginação
Peter Jackson, o realizador que transformou três volumes aparentemente impossíveis de adaptar de Tolkien num fenómeno global, guarda um segredo cinematográfico que poucos conhecem. Quando a exaustão ameaça engolir a sua criatividade, quando os longos meses de filmagens parecem sugar até a última gota de inspiração, há um filme ao qual regressa como um peregrino à sua fonte sagrada: “Goodfellas” de Martin Scorsese.
O realizador neozelandês confessa abertamente: este não é apenas um filme que admira, é um talismã criativo. Nos momentos de bloqueio criativo, Jackson coloca o DVD e deixa-se envolver pela magia de Scorsese. “Quando a minha imaginação parece presa, Goodfellas liberta-me completamente”, revelou numa entrevista que ressoa como uma declaração de amor cinematográfico.
A admiração não é superficial. Durante as 18 extenuantes meses de filmagem de “O Senhor dos Anéis“, Jackson usava Goodfellas quase como um manual de sobrevivência criativa. Nos seus dias de descanso, mergulhava na obra de Scorsese como quem procura oxigénio – não para copiar, mas para se reinventar, para recordar o que faz de um realizador um verdadeiro artista.
As fronteiras invisíveis do talento cinematográfico
A amizade à distância entre estes dois gigantes do cinema transcende géneros e universos narrativos. Jackson, o construtor de mundos fantásticos, encontra inspiração no realismo brutal de Scorsese. Um gangster de Nova Iorque pode parecer infinitamente distante de um hobbit em jornada, mas para um realizador verdadeiramente talentoso, a arte não conhece fronteiras.
Esta confluência torna-se particularmente interessante quando percebemos que ambos foram nomeados para os Óscares no mesmo ano – 2003 – com “Goodfellas” e “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres”. Destino ou coincidência, nenhum dos dois levou o prémio principal, que foi para “Chicago“. Mas a verdadeira vitória estava já consumada: o respeito mútuo entre dois dos maiores contadores de histórias do nosso tempo.
O mais fascinante é perceber como a inspiração artística atravessa fronteiras aparentemente intransponíveis. Jackson não procura copiar Scorsese, procura entender a essência da narrativa cinematográfica – os movimentos de câmara, a forma como se conta uma história, a capacidade de fazer o espectador respirar dentro do filme.
Qual foi o teu momento de inspiração inesperada, aquele filme ou obra que, tal como Goodfellas para Jackson, te fez ver o mundo de forma diferente? Partilha a tua história nos comentários.