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Os 10 nomeados do Oscar para Melhor Filme mais criticados de sempre

Nem sempre o melhor filme é nomeado ou vence o Oscar, mas às vezes a história por trás da vitória é mais fascinante que o próprio filme.

A história dos Óscares está repleta de decisões que fizeram críticos e cinéfilos engasgarem-se com as pipocas. Nem sempre o filme nomeado para a estatua dourada é aquele que realmente merece o título de melhor obra cinematográfica do ano. Preparem-se para uma viagem ácida pelas escolhas mais controversas da história do cinema norte-americano.

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Os 10 Nomeados/Vencedores do Oscar de Melhor Filme Mais Odiados

Canal Cinemundo - Conduzindo Miss Daisy
“Conduzindo Miss Daisy” ©Canal Cinemundo

10. Driving Miss Daisy

Lançado em 1989, “Driving Miss Daisy” tornou-se um símbolo perfeito de como o Hollywood dos anos 80 lidava (mal) com questões raciais. Uma narrativa que parecia mais uma relíquia de um tempo ultrapassado do que uma obra revolucionária. Morgan Freeman e Jessica Tandy entregaram performances memoráveis, mas o filme reduzia décadas de complexidade racial a uma história de amizade quase infantilizada.

O filme apresenta um racismo adocicado, onde o motorista negro servia docilmente a patroa branca, num retrato que mais parecia uma carta de desculpa do que uma crítica verdadeira ao sistema segregacionista do sul dos Estados Unidos. Uma visão tão romântica quanto perigosa das relações inter-raciais. O que salvou o filme foram as interpretações magistrais de Freeman e Tandy, capazes de insuflar humanidade num guião que oscilava entre o paternalismo e o clichê racial mais puro.


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“Green Book – Uma Guia Para a Vida” | © Focus Features

9. Green Book

Baseado numa história verdadeira, “Green Book” recontou a viagem de um motorista italiano pelo sul racista dos anos 60 com um pianista negro.

Viggo Mortensen e Mahershala Ali representaram dois homens reais com nuances complexas, mas o filme foi acusado de reduzir as suas experiências a uma narrativa de “white savior” – onde o personagem branco salva o protagonista negro de situações difíceis. A crítica foi demolidora e instantânea. Curiosamente, ganhou o Óscar em 2019, num momento em que Hollywood prometia mais diversidade e representatividade. A vitória foi vista por muitos como um passo atrás na representação racial.


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“A Beautiful Mind” | © Universal Pictures

8. A Beautiful Mind

O filme que transformou a vida de John Nash num drama hollywoodiano simplificado. Ron Howard decidiu que a complexa história de um brilhante matemático com esquizofrenia podia ser reduzida a um arco narrativo romanceado.

Acusaram o filme de suavizar a representação da doença mental a ponto de quase perder sua crueza original. O filme transformou Nash, um génio matemático com uma condição psiquiátrica complexa, num herói quase romântico, eliminando toda a nuance da sua verdadeira experiência. O filme ganhou quatro Óscares, incluindo Melhor Filme, num momento em que Hollywood adorava narrativas de superação individual que escondiam as verdadeiras complexidades sociais e médicas por detrás das histórias.


Anne Hathaway, Les Misérables

7. Les Misérables

O musical de 2012 transformou a obra-prima política de Victor Hugo numa balada emocional que quase esquecia o contexto revolucionário original. Hugh Jackman e Anne Hathaway entregaram atuações vocais impressionantes, mas o filme parecia mais interessado em lágrimas do que em revolução.

A adaptação cinematográfica perdia toda a profundidade política do romance original, reduzindo as tensões sociais a momentos de drama pessoal. As barricadas de Paris tornavam-se mais um cenário para conflitos individuais do que um símbolo de luta coletiva. A performance de Anne Hathaway como Fantine, no entanto, permanece como um dos momentos mais comoventes do cinema musical moderno. Uma atuação que transcendia as limitações do próprio filme.


Colisão

6. Crash

Em 2006, “Crash” venceu surpreendentemente o Óscar de Melhor Filme, num ano em que “Brokeback Mountain” era o favorito. Este filme explorou as interseções raciais em Los Angeles, tentou agradar a todos, mas falhou em ser verdadeiramente consistente.

Don Cheadle liderou um elenco diversificado numa narrativa que pretendia mostrar o racismo de forma “complexa”, mas que na realidade simplificou discussões profundas sobre identidade e preconceito. Muitos viram a vitória como um recuo conservador num momento em que o cinema precisava de narrativas mais ousadas e verdadeiras sobre raça nos Estados Unidos.


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Catherine Zeta-Jones em “Chicago” (2003) |© Miramax

5. Chicago

Musical vencedor que dividiu opiniões por transformar um trabalho teatral complexo numa produção cinematográfica aparentemente superficial. Rob Marshall conseguiu criar um espetáculo visual, mas  foi acusado de perder parte da profundidade crítica original.

Os defensores argumentavam que o filme reinventou o género musical para o século XXI. Os críticos, por outro lado, consideravam a produção excessivamente estilizada e pouco substancial. A vitória de “Chicago” representou para muitos uma vitória do espetáculo sobre a substância narrativa.


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“Shakespeare in Love” | © Miramax

4. Shakespeare in Love

Um filme que roubou o Oscar de “Saving Private Ryan“, considerado por muitos o melhor filme de guerra de sempre. Muitos viram a vitória de “Shakespeare in Love” como um triunfo do marketing sobre o mérito artístico.

Harvey Weinstein, produtor do filme, foi acusado de usar influência e lobby para garantir a estatueta, num dos momentos mais controversos da história do prémio. O filme, embora charmoso, parecia leve demais para competir com a profundidade de Spielberg. A indústria cinematográfica ficou dividida, com muitos a dizer que a escolha representava mais um jogo político do que um reconhecimento genuíno de excelência cinematográfica.


Gladiador
Gladiador | Russel Crowe

3. Gladiator

Este épico histórico alcançou sucesso, mas enfrentou críticas por suas significativas liberdades históricas. Ridley Scott criou um espetáculo visual impressionante, mas com rigor histórico questionável.

Os historiadores apontaram inúmeras imprecisões na representação do Império Romano, transformando o filme mais num filme de ação do que num drama histórico. A vitória representou para muitos um triunfo do entretenimento sobre a precisão académica.


steven spielberg greatest show on earth
© Photo by Hulton Archive

2. The Greatest Show on Earth

Um dos filmes mais incompreendidos da história dos Óscares, realizado por Cecil B. DeMille. Um espetáculo circense que poucos consideram realmente merecedor do prémio máximo.

O público viu o filme como uma produção grandiosa, mas sem profundidade narrativa, mais um exercício de estilo do que uma obra verdadeiramente revolucionária. A comunidade cinematográfica nunca compreendeu completamente como este filme superou obras muito mais sofisticadas da época. Curiosamente, Alfred Hitchcock nem sequer foi nomeado naquele ano, o que aumentou ainda mais a sensação de injustiça no meio cinematográfico.


Forrest Gump
© Paramount Pictures

1. Forrest Gump

Controverso pela sua visão idealizada e apolítica da história americana. Acusaram o filme de simplificar eventos históricos complexos ao contá-los pelo olhar de uma personagem ingénua.

Robert Zemeckis criou um fenómeno popular, mas os críticos argumentavam que o filme reduzia décadas de conflitos sociais a uma narrativa consoladora e acrítica. A vitória sobre filmes como “Pulp Fiction” de Tarantino foi vista como um triunfo do sentimentalismo sobre a ousadia artística.

Depois desta viagem pelos momentos mais controversos do cinema, qual é o filme que te faria levantar da tua poltrona em protesto? Partilha connosco a tua opinião mais inconformista sobre estas escolhas da Academia nos comentários!



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