Foto de David Passos / © MHD

Pussy Riot | Um grito contra a guerra

A banda ativista e feminista russa, as Pussy Riot, voltam a Portugal com a tour europeia Riot Days. Com um espetáculo contra à Guerra, contra Putin e contra as desigualdades.

Fundado em 2011 por Nadya Tolokonnikova, as Pussy Riot ganharam notoriedade mundial com a sua atuação na Catedral de Cristo Salvador, em Moscovo, no ano a seguir. Uma ação que a Igreja Ortodoxa Russa considerou como sacrilégio, levando à detenção dos cinco membros. Assim sendo, as ativistas russas explicaram que o espetáculo/protesto era dirigido ao apoio dos líderes da Igreja Ortodoxa a Putin.  Desde de então, as Pussy Riot realizaram diversas atuações provocadoras não autorizadas, em locais públicos invulgares. Entre os diversos temas abordados pelo colectivo russo, destaca-se o feminismo, os direitos LGBTAQIA+, e claro, a oposição contra o regime de Vladimir Putin.

Nesse sentido, as Pussy Riot voltam a Portugal, depois de uma passagem pelo Vodafone Paredes de Coura, em 2018. Contudo, na época, a ofensiva militar russa ainda não tinha escalado a nível nacional, apenas com foco em Donbass e na Crimeia. Agora, mais do que nunca, o grupo quer mostrar ao mundo o regime e as atitudes tirânicas russas.

Pussy Riot
Foto de David Passos / © MHD

Nesse sentido, as Pussy Riot passaram por Portugal, com a tour europeia Riot Days. No passado dia 8, a Casa da Música, no Porto, acolheu o espetáculo/protesto das ativistas russas. No dia a seguir também houve concerto, mas desta vez no Capitólio, em Lisboa.

Com casa (quase) cheia, o público estava ansioso para se juntar à revolta do colectivo russo, contra a guerra na Ucrânia, e contra as constantes desigualdades que acontecem na Rússia. Assim sendo, antes do grupo liderado pela ativista Maria Alyokhina subir ao palco, passou um QR Code na tela. O porta-voz do grupo explicou que o mesmo servia para doar em favor de um hospital psiquiátrico na Ucrânia. Igualmente, o objetivo da tour é angariar fundos para a Ucrânia. Além disso, o porta-voz explica que iriam passar um filme, com várias imagens recolhidas aos longo dos anos, durante os inúmeros espetáculos e protestos das Pussy Riot. Como também, seria exibido passagens de um livro escrito por uma das ativistas, aquando a sua pena na prisão.

Assim que as Pussy Riot subiram ao palco, o público nunca mais parou. Apesar do início, aparentemente calmo, o grupo, com uma pose quieta, transmitiam mensagens que abalava qualquer uma das pessoas presentes no espaço.

Foto de David Passos / © MHD

Após os primeiros minutos, a atuação do colectivo russo chegou a outro patamar. As palavras de revolta proferidas canalizavam-se em gestos rápidos e fortes, onde o público, numa espécie de simbiose, não se deixou ficar atrás, com uma energia punk entusiasmante. Depois disso, nem as ativistas, nem o público ficou mais parado. As músicas começaram a subir de tom, assim como as suas mensagens, sobretudo as que eram dirigidas à guerra na Ucrânia e ao presidente russo. Gradualmente, o caos também se instaurava no palco, com mesas reviradas, instrumentos espalhados, e garrafas de plásticos por todo lado. A meio disso, uma das ativistas lançou água para o público, onde este respondeu de imediato, e com vontade por mais banhos. De seguida, os gritos de revolta dirigiram-se aos presos políticos russos, dos quais o colectivo russo exigia a libertação.

Mesmo antes do final do espetáculo, juntaram-se no palco mais duas integrantes das Pussy Riot. Assim sendo, este último momento foi dedicado ao feminismo, com uma apresentação provocadora.

Pussy Riot
Foto de David Passos / © MHD

Nesse sentido, num palco em que cada objeto já não estava no seu lugar inicial, parte da banda simulava gemidos, enquanto as restantes simulavam o êxtase sexual, orgasmos e até masturbação. Uma clara mensagem feminista, que o seu corpo não é um objeto, e não é uma propriedade. Enquanto isso, um dos elementos das Pussy Riot circulava pelo palco, empenhando parte da bateria. Sem deixar de rufar o tambor, dirigiu-se à linha da frente, e lá deixou o tambor, que prontamente foi vibrado por algumas pessoas da plateia.

Com o término do concerto, sentia-se a vibração da plateia em todo o Capitólio. Um público que nunca parou, para uma banda que nunca vai parar até existir justiça social.

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