Pussy Riot | Um grito contra a guerra
A banda ativista e feminista russa, as Pussy Riot, voltam a Portugal com a tour europeia Riot Days. Com um espetáculo contra à Guerra, contra Putin e contra as desigualdades.
Fundado em 2011 por Nadya Tolokonnikova, as Pussy Riot ganharam notoriedade mundial com a sua atuação na Catedral de Cristo Salvador, em Moscovo, no ano a seguir. Uma ação que a Igreja Ortodoxa Russa considerou como sacrilégio, levando à detenção dos cinco membros. Assim sendo, as ativistas russas explicaram que o espetáculo/protesto era dirigido ao apoio dos líderes da Igreja Ortodoxa a Putin. Desde de então, as Pussy Riot realizaram diversas atuações provocadoras não autorizadas, em locais públicos invulgares. Entre os diversos temas abordados pelo colectivo russo, destaca-se o feminismo, os direitos LGBTAQIA+, e claro, a oposição contra o regime de Vladimir Putin.
Nesse sentido, as Pussy Riot voltam a Portugal, depois de uma passagem pelo Vodafone Paredes de Coura, em 2018. Contudo, na época, a ofensiva militar russa ainda não tinha escalado a nível nacional, apenas com foco em Donbass e na Crimeia. Agora, mais do que nunca, o grupo quer mostrar ao mundo o regime e as atitudes tirânicas russas.
Nesse sentido, as Pussy Riot passaram por Portugal, com a tour europeia Riot Days. No passado dia 8, a Casa da Música, no Porto, acolheu o espetáculo/protesto das ativistas russas. No dia a seguir também houve concerto, mas desta vez no Capitólio, em Lisboa.
Com casa (quase) cheia, o público estava ansioso para se juntar à revolta do colectivo russo, contra a guerra na Ucrânia, e contra as constantes desigualdades que acontecem na Rússia. Assim sendo, antes do grupo liderado pela ativista Maria Alyokhina subir ao palco, passou um QR Code na tela. O porta-voz do grupo explicou que o mesmo servia para doar em favor de um hospital psiquiátrico na Ucrânia. Igualmente, o objetivo da tour é angariar fundos para a Ucrânia. Além disso, o porta-voz explica que iriam passar um filme, com várias imagens recolhidas aos longo dos anos, durante os inúmeros espetáculos e protestos das Pussy Riot. Como também, seria exibido passagens de um livro escrito por uma das ativistas, aquando a sua pena na prisão.
Assim que as Pussy Riot subiram ao palco, o público nunca mais parou. Apesar do início, aparentemente calmo, o grupo, com uma pose quieta, transmitiam mensagens que abalava qualquer uma das pessoas presentes no espaço.
Após os primeiros minutos, a atuação do colectivo russo chegou a outro patamar. As palavras de revolta proferidas canalizavam-se em gestos rápidos e fortes, onde o público, numa espécie de simbiose, não se deixou ficar atrás, com uma energia punk entusiasmante. Depois disso, nem as ativistas, nem o público ficou mais parado. As músicas começaram a subir de tom, assim como as suas mensagens, sobretudo as que eram dirigidas à guerra na Ucrânia e ao presidente russo. Gradualmente, o caos também se instaurava no palco, com mesas reviradas, instrumentos espalhados, e garrafas de plásticos por todo lado. A meio disso, uma das ativistas lançou água para o público, onde este respondeu de imediato, e com vontade por mais banhos. De seguida, os gritos de revolta dirigiram-se aos presos políticos russos, dos quais o colectivo russo exigia a libertação.
Mesmo antes do final do espetáculo, juntaram-se no palco mais duas integrantes das Pussy Riot. Assim sendo, este último momento foi dedicado ao feminismo, com uma apresentação provocadora.
Nesse sentido, num palco em que cada objeto já não estava no seu lugar inicial, parte da banda simulava gemidos, enquanto as restantes simulavam o êxtase sexual, orgasmos e até masturbação. Uma clara mensagem feminista, que o seu corpo não é um objeto, e não é uma propriedade. Enquanto isso, um dos elementos das Pussy Riot circulava pelo palco, empenhando parte da bateria. Sem deixar de rufar o tambor, dirigiu-se à linha da frente, e lá deixou o tambor, que prontamente foi vibrado por algumas pessoas da plateia.
Com o término do concerto, sentia-se a vibração da plateia em todo o Capitólio. Um público que nunca parou, para uma banda que nunca vai parar até existir justiça social.