© Warner Bros and ©Columbia Pictures (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Quentin Tarantino recusa-se a ver Dune de Denis Villeneuve, e esta é a razão

Na constelação do cinema contemporâneo, onde originais parecem ser uma espécie em via de extinção, surge uma voz dissonante contra os filmes “Dune”: Quentin Tarantino.

Sumário:

  • Tarantino recusa-se a ver os novos filmes de “Dune” por convicção artística, criticando a reciclagem de histórias em Hollywood;
  • Em entrevista, comentou com ironia a dramatização de “especiaria”, sinalizando o seu desinteresse nas adaptações recentes de “Dune”;
  • Para Tarantino, a indústria cinematográfica perdeu originalidade, e a sua recusa é um desafio à criatividade de Hollywood.
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Imagina um realizador que olha para o horizonte cinematográfico contemporâneo e simplesmente diz “não” – não por birra, mas por convicção artística. Este é Quentin Tarantino, o maverick do cinema que recusa mergulhar no universo de “Dune” com a mesma intensidade com que outrora mergulhava nas narrativas mais inusitadas do cinema.

A provocação por trás da recusa

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© Denis Makarenko via ShutterStock (ID: 1431302669)

Numa explosão de sinceridade que só Tarantino sabe fazer, o realizador revelou no podcast de Bret Easton Ellis os motivos por detrás da sua ausência voluntária nos filmes de Denis Villeneuve. “Não preciso de ver um filme que diz ‘especiaria’ de forma tão dramática”, declarou, num comentário que é simultaneamente mordaz e hilariante.

Mas a sua crítica vai muito além de uma simples piada sobre a pronunciação dramática da palavra “especiaria”. Na verdade, Tarantino está a desferir um golpe cirúrgico contra o atual estado de Hollywood  – um mundo dominado por remakes, adaptações e reciclagem de histórias já contadas.

Tarantino já viu a versão de David Lynch de “Dune” “algumas vezes”. Para ele, não há necessidade de revisitar um território já explorado. A sua crítica é sistémica: “Um após o outro, remake após remake”. “Ripley”, “Shogun“, “Dune” – para Tarantino, são apenas sintomas de uma indústria criativa moribunda.

O contexto histórico de Dune

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© Dino De Laurentiis Company

Não é a primeira vez que “Dune” chega aos ecrãs. Desde a versão cult de Lynch em 1984, passando pela minissérie de 2000, até aos filmes recentes de Villeneuve (Prime Video), a história de Frank Herbert tem sido um desafio cinematográfico persistente. Cada adaptação traz a sua própria visão, mas Tarantino parece cansado deste ciclo interminável de reinterpretações.

Como criador de obras absolutamente originais como “Pulp Fiction” e “Inglourious Basterds“, Tarantino personifica uma abordagem cinematográfica que privilegia narrativas frescas em vez de reinterpretações como vemos em “Dune”. A sua crítica não é pessoal contra Villeneuve – aliás, reconhece-o como um realizador aclamado – mas sim um protesto contra um sistema que parece ter perdido a capacidade de criar.

O que Tarantino está realmente a fazer é muito mais do que recusar ver um filme. Está a lançar um desafio à indústria cinematográfica: onde estão as histórias originais? Onde está a coragem de criar algo verdadeiramente novo? A ironia não passa despercebida. Um realizador conhecido por misturar géneros e homenagear o cinema do passado critica agora o ciclo de remakes. Mas há uma diferença crucial: Tarantino reinventa, não simplesmente reproduz.

Então, caro leitor, quando foi a última vez que saíste do cinema verdadeiramente surpreendido por algo completamente original? Concordas com Tarantino sobre “Dune” ou achas que isto é um grande exagero? Partilha nos comentários!



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3 thoughts on “Quentin Tarantino recusa-se a ver Dune de Denis Villeneuve, e esta é a razão

  • É hilariante que um tipo cuja obra é essencialmente um amontoado de pastiches de outras obras venha com esta conversa.

  • os filmes com 25/ 30 anos de ficção
    científica, sofrem grandes alterações, muito porque a tecnologia daltura não permitia, muitas vezes, fazer jus aos livros. Muito ficava por mostrar e contar, se no caso de muitos remakes até pode existir falta de originalidade, neste caso concreto falha redondamente, porque foi um sucesso total e nainha opinião muito bem conseguido. Quanto á falta de originalidade é verdade não existem muitos filmes com estórias novas e que empolguem.

  • Quando é que realizadores como Quentin ou Spielberg não exploram a epopeia dos descobrimentos Portugueses por exemplo descoberta caminho marítimo para a Índia . Isso sim daria uns filmes dignos do grande ecrã

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