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Retrospectiva Áustria | Paul Wenninger e a sua animação na MONSTRA 2025

A MONSTRA regressa a Lisboa entre os dias 20 e 30 de março, com sessões por toda a capital. No seu primeiro fim de semana, no âmbito da retrospectiva austríaca, decorreu a sessão de homenagem a Paul Wenninger. Ao todo, pudemos ver cinco curtas-metragens inventivas. 

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No dia 22 de março, sábado, Fernando Galrito, o diretor artístico e de programação da MONSTRA, apresentou uma sessão especial de homenagem ao cineasta austríaco Paul Wenninger. O realizador esteve presente na sala para defender a sua produção cinematográfica, a qual se faz de pequenos filmes criativos que casam a imagem real e a animação.

Trespass (2012)

Tresspass MONSTRA Retrospetiva Áustria: Paul Wenninger
©MONSTRA

“Transgredir” pode significar uma intrusão, mas também pode ser uma entrada não autorizada ou, em termos jurídicos, “uma perturbação doméstica”. “Trespass” (2012), o filme de animação de dez minutos de Paul Wenninger, joga com todos estes significados, neste tour de force tecnicamente impressionante, variado e preciso.

Paul Wenninger é um sujeito pleno no seu filme, contribuindo ativamente para todos os momentos. Sem diálogos e sem grandes elementos externos, Wenninger é o foco central de todos os elementos narrativos. Aqui, o grande ímpeto é a união entre a imagem real e a animação. Nesta obra rica de dez minutos, a penetração do mundo exterior é abrupta e variada.

Este trata-se de um exercício ambicioso de stop-motion, muito cativante do ponto de vista técnico e capaz de nos tirar do sério.


Uncanny Valley (2015)

Uncanny Valley | Áustria: Paul Wenninger
©Monstra

“Uncanny Valley” é outro exercício nobre por parte de Paul Wenninger, numa narrativa que se suporta no valor da surpresa. Neste filme somos bombardeados pela intensidade física e psicológica de uma batalha entre soldados na Primeira Guerra Mundial. Cada ‘frame’ deste pedaço de animação revela uma porção de história dramática. A futilidade da guerra, a agonia do conflito e a luta pela sobrevivência, a irmandade, a insanidade de todo este processo.

Sem grandes surpresas, “Uncanny Valley” é um pesadelo hipnótico, uma revelação que à primeira vista é impossível de esquecer. No início, pensamos que Paul Wenninger nos está a levar para a o passado mas, na realidade, um diorama representa dois jovens soldados nas trincheiras. Somos mergulhados no interior deste diorama: os soldados imóveis ganham vida, há terror nítido nos seus rostos, a câmara dança em seu torno – há explosões, caos, nevoeiro – tudo voa no ar. Com cada tiro, estremecem e curvam-se.


Dead Reckoning (2016)

Paul Wenninger: Dead Reckoning
©MONSTRA

“Dead Reckoning” é uma meditação sobre azar. Aqui, duas instâncias animadas da mesma personagem interagem enquanto esta segue a máxima: “come, bebe e sê feliz, pois amanhã estaremos mortos”.

“Representando de forma tangível num live-action pixelizado, a nossa personagem aventura-se pela cidade. Depois de enfrentar tempos difíceis, uma nova instância desenhada, desta vez da sua mortalidade, guia-o até ao destino final”.

Em apenas três minutos, Paul Wenninger, em conjunto com Susana Young, reflete sobre a vida e a morte e alternando entre imagem real e animada. Um destaque na presente edição da MONSTRA.


O (2021)

MONSTRA - O
©MONSTRA

Voltamos a ver, numa nova sessão da Monstra, o filme “O”, que havia já sido exibido na Cerimónia de Abertura do Festival de Animação de Lisboa. Agora, temos a ocasião de rever esta pequena obra, na qual o realizador é também o sujeito que protagoniza.

Um dançarino tornado cineasta evita movimentos desnecessários numa moradia na Bretanha, incorporando um estado descrito por Paul Virilio como “Inércia Polar”. Paul Wenninger perpertua-se, imagem atrás de imagem, mantendo-se, no entanto, imóvel num salão inicialmente vazio com as suas costas perpetuamente voltadas para a parede e, acima de tudo, para as janelas. O tempo passa enquanto a relação entre o exterior e o interior é abalada, mesmo que as vistas exteriores, concedidas ao espectador, consistam sobretudo em projeções: árvores, praias, parques gravados em time-lapse.


Slow as Light (2022)

Slow as Light na MONSTRA
©MONSTRA

Paul Wenninger fecha esta sua sessão com experimentalismo puro e duro: em interação com ‘Engelsam, en jeu’, obra coreografada em 2018 por Katja Fleig, este “Slow as Light” explora as facetas expressivas de um encontro de corpos capturado na vida real e, ao mesmo tempo, visto através do prisma de uma construção imaginária transcendente.

Um artista com grande inventividade, Paul Wenninger é homenageado nesta retrospectiva austríaca. Aqui, a sua obra de animação com atenção nunca antes tida. 



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