Robert Pattinson como Batman | Prós & Contras

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Robert Pattinson será o novo ator a encarnar Bruce Wayne e o seu alter-ego justiceiro no grande ecrã. Como sempre acontece com Batman, esta decisão tem causado polémica.

Depois de ter protagonizado dois filmes do DCEU, “Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça” e “Liga da Justiça”, Ben Affleck abandona o papel de Batman. Considerando a má reação crítica que estes filmes receberam e a hostilidade dos fãs para com o casting do ator, este desenvolvimento não surpreende, mas deixou um vácuo a ser preenchido nos filmes da DC Comics. Afinal, se não Affleck, quem é que seria o ator principal do próximo filme a solo do cavaleiro das trevas?

Há menos de um mês, foi finalmente anunciado que “The Batman” de Matt Reeves, que tem estreia prevista para 2022, iria ter, como ator principal, Robert Pattinson. A escolha do ator que se tornou famoso por filmes como “Harry Potter e o Cálice de Fogo” e a saga “Twilight” criou controvérsia no seio da comunidade de fãs e cinéfilos que têm seguidos os filmes da DC, algo que não é inesperado considerando a história cinematográfica desta particular personagem.

Há que recordar que, antes da estreia do primeiro “Batman” de Tim Burton em 1989, muitos eram aqueles que protestaram contra a escolha de Michael Keaton no papel titular. Na época, Keaton era principalmente conhecido como uma estrela de comédias e a opinião pública estava contra ele, sendo, para muitos, impossível imaginá-lo como um super-herói amargurado.

No final, ele havia de ser reconhecido como um dos melhores Batmans de sempre e ainda hoje muitos fãs apontam para ele como um dos exemplos a seguir em termos de caracterização da dicotomia Wayne/Batman. Mais caricata ainda foi a situação com Heath Ledger, que foi uma escolha igualmente criticada para o papel de Joker, mas acabou por dar talvez a melhor prestação em qualquer filme de super-heróis já feito e mereceu um Óscar póstumo para o ator australiano.

Com Pattinson, os ciclos de ultraje voltam a marcar presença e só nos resta especular se os fãs zangados estão certos ou se a potencial glória futura do filme irá justificar a escolha deste ator. O que nós, aqui pela MHD, nos perguntamos é se este ultraje é minimamente justificável. Porque é que os fãs estão tão insatisfeitos e que fatores contribuem para essa mesma reação e para a efetiva escolha dos estúdios. Com tais questões em mente, apresentamos aqui uma lista de prós e contras para tentar descortinar esta mesma controvérsia em volta de Robert Pattinson e Batman.

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CONTRA
Reputação do Ator para Audiências Mainstream

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A Saga Twilight: Amanhecer Parte 2 | © NOS Audiovisuais

Quando a maior parte das pessoas pensam em Robert Pattinson, provavelmente pensam em “Twilight” e Edward Cullen. Esse papel nas adaptações literárias dos livros super populares de Stephenie Meyer garantiu o estrelato ao ator inglês, mas também o marcou para sempre com infâmia e uma má reputação. Veja-se, por exemplo, como esta saga ceifou a Pattinson seis nomeações para os Razzies, não obstante o seu sucesso comercial.

De facto, mesmo em festivais de cinema, ainda é comum ver filmes de Patinson serem apresentados com uma referência a “Twilight” e uma garantia de que o ator é capaz de fazer mais que ser um vampiro deprimido que brilha à luz do Sol. Se até em círculos cinéfilos de festivais obscuros isto acontece, então é porque para a maioria do público Robert Pattinson é sinónimo de Edward Cullen. Há que dizer, contudo, que se encontra um certo sexismo na reação virulenta contra os livros e filmes da saga “Twilight”.

Trata-se de um produto pueril focado numa audiência feminina adolescente que, por alguma razão, é infinitamente mais ridicularizado que um produto pueril focado num público adolescente masculino, como os “Transformers”. Com isso dito, os filmes sobre estes vampiros são realmente maus e Pattinson não traz nada de positivo ao seu papel e parece ocasionalmente estar aborrecido com o seu próprio trabalho. Não admira que esta associação a Edward Cullen seja veneno. Ninguém quer um Batman interpretado por um ator desinteressado ou um dispendioso blockbuster de super-heróis nomeado para montanhas de Razzies. Nesse aspeto, podemos entender o pânico de muitos fãs.




PRÓ
Trabalho Recente em Filmes Independentes

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Cosmopolis | © Leopardo Filmes

As audiências mainstream principalmente conhecem Robert Pattinson pela saga “Twilight”. Algumas almas perdidas talvez se lembrem da sua participação em “Harry Potter e o Cálice de Fogo” ou “Lembra-te de Mim”, outro romance juvenil que valeu a Pattinson uma indicação para os Razzies. No entanto, fora do mundo dos estúdios de Hollywood, o ator tem vindo a construir uma filmografia admirável, cheia de papéis desafiantes e trabalho com atores e realizadores no píncaro das suas capacidades artísticas.

Cosmopolis” e “Mapa para as Estrelas” de David Cronenberg, “Rainha do Deserto” de Werner Herzog, “Life” de Anton Corbijn, “A Infância de um Líder” de Brady Corbet, “A Cidade Perdida de Z” de James Gray, “Good Time” dos irmãos Safdie, “High Life” de Claire Denis e “The Lighthouse” de Robert Eggers são somente alguns dos muitos títulos com que Pattinson tem vindo a marcar presença em círculos festivaleiros e cinéfilos desde que se livrou da prisão contratual de “Twilight”. Tal como Kristen Stewart, sua colega na infame saga, fez, Pattinson abandonou as grandes produções de Hollywood e virou-se para trabalho que o desafiou enquanto artista. Tal como Stewart, o resultado de tais esforços foi uma nova fase da sua carreira como uma espécie de rei do cinema de Arte.

O melhor de tudo é que não são só os filmes ou as escolhas de realizador que dão valor a tais aventuras do ator. Robert Pattinson é legitimamente estupendo na maior parte destes filmes, demonstrando uma surpreendente capacidade camaleónica para se subsumir dentro de personagens com tiques e sotaques estranhos e presenças meio desconcertantes. Olhando para trás com Batman na cabeça, o milionário desafetado de “Cosmopolis” parece ser quase uma audição para o papel de Bruce Wayne. Infelizmente, muito mais pessoas viram “Twilight” do que qualquer um destes filmes.




CONTRA
Estilos de atuação incompatíveis

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Good Time | © Midas Filmes

Não obstante o sucesso de Robert Pattinson em projetos independentes e cinema de autor, nada disso implica que ele seja uma boa escolha para o papel de Batman. Nem todos os atores são ideais para todos os papéis e isso em nada invalida as suas capacidades enquanto atores.

Julianne Moore, por exemplo, é uma atriz generalizadamente aclamada pela crítica, mas as suas desventuras por cinema de género, como fantasias ou thrillers de ficção-científica, invariavelmente resultam em performances medíocres. Moore não é uma má atriz, mas o seu estilo naturalista e aptidão para retratos psicológicos complexos não garantem uma boa transição para registos mais necessariamente estilizados ou personagens deliberadamente pouco desenvolvidas.

Nenhum dos papéis mais impressionantes da filmografia recente de Robert Pattinson indica que ele tem talento para ancorar um filme de ação, um blockbuster de super-heróis ou qualquer tipo de projeto semelhante. Afinal, as poucas vezes que Pattinson tentou mostrar as suas capacidades dentro de projetos mainstream, as suas prestações foram infelizes, mesmo que os filmes tenham sido sucessos financeiros. Será que podemos mesmo dizer que a fisicalidade frenética de “Good Time”, o carisma alienante de “A Rainha do Deserto”, a melancolia existencialista de “High Life” ou mesmo o humor inortodoxo de “Damsel” são garantias de um bom Batman? É possível que, como Moore, Pattinson seja um desses grandes atores que vacila sempre que tem de se adaptar a um certo tipo de projeto.




PRÓ
Um Batman fora do comum

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Joker | © NOS Audiovisuais

No slide anterior, referimos que os talentos interpretativos de Robert Pattinson não indicam ou garantem o seu sucesso como Batman. Tal conclusão deve-se à enorme diferença entre os seus projetos mais avant-garde e o apelo mainstream de um blockbuster sobre o cavaleiro das trevas. No entanto, essa mesma incompatibilidade que tememos pode acabar por se revelar como uma mais-valia.

“The Batman” vai ser realizado por Matt Reeves, cineasta responsável por “Nome de Código: Cloverfield”, “Deixa-me Entrar” e os últimos dois filmes da recente trilogia “Planeta dos Macacos”. Todos esses filmes são projetos de estúdio, mas Reeves injetou cada um deles com ambições estéticas invulgares nesse tipo de projetos. Os filmes do “Planeta dos Macacos”, em particular, pegam no modelo estabelecido pelo franchise e desenvolvem algo semelhante a uma tragédia de tempo de guerra, onde podemos até encontrar algo semelhante a um estudo de personagem do seu protagonista primata. Quem sabe se Reeves e Pattinson também não vão pegar no modelo do filme de Batman e com ele desenvolver algo diferente e inesperado.

Na verdade, essa mesma abordagem não surpreenderia, considerando o material promocional que até agora foi divulgado sobre a nova encarnação do Joker. Joaquin Phoenix parece ir interpretar o vilão mais conhecido do Batman numa espécie de retrato psicótico com ares de “Taxi Driver”. Se o DCEU se está a mover na direção de tais experiências tonais, então Robert Pattinson poderá ser a escolha ideal.




CONTRA
Adeus projetos independentes

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The Souvenir | © BBC Films

Até agora, este artigo estabeleceu um conflito entre os fãs do ator que se tornaram fãs devido ao seu mérito em projetos mais independentes e as pessoas que o detestam com base nos seus papéis mais infames em projetos milionários. Contudo, os prós e os contras não se separam por estes campos de forma perfeita. Um dos maiores contras será algo que os grandes fãs de Robert Pattinson, o ator de filmes independentes, trazem à conversa.

Referimo-nos ao facto de que projetos como “The Batman” e os outros filmes que poderão derivar dele são trabalhos que comem imenso tempo e esforço a uma estrela de cinema. Estando ocupado com o DCEU, será que Robert Pattinson continuará a ter tempo para arriscar tudo em projetos pouco convencionais e desafiadores? Olhando para notícias recentes, a resposta parece ser negativa.

Antes da notícia de Batman ser divulgada, Pattinson tinha-se juntado ao elenco do próximo filme da realizadora britânica Joanna Hogg. O projeto consistiria numa sequela a “The Souvenir”, um recente sucesso crítico da realizadora, cujo trabalho com atores tem sido particularmente elogiado pela crítica. Aí, Pattinson iria contracenar com Tilda Swinton, mas parece que tais colaborações acabarão por não acontecer, tendo ele abandonado o projeto. Analisando o timing de tais notícias, parece lógico presumir que “The Batman” e suas obrigações de rodagem e promoção já começaram a dilacerar as oportunidades de Pattinson em filmes mais pequenos. É uma pena.




PRÓ
Apelo comercial

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© Maximilian Bühn

Acima de tudo, acima mesmo de quaisquer considerações artísticas, a decisão de um estúdio tão grande será sempre motivada por interesses comerciais. Para cinéfilos e muitos outros, a saga “Twilight” e os outros projetos medíocres do passado de Pattinson poderão ser algo negativo, mas o facto é que todos esses filmes foram sucessos do box office.

De facto, Edward Cullen muito ajudou Robert Pattinson a tornar-se num nome conhecido dentro do ecossistema de Hollywood. Ele foi um “sex symbol” e um “teen idol”, mas agora é tudo isso e ainda é também um ator respeitado pela crítica e pelos cinéfilos. Pattinson pode trazer controvérsia, mas também traz consigo legiões de fãs fiéis e prestígio cinematográfico.

O ator que em tempos foi Edward Cullen e que viajou com Claire Denis ao interior de um buraco negro é uma escolha obviamente controversa, mas a polémica que ele gerou é também publicidade grátis para a DCEU. No meio da febre da Marvel que “Endgame” despoletou, a surpresa deste casting foi uma maneira da DC Comics manter os seus filmes nas notícias e na psique pública e até de chamar a atenção de meios mais focados em cinema de autor que jamais iriam cobrir um blockbuster deste género noutras circunstâncias.

Com tudo isto em conta, entendemos e até defendemos a escolha de Robert Pattinson para este papel, pois, mesmo que o resultado final seja um desastre, será um desastre interessante e que vai dar muito que falar. Além do mais, uma das componentes principais para se ser um bom Batman é ter um bom maxilar que fique bem com a máscara e lá isso, Pattinson tem.

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Qual é a tua opinião sobre a escolha de Robert Pattinson para o papel de Batman? Concordas com o casting? Opões-te? Esse artigo mudou-te as ideias, porventura? Deixa a tua resposta nos comentários.

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