The Mercy of the Jungle

Rotterdam 2019 | The Mercy of the Jungle, em análise

Joël Karekezi segue dois soldados separados do seu batalhão e perdidos por uma floresta densa no ceio de uma das batalhas mais sangrentas dos últimos 25 anos. “The Mercy of the Jungle” é uma reflexão sobre a guerra, apresentada durante o International Film Festival Rotterdam e que podes ver no Festival Scope.

Kivu é uma região na República Democrática do Congo que se encontra numa das batalhas mais sangrentas dos últimos 25 anos, escondida numa das florestas mais densas do mundo, e alimentada pelo desejo de controlar as fontes minérias da região, vitimizando não somente soldados como milhares de civis que são apanhados no meio do conflito.

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Depois de uma introdução factual fundamental à compressão do filme, das suas origens, e da sua grande missão, vemos um bando de pássaros que voa livre pelos céus de uma floresta cujos habitantes são tudo menos livres. Soldados, civis, e rebeldes estão presos à força dentro dela e as ameaças humanas são apenas o início dos perigos que ela esconde.

Inspirada numa história atual escondida da população internacional, “The Mercy of the Jungle” leva-nos a um cenário fictício mais realistas do que muitos documentários. Seguimos o percurso do sargento Xavier e do seu batalhão, cujo objetivo é o de capturar genocidas. Este é um dos primeiros pontos fortes da obra de Joël Karekezi. O realizador poderia ter “largado” o espectador no meio do campo de batalha, iniciando o filme com ação e confusão, deixando o público juntar as peças. Pelo contrário, ele introduz-nos ao pano de fundo, aos eventos que nos trouxeram ao banho de sangue que abre a obra, dando-nos contexto importante.

The Mercy of the Jungle

Juntos são fortes, contudo, tudo muda quando devido a um percalço, Xavier e o novato Faustin se separam do batalhão. As estradas são demasiado perigosas e, mais uma vez sem escolha, fogem para a floresta, filmada maravilhosamente. Os planos apertados e os planos gerais onde somente se vê a vegetação que engole as personagens (metafórica e literalmente), dão-nos uma sensação de claustrofobia e de incerteza. Na estrada os perigos são humanos (e ser-te-ão revelados a seu tempo), mas na floresta estes são muito diferentes: pouca visibilidade, serpentes, predadores de todas as variedades, e o desconhecido.

Contudo, não é só de escuridão que é feita a floresta e Karekezi faz questão de nos mostrar igualmente a sua beleza, mesmo que por breves momentos, antes de regressar à realidade. Até a música, normalmente sombria e em tons agudos, se distrai para tons harmoniosos e doces, quase esquecendo os horrores que esperam Xavier e Faustin.

No ceio disto tudo, confissões são feitas e segredos são partilhados, viajando um pouco pelo psicológico dos dois soldados, pelas suas motivações e pelos seus arrependimentos. Será realmente o seu lado da guerra honroso? Uma reflexão sobre o que realmente é a guerra, mostrada da forma mais cruel possível (e a mais realista). Haverá mesmo heróis e vilões? Xavier e Faustin descobrirão a resposta da pior forma.

Xavier e Faustin serão levados ao limite, ao seu verdadeiro carácter, na esperança de reencontrar o seu batalhão e a segurança que este proporciona. Uma história a não perder, disponível no Festival Scope para ver até 24 de fevereiro!

The Mercy of the Jungle, em análise

Movie title: The Mercy of the Jungle

Director(s): Joël Karekezi

Actor(s): Stéphane Bak, Marc Zinga, Ibrahim Ahmed

Genre: Drama

  • Ângela Costa - 85
85

CONCLUSÃO

Mergulha no ceio de uma guerra esquecida pelo mundo mas que aterroriza milhares de pessoas diariamente numa obra reflexiva e que te mostra o pior e o melhor do mundo.

O MELHOR : A realidade com que Joël Karekezi retrata as consequências da guerra e o modo como este filma a floresta que a engole e esconde.

O PIOR: Não existe nada de significativo a assinalar.

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