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Shrinking, primeira temporada em análise

Estreada na Apple TV+ a 27 de janeiro de 2023 e já inteiramente disponível, depois do lançamento semanal capítulo a capítulo, “Shrinking” é uma nova comédia dramática comovente acerca do processo de luto. O que acontece quando um terapeuta começa a ser brutalmente honesto com os seus clientes? Muita coisa boa e muito caos, nesta comédia enternecedora protagonizada e co-criada pelo sempre encantador Jason Segel. 

Uma criação do seu protagonista Jason Segel (“How I Met Your Mother”) , hábil escritor de comédia (responsável, por exemplo, por assinar “Forgetting Sarah Marshall”), de mãos dadas com Bill Lawrence (“Ted Lasso”, “Cougar Town”) e Brett Goldstein (o Roy Kent de “Ted Lasso”, produtor e escritor dessa mesma série), “Shrinking” é uma das mais enternecedoras comédias dramáticas dos últimos tempos. Co-criada por parte da equipa de “Ted Lasso”, a sua honestidade emocional denota vários pontos de contactos, os quais são suficientes para garantir que os fãs de uma destas séries também serão, provavelmente, fãs da outra.

A premissa de “Shrinking” é também ligeiramente semelhante à de “After Life”, com Ricky Gervais e criada pelo mesmo. Todavia, ao invés de agressão e isolamento, o protagonista deste novo conteúdo Apple TV+ responde à tragédia com caos e comportamentos impulsivos. “Shrinking” tem um ponto de partida deveras simples. Somos apresentados a Jimmy, um terapeuta no início da casa dos 40 que perdeu a sua esposa há cerca de um ano. O processo de luto não está a correr bem, e a fase da aceitação ainda vai longe.

Shrinking
“Shrinking” e as suas conversas francas| © 2023 Apple Inc. All rights reserved.

Perante a partida inesperada da sua esposa, Jimmy tem dificuldade em encarar o seu dia-a-dia, e em particular a sua filha adolescente, Alice (Lukita Maxwell), extremamente parecida com a sua esposa falecida. Jimmy só começa a recuperar verdadeiramente quando decide quebrar todas as regras e envolver-se em demasia na vida dos seus pacientes. Quando Jimmy começa a ser brutalmente honesto, as suas sessões de terapia começam a dar frutos imprevisíveis. As linhas éticas tornam-se pouco claras, mas à medida que Jimmy se vai imiscuindo cada vez mais na vida dos seus pacientes, também a sua própria vida vai recuperando parte do seu sentido.

Um belo tratado acerca de luto, “Shrinking” sabe equilibrar a comédia e o drama em igual medida, sendo ocasionalmente hilariante mas também potencialmente devastador. Sem nunca perder o seu tom agridoce, a série mostra-nos a importância de uma comunidade forte no que diz respeito ao trabalho rumo a ultrapassar o trauma.




São as relações que ditam o sucesso deste conteúdo televisivo: em primeiro lugar, a relação pouco apropriada de Jimmy, mas tão bem sucedida, com Sean (Luke Tennie), um jovem paciente que regressa do seu serviço militar com uma enorme agressividade dentro de si. Jimmy acolhe Sean quando os seus pais são incapazes de o compreender, e desde o primeiro episódio que se desenvolve aqui uma das relações mais dinâmicas, invulgares e ricas da série.

Ao longo desta primeira temporada de 10 episódios, Jimmy procura também reparar a sua relação com a filha, Alice, severamente danificada ao longo de um ano de distanciamento emocional. E enquanto Jimmy se encontrava perdido, foi Liz (Christa Miller, de “Cougar Town”) que esteve lá para lhe amparar a queda e ajudar a criar a sua filha. Christa Miller está tão competente quanto encantadora no papel de Liz, embora, para quem conheça “Cougar Town”, esta personagem seja perigosamente parecida a Ellie, embora um pouco mais insegura.

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Jason Segel e Harrison Ford como uma dupla inesperada e bem-vinda | © 2023 Apple Inc.

Todavia, as duas figuras mais determinantes da narrativa são mesmo Jessica Williams e Harrison Ford como os colegas e confidentes de Jimmy, a Dra. Gaby e o Dr. Paul Rhoades. No papel de melhor amiga, confidente e potencial interesse romântico, Jessica Williams está impecável, energética e contagiante. Quanto a Harrison Ford na pele do mentor de Jimmy, um terapeuta de sucesso que luta contra a Doença de Parkinson. é uma verdadeira revelação. Um veterano de ação e aventura, Ford não é conhecido pelos seus dotes cómicos, mas o registo seco que mantém, do início ao fim, contrasta eficazmente com a energia caótica e adorável sempre emanada por Jason Segel, resultando num jogo de antónimos curioso e proveitoso para a narrativa.

Como uma pequena adição sorridente, temos Michael Urie como Brian, o caloroso melhor amigo de Jimmy. Praticamente um ícone gay, Urie destacou-se como Marc em “Ugly Betty” ou na comédia de natal “Single All the Way”, e aqui encarna um pequeno mas valoroso papel. Em geral, “Shriking” é decididamente uma série de elenco, na qual cada membro enriquece o enredo geral. Embora o enredo seja bastante simples, é da execução que retiramos o verdadeiro valor da história.

E depois de um “falso alarme” relativo a um final feliz e idílico, “Shrinking” introduz, nos últimos minutos, a sua motivação para uma segunda temporada. Aliás, a série foi logo em março, antes de acabar a sua emissão, renovada para uma segunda temporada. Por este lado, continuaremos a acompanhar as aventuras de Jimmy e companhia.

TRAILER | SHRINKING – PRIMEIRA TEMPORADA JÁ NA APPLE TV+

Shrinking, primeira temporada em análise
Harrison Ford

Name: Shrinking

Description: Jimmy tem dificuldades em lidar com a perda da esposa e continuar a ser um pai, amigo e terapeuta. Decide então optar por uma nova abordagem junto de quem se cruza no seu caminho: honestidade pura e dura. Será que conseguirá ajudar-se ao ajudar outros?

Author: Maggie Silva

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  • Maggie Silva - 85
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CONCLUSÃO

“Shrinking”, criado por parte da equipa por detrás de “Ted Lasso”, é mais uma comovente proposta por parte da Apple TV+ e mais uma razão para ativar a subscrição. Jason Segel é um excelente protagonista, numa série que se manifesta como uma convincente produção de elenco.

Pros

  • Jason Segel é sempre um protagonista à altura;
  • A química com Harrison Ford é bem-vinda e inesperada;
  • Um tratado emotivo acerca de perda;
  • Mudanças tonais bem orquestradas.

Cons

  • Enredo deveras simples, com o qual o argumento sabe jogar.
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