Kevin & Dan Hageman |© Nickelodeon

Star Trek: Prodigy | À conversa com os criadores da série

“Star Trek: Prodigy” é a nova aposta do Nickelodeon, uma série que promete ser o ponto de entrada para novos fãs e reavivar a paixão dos existentes. A MHD esteve à conversa com os criadores, Kevin e Dan Hageman e Ben Hibon.

Trekkies assumidos, os irmãos Hageman são uma dupla norte-americana de guionistas e produtores. Os seus trabalhos mais conhecidos incluem as séries “Ninjago: Masters of Spinjitzu” e “Trollhunters”, e os filmes “Hotel Transylvania”, “The LEGO Movie”, “Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro” e “Os Croods – Uma Nova Era.” Para “Prodigy”, Kevin e Dan contaram-nos que o objetivo é que a série seja um ponto de entrada para novos fãs e que faça os existentes redescobrirem a sua paixão pelo universo. Para isso, Ben Hibon explicou que o facto de a série ser uma animação deu-lhes a liberdade de criar algo completamente único, que permitirá depois a ponte para os restantes filmes e séries Trek.

“Star Trek: Prodigy” decorre no ano de 2383, cinco anos após o regresso da U.S.S. Voyager à Terra no final de “Star Trek Voyager.” A série acompanha uma equipa heterogénea de jovens aliens de várias espécies que encontra uma nave Starfleet abandonada, a U.S.S. Protostar, na colónia prisional de Tars Lamora. Assumindo o controlo da nave, eles viajam do Quadrante Delta para o Quadrante Alpha, procurando nas estrelas uma vida melhor. Guiados por um holograma de treino, esta equipa algo trapalhona aprende através de tentativa e erro como controlar a nave e usar a sua tecnologia, que inclui um tradutor universal, o que lhes permite encontrarem uma linguagem em comum e comunicarem entre si pela primeira vez.”

 

MHD: Qual a ligação de “Star Trek: Prodigy” às séries que estão em andamento?

Kevin Hageman: Bom, podemos dizer que decorre no ano de 2383, que são alguns anos após “Voyager”, dois anos após “Lower Decks” e antes de “Picard.” Queríamos criar uma série que estivesse em linha, apesar de ser uma animação, não acreditamos que isso fosse motivo para não o fazer.

Dan Hageman: Sim, por isso é que será possível ver algumas personagens do universo de “Star Trek” ao lado das nossas [“Prodigy”].

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Os protagonistas de “Star Trek: Prodigy”: Jankom Pog, Zero, Gwyndala, Janeway,
Dal R’El, Rok-Tahk e Murf | © Nickelodeon

MHD: Podemos contar com ação e aventura ao género de “Trollhunters”? Quais as inspirações usadas para “Prodigy”?

Kevin Hageman: O Dan e eu dizemos sempre que escrevemos partes iguais de ação, humor e coração. Na realidade, penso que colocamos sempre mais coração, e só depois ação e humor. E foi o que fizemos para “Prodigy”, é o mesmo ADN. A única coisa que creio que adicionamos foi a ciência, e isso foi algo que quisemos mesmo respeitar. Tivemos uma consultora fantástica, a Dra. Erin Macdonald, que realmente foi uma ajuda divina.

Dan Hageman: Creio que irás encontrar semelhanças. Em “Trollhunters”, tinhamos miúdos mesmo reais, ao passo que os nossos são aliens, mas que vão ser percepcionados como miúdos reais. O desejo de ter uma nave espacial, percorrer o espaço e descobrir novos mundos..

MHD: Um sonho para todas as crianças…

Kevin Hageman: [risos] até para mim que sou um homem na casa dos 40!

Dan Hageman: Penso que também aprendemos as lições mais importantes ao falhar, não necessariamente ao ter sucesso. E, creio que isso é uma aprendizagem muito importante para os miúdos, e para os adultos – ser capaz de aprender com os nossos erros.

MHD: “Prodigy” pretende ser uma série para crianças ou ser mais abrangente e chegar também ao público adulto?

Ben Hibon: Estamos na expectativa que gere uma conversa, na realidade. Creio que estes pontos de ligação ao universo Trekkie servirão tanto para novos fãs, como também para os existentes, ao terem a oportunidade de redescobrir as coisas que os levaram a apaixonar-se pelo Trek, à medida que os seus filhos e novos fãs vão aprendo os diferentes aspetos do universo – quer técnios, quer conceptuais. Penso que os fãs poderão voltar a despertar a sua paixão e descobrir mais com “Prodigy.” A narrativa tem bastantes camadas e complexidade, por isso creio que irá chegar tanto ao público mais jovem, como ao mais adulto – penso que isso é algo que eu e o Kevin escrevemos bastante bem. Nunca é demasiado simples, ou apenas para crianças. Acho que tem aspirações muito maiores, e a verdade é que os miúdos são muito espertos e sofisticados, aprendemos muito com eles. Na realidade, estamos sempre a aprender, não é?

Dan Hageman: Sim. Gosto que estejamos a desafiar uma audiência mais vasta com conceitos maiores, e está tudo bem. E ao mesmo tempo, a desafiar adultos – estamos a dar-lhes o Murf [risos] e eles estão a apaixonar-se por ele. Todos viamos desenhos animados aos sábados de manhã, e essa parte de nós nunca chega a morrer. Penso que estamos a relembrá-los da diversão e aventura desses momentos, e é maravilhoso.

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MHD: Com o retorno de Janeway podemos contar com mais elos de ligação a “Star Trek: Voyager”?

Kevin Hageman: O holograma Janeway. Sim, existirão ligações, mas não queremos que sejam apenas referências ao “Voyager”, apesar de elas serem muitas. Queremos que também existam ligações a outras séries que partilhem a mesma linha temporal. Por isso, podemos dizer que existirão muitas surpresas.

MHD: Tem existido rumores à cerca de uma grande ligação entre “Prodigy” e “Discovery”, o que nos podem contar?

Dan Hageman: Existem muitas personagens, e temos sido capazes de guardar muitos segredos. Aliás, acho que só recentemente é que encontrei uma pessoa que conseguiu compreender todos os aspectos da linha temporal. Não vou revelar quem foi, mas acertou em cheio e até cheguei a mostrar a linha de pensamento na sala de guionistas. Por isso, é possível juntar os pontos. Por exemplo, a que espécie pertence Murf, algo que só vi essa pessoa a acertar também. Existirão muitas surpresas.

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Murf, descrito como uma criatura disforme e pegajosa de origem desconhecida | © Nickelodeon

MHD: Que elementos foram mantidos em relação ao que estava para trás na Saga, e quais são novos e originais em “Prodigy”?

Kevin Hageman: Bom, chamamos à nossa sala de guionistas The Greatest Hits, afinal estamos a apresentar o universo a um novo público; “porque é que gostamos tanto de Trek?”, “quais são os nossos episódios favoritos?” – estas as perguntas são o nosso ponto de partida. E acho que verás o reflexo disso em cada um dos dez episódios. Quer seja sobre “Star Trek: O Primeiro Contacto” [filme de 1996], ou sobre o teste Kobayashi Maru [exercício para testar os cadetes da Starfleet Academy], ou simplesmente sobre o holodeck. Temos o privilégio de poder demorar o nosso tempo e apresentar todos estes elementos ao nosso público. Existe todo um leque que tomamos como garantido, por isso vamos ensinar aos mais novos o que é um tricorder. Estamos a entrar num novo mundo.

Dan Hageman: Creio que a ideia que Gene Roddenberry teve para “Star Trek”, ainda nos anos 60, a de um futuro otimista com a humanidade a dar o melhor de si, é algo a que nos queremos agarrar. Pensando no que torna a nossa série única, é descrever essa luz, como ela é vista pelo outro lado, mais escuro, da galáxia.

Kevin Hageman: Sim, são os nossos miúdos [o grupo de protagonistas da série] a descobrir a Federação dos Planetas. Não é só a humanidade, são os planetas a unirem-se para alcançar algo ótimo, e acho isso maravilhoso! A nossa equipa é um microcosmos disso.

MHD: Então podemos dizer que “Prodigy” é direcionada a audiências mais novas…

Kevin Hageman: E alguns mais velhos, que nunca tenham visto “Trek.”

MHD: Sim, para todos os que nunca tenham tido contacto com este universo.

Kevin Hageman: Exatamente.

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MHD: Sendo esta nova série animação e não live-action, de que forma é que isso permitiu maior ou menor liberdade criativa?

Kevin Hageman: Bom, são todos diferentes. Para mim pessoalmente, a animação dá-me a liberdade para criar algo especial e diferente de todos as outras série “Star Trek.” Nenhum deles se parece com o que nós fizemos, por isso estou bastante orgulhoso. Por outro lado, a animação só nos permite ter 21,5 minutos para contar uma história, o que é muito pouco tempo. Um dia gostaria de ver uma longa-metragem de animação de “Prodigy,” porque isso iria possibilitar espaço para uma maior discussão, para fazer as coisas ainda maiores.

Ben Hibon: Creio que no universo de “Trek”, existe a oportunidade de analisar o que já foi feito e sonhar com o que ainda há por explorar. Quando pensamos em “Prodigy”, a animação permitiu-nos explorar novos caminhos e por em prática algumas ideias fora da caixa, elementos que num live-action seriam muito dispendiosos ou que seriam bastante difíceis de colocar em cena ao lado de um ator, por exemplo.

De uma certa forma, o facto de ser uma animação deu-nos uma espécie de ‘bolha artificial’ para brincar dentro. A série ganhou um aspeto visual único, que não vemos em nenhuma das outras. Por isso, por muito Trek que a série seja, também conseguimos estabelecer “Prodigy” como um ponto de entrada [no universo] para os recém-chegados. É algo que eles se irão lembrar como sendo deles, a introdução deles, a sua experiência Trek, e uma vez enturmados, podem partir à descoberta de todas as outras fantásticas séries.

MHD: Após “Prodigy”, qual seria a ordem que aconselhavam? Tanto de séries, como filmes.

Dan Hageman: Como a série ainda irá estrear, penso que os pais irão alternar entre “Prodigy” e “Voyager”, por causa da ligação à capitã Janeway. Mas aconselhava a começarem pelos grandes sucessos, tudo depende dos gostos.

Kevin Hageman: É muito difícil. Para meu irmão e eu, o nosso ponto de entrada foi “The Wrath of Khan” [filme de 1982], e foi fantástico! Creio que é uma introdução muito fácil para qualquer fã.

MHD: E agora para terminarmos, qual é a vossa personagem favorita do universo “Star Trek”?

Kevin Hageman: Sou muito fã da série original. A dinâmica entre Kirk e o Spock, esses atores eram fenomenais [referência a William Shatner e Leonard Nimoy]! São personagens que se complementam, Kirk é o coração e Spock o cérebro.

Ben Hibon: Para mim não é tanto em relação às personagens, mas sim o que “Trek” representa. Dos aspetos aspiracionais que foram criado em torno do universo. Na realidade, estou a redescobrir o universo com o nosso grupo de protagonistas.

TRAILER | STAR TREK: PRODIGY ESTREIA NO NICKELODEON A 18 DE ABRIL

Vais aproveitar para (re)descobrir o universo de Trek?

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