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Stowaway, Em Análise

“Stowaway”, novo sci-fi , realizado por Joe Penna, um grupo de astronautas a caminho de Marte, é obrigado a sobreviver em condições adversas.

Numa altura em que a colonização de Marte se apresenta mais perto que nunca, é natural que se comessem a ver cada vez mais produções sobre o tema. O Planeta Vermelho está na moda, mas aqui, não desempenha um papel muito notório, servindo apenas para dar o mote à história.

“Stowaway”, conta-nos a história de 3 astronautas, que a meio de uma viagem de 2 anos até Marte, se vêem numa luta pela sobrevivência, quando a descoberta de um quarto membro na nave, põe em causa a quantidade de recursos que têm para viver. Esta premissa, apesar de não ser nova, pode ter, se utilizada da forma correcta, muito para dar, mas infelizmente, para além de alguns momentos aqui e ali, apresenta-se fraca.

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A principal força deste filme, está na câmara e na maneira como Penna a utiliza. Para além de a fotografia ser muito boa e dotada de planos maravilhosos, muitos deles provenientes de paisagens espaciais, o realizador utiliza todas as ferramentas ao seu dispor, para nos transmitir as dificuldades, claustrofobia e tensão que o espaço do filme emprega. Ao longo do primeiro acto, Joe Penna filma planos de sequência, que nos dão uma noção clara de todo o espaço fílmico e do quão claustrofóbico o mesmo é. A isto , junta-se a escolha de nunca cortar para a Terra, ao longo de todo o filme, nunca abandonamos os astronautas, como se estivéssemos com eles naquele espaço apertado, a sofrer cada desgraça. Todos estes factores contribuem de forma eficaz, para uma sensação de solidão e falta de esperança, que nos vai chegando através das personagens e que contribui para a tensão e sensação de perigo eminente, que o filme tenta passar.

É claro que as escolhas estilísticas não chegam e se a ideia é que nós, como espectadores, nos consigamos pôr no lugar das personagens, é também essencial ter bons actores a desempenhá-las. Felizmente, “Stowaway” tem um elenco muito competente, composto por apenas 4 personagens, interpretadas por, Anna Knedrick (“Um Ritmo Perfeito”, “Nas Nuvens”), Toni Collette (“Hereditário”, “Tudo Acaba Agora”), Daniel Dae Kim (“Lost”, “Hellboy”) e Shamier Anderson. Os 4 actores fazem um excelente trabalho e em conjunto com uma escrita competente, ficamos, logo no primeiro acto, a perceber quem são aquelas 4 pessoas.

Stowaway
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Infelizmente, para além da fotografia, das interpretações dos actores e de algumas escolhas técnicas, “Stowaway” não tem muito para oferecer e parte do problema, começa no conceito, na escrita e na estrutura da mesma. Apesar de o primeiro acto ser muito bom e demonstrar uma grande vontade de quem está atrás das câmaras de fazer um bom filme, a ideia do mesmo desmorona-se depois do incidente inicial, indo cair numa estrutura narrativa que tem muito pouco de novo a dizer. O aparecimento de um dilema entre os astronautas, parece tornar as coisas mais interessantes, também pelas consequências que esse dilema acarreta, no entanto é um dilema que vai e vem sem que nada de significativo aconteça.

A descoberta de um quarto passageiro na nave, apresenta-nos uma infinidade de possibilidades, que vão desde um mistério aliciante a um thriller de suspense à la “Veio de Outro Mundo”, no entanto, Joe Penna e Ryan Morrison, decidiram-se por uma história de sobrevivência que já foi feita e refeita, onde o espaço em si, tem muito pouca relevância e os clichés narrativos começam a vir uns atrás dos outros, transformando momentos com uma pressuposta força sentimental em meras e chatas banalidades.

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É de notar que há momentos onde a tensão existe, momentos esses que resultam devido ao bom trabalho dos actores e à competência da escrita em definir os personagens, no entanto, essa tensão, não tarda a ser interrompida por uma música que para além de soar igual a tantas outras, aparece, muitas vezes, em momentos inoportunos nos quais o silêncio tinha sido uma mais valia.

Para além de tudo isto, a conveniência do guião, é outro ponto fraco do filme, com problemas que surgem de forma pouco natural de maneira a criar dificuldades aos personagens e obrigando-os a tomar decisões difíceis que perdem a sua força emocional pela previsibilidade que carregam.

Apresentando-se com 2 horas, nunca sentimos que o filme se arrasta, mas existem momentos que parecem desnecessários e cuja existência parece apenas servir para tentar uma carga dramática que esses momentos não têm. Para além disto, chegada a resolução do conflito, fica-se com a sensação de que o problema ficou só meio resolvido. Quando os créditos aparecem por cima de um excelente plano final, ficam mais perguntas do que respostas, obrigando-nos a questionar, “Então e agora?”.

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No fim, “Stowaway”, é um filme com um grande potencial, que nunca consegue atingir. É um filme tecnicamente impressionante e com interpretações muitos boas, mas que peca na escrita e na falta de individualidade. É um filme que nos entretém durante duas horas, mas demasiado esquecível para ficar para a posterioridade.

TRAILER | “STOWAWAY”, O NOVO SCI-FI DA NETFLIX

O que achaste de “Stowaway”?

  • Duarte Gameiro - 50
  • Cláudio Alves - 60
55

CONCLUSÃO

“Stowaway”, tem em si muitas forças, mas as fraquezas superam-nas e criam uma experiência esquecível.

Pros

A fotografia

As interpretações dos actores

A escrita das personagens

A introdução de ideias interessantes

Cons

A música

A banalidade da estrutura

A banalidade da história

A escrita

O descartar de ideias interessantes.

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