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The Bear T2, a crítica

“The Bear” voltou em grande para alimentar as expectativas dos fãs. Terá a segunda temporada da série dramática original da FX deixado novamente água na boca por bons motivos?

Tempo. Rigor. Evolução. Recuperação e paciência são palavras que vêm à mente quando penso na segunda temporada da série “The Bear”, de Christopher Storer, disponível no streaming da Disney Plus. Eu fui das pessoas que elogiou imenso a primeira temporada (descobre aqui a minha crítica) e fiquei ansiosa pela segunda parte. Terá a espera valido a pena? A resposta não é direta, nem simples. Quase nunca o é. Não se trata de responder positivamente ou negativamente. Perceberás melhor o que quero dizer com o decorrer deste artigo de opinião.

Muito mudou, mas a essência permaneceu. Voltamos a acompanhar Carmy (Jeremy Allen White, “The Birthday Cake”) que, após o suicídio do irmão, recebe de herança o restaurante da família em Chicago. O jovem cozinheiro continua na luta para honrar o seu legado e criar também a sua própria marca. A ambição e o talento permanecem, bem como as dificuldades financeiras e organizacionais, porque criar um novo restaurante de base tem as suas complicações. É nessa premissa que se baseia esta segunda parte após já termos conhecido as personagens e acompanhado as suas dificuldades a gerir um restaurante à beira da falência.

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Há um afastamento do protagonista da história, o chef Carmy, mas essa direção já se previa desde a primeira parte. Apesar de não me ter surpreendido essa escolha, considerei que foi executada de forma pouco eficaz e várias vezes confusa, o que atrapalhou o bom ritmo apresentado pela primeira vez aos fãs. A série, a meu ver, tirando um ou outro episódio, não perdeu qualidade no desenvolvimento individual, mas sim de episódio para episódio. Ora mostra aproximadamente uma personagem e esquece as outras, ora volta a isolar outra personagem e a sua evolução, chegando até a brincar com o saltar no tempo para adensar, por exemplo, a vida do chef.

Esta estruturação não vai agradar a todos e sei que há até quem tenha desistido de acompanhar a série. Eu não tomei uma decisão tão radical e apreciei a continuidade da história, mas em nada se compara com o trabalho apresentado na primeira temporada.

A dramatização das personagens e a empatia que tínhamos por elas desvanece um pouco nesta segunda parte. Sentimos constantemente que falta alguma coisa e que a história parece não avançar. Já não bastava a confusão na estruturação de episódio para episódio, como também quando a personagem reaparece parece que o tempo não avançou, porque nós não estávamos a ver. Quase como se a vida da personagem tivesse ficado em standby e nada tivesse mudado, o que retira realismo à história, um ponto que tanto elogiei anteriormente. A carga humana não se perdeu, mas no meio de tanta construção literalmente tudo soa oco, construído a partir de paredes frágeis.

Para colmatar esta reconstrução dramática atrapalhada vemos caras bastante conhecidas na série como Jamie Lee Curtis, Sarah Paulson e há gravações em mais espaços que denotam um aumento de orçamento da produção devido ao sucesso alcançado. Contudo, são escolhas que pouco enriquecem a continuidade da história e não salvam os erros cometidos nesta temporada.




The Bear Disney
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O melhor desta parte está na personagem de Sydney (Ayo Edebiri, “What We Do in the Shadows”) que pega na garra que tinha desde o começo e continua a lutar, chegando a ser sócia do chef Carmy no novo restaurante. Com ela aprendemos a importância de liderar, confiar e persistir mesmo que no começo o ganho sejam migalhas. A fé que ela tinha na culinária na primeira temporada é cozinhada e mantém-se quente nesta segunda temporada. Ela quer fazer as escolhas certas e, dê por onde der, ter sucesso – representa muitos jovens que lutam pelos seus sonhos mesmo que isso signifique ter uma carreira instável e precária.

Tina (Liza Colón-Zayas, “Allswell”) também evoluiu, mas sofre do problema do standby. A sua evolução parece forçada e pouco justificada. Todos na equipa tentam crescer profissionalmente e aperfeiçoar-se para estarem no seu melhor no novo restaurante, por isso no que ela é diferente? À cabeça vem a idade e aí é explorada a ideia de estudar e ter formação numa idade já avançada (nunca é tarde, reforça a narrativa) – mas ela não é a única nessa situação. Outras duas personagens enfrentam o mesmo. “O relógio não pára”, “cada segundo conta” são algumas das mensagens em tom de urgência que vão aparecendo mostrando toda uma ambição de evoluir, conciliada com o stress da vida.

O problema mais grave é que numa altura em que toda a equipa devia estar unida estão muito desconectados uns dos outros, cada um na sua jornada individual de evolução. Faz sentido termos isso, mas seria muito mais interessante uma conciliação entre as duas dinâmicas (temos essa execução nos episódios finais), em vez de se perder uma em detrimento da outra.

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“The Bear” tornou-se mais confusa nesta temporada, mas terminou em grande com os dois últimos episódios a parecerem acabados de sair da primeira temporada. Manteve pontos positivos como a fotografia e a cinematografia, mas outros pontos essenciais como o ritmo e a estrutura narrativa perderam qualidade em grande parte do desenvolvimento. Esta segunda parte fala de recomeços, do tempo necessário para se reconstruir e evoluir algo vivo ou inanimado. Resta-nos aguardar por uma terceira temporada que consiga misturar os ingredientes positivos das duas temporadas e regressar com a qualidade primordial da série.

TRAILER | “THE BEAR” ESTÁ DISPONÍVEL NA DISNEY PLUS

The Bear T2, a crítica
  • Rafaela Teixeira - 60
60

Conclusão:

“The Bear” tornou-se mais confusa nesta temporada, mas terminou em grande com os dois últimos episódios a parecerem acabados de sair da primeira temporada.

Pros

  • Fotografia
  • Cinematografia
  • Elenco
  • Humanização

Cons

  • Falta de estruturação entre episódios
  • Personagens desunidas
  • Ritmo
  • Falta de criatividade para gerar empatia
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