The Conjuring 4: Extrema Unção – Análise
Quatro anos após “The Conjuring 3”, Ed e Lorraine Warren estão de regresso para aquela que será, alegadamente, a sua grande última aventura paranormal. A expectativa era muita e, infelizmente, não foi cumprida.
The Conjuring 4 assinala a despedida dos Warren
“The Conjuring” é uma das sagas de terror mais famosas do século XXI, e sem dúvida que se afirmou como a referência em obras acerca de possessão espírita. Para além dos quatro filmes “Conjuring”, temos ainda os muitos spin offs igualmente populares (mas sempre aquém em qualidade), de “Annabelle” a “The Nun“.
Custa-nos a acreditar, e ainda estamos para confirmar a afirmação do estúdio, mas alegadamente “The Conjuring 4: Last Rites”, ou em Portugal “The Conjuring 4: Extrema Unção” é mesmo o final da aventura de Ed Warren (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga), o mais famoso casal investigador de paranormal, inclusive inspirados em duas pessoas reais.
Tudo começou neste universo no ano de 2013, sendo esta uma criação de James Wan, nome muito influente no terror, também responsável por outra saga central do terror contemporâneo – “SAW”. Já este universo Conjuring conta com 7 longas-metragens e uma batelada de curtas-metragens. Em geral, o fenómeno que começou tudo, o mundo “Conjuring”, sempre teve maior sucesso crítico que os seus spin offs, mas todos estes filmes foram, sem excepção, sucessos de bilheteira inegáveis.
Aliás, este mundo já rendeu mais de dois mil milhões de dólares à escala planetária, tornando-se assim o maior franchise de terror da história e o 28.º franchise de maior sucesso na história do cinema. Com estas credenciais, é de estranhar que o estúdio responsável, a New Line Cinema, esteja mesmo a ponderar seriamente “reformar” Ed e Lorraine. Por agora, comentamos a sua alegada derradeira aventura.
Promessa frustrada dentro do famoso universo
Em Portugal, “The Conjuring 4: Extrema-Unção” depressa se tornou num gigante êxito de bilheteira, com mais de 80 mil espectadores em apenas 4 dias. Números nada modestos para o nosso pequeno mercado. Mas será que que este quarto capítulo na história dos Warren conseguiu fechar a sua aventura em chave de ouro?
Infelizmente não. “Extrema-Unção” repete muitos dos pecados do terceiro capítulo, “A Obra do Diabo”. A reconstituição histórica é bastante bem conseguida e cuidada, a fotografia é interessante, as sequências iniciais são assustadoras, tensas e promissoras e a partir daí, em ambos os casos, a obra vai degenerando ao longo da sua duração.
Contenção ou extensão: uma aventura longa
Em primeiro lugar, há que dizer que “Last Rites” é simplesmente demasiado longo, na marca dos 135 minutos. Tanto tempo só se justifica no caso do dito “terror elevado”, um nome pomposo mas que se adequa ao que pretendo demonstrar. Filmes como “Get Out”, “Midsommar”, “The Witch”, por aí.
Um filme de terror convencional, dependente de jump scares e alusões ao mundo dos espíritos, cujo sucesso se prende com a capacidade de fazer sentir medo, não precisa de um desenrolar tão arrastado e lento como o deste último filme da saga “Conjuring”.
Além disso, a presença maléfica que supostamente é “muito pior que todas as outras que a antecederam” não o é de todo. O antagonista central deste capítulo da história dos Warren é um espelho assombrado que pretende possuir e matar a jovem Judy Warren (uma excelente e muito expressiva Mia Tomlinson), filha do casal.
Por via de um flashback emotivo e bem-conseguido, é-nos revelada mais informação acerca do passado dos Warren e descobrimos que este demónio tentou levar a sua filha quando era um bebé recém-nascido, e que desde então tem pacientemente esperado a oportunidade perfeita para a matar.
Medo ou mais uma aventura melodramática?
Esta revelação deveria ser incrivelmente assustadora, mas nada em “Extrema-Unção” é capaz de gelar os nossos ossos, para grande tristeza de quem vê. Esta sequela é muito, muito menos assustadora que os dois primeiros filmes “Conjuring”, com destaque particular para o segundo filme, que será sempre, ou até à data, a grande referência dentro do universo desta saga.
A recriação de época é sempre muito bem-vinda, e esta quarta aventura não falha neste campo. Infelizmente, por outro lado, há demasiados espíritos afetos ao espelho assombrado, sem que tenham oportunidade de desenvolver lore próprio e verdadeiramente assustar quem vê. E se na primeira metade da obra os jump scares vão resultando, os truques com a boneca e com o espelho começam rapidamente a cansar.
É uma pena, mas a despedida de Lorraine e Ed Warren deixa muito a desejar, não se fazendo sentir de todo como uma conclusão. Esperemos que voltem noutros filmes do universo alargado e que tenhamos direito a uma despedida mais nobre.
Conclusão
“The Conjuring 4: Extrema Unção” falha como adeus final ao universo sobrenatural de Ed e Lorraine Warren, com uma aventura que vive na sombra dos primeiros capítulos desta saga.