The Talos Principle – (PS4) | Análise
Por vezes existem jogos que nos fazem pensar e questionar tudo o que experienciamos. Este é um deles!
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Comecemos por explicar aos leitores que género de jogo é The Talos Principle. A premissa é muito simples: somos um robot que ao receber indicações do seu Deus, tenta encontrar forma de avançar por um conjunto de puzzles até chegar a um determinado sítio.
Na parte técnica, The Talos Principle apresenta gráficos muito bem conseguidos. Não é um colosso, mas os seus cenários apresentam a beleza necessária que nos fará parar e admirar em vários momentos o que nos rodeia. Aplausos ainda para o design dos cenários e a forma como puzzles estão estruturados graficamente. Por fim, destaque para os efeitos de luz e sombra que aqui servem para criar ambiente em vários momentos e com grande sucesso. A diversidade de cenários e a simbologia que cada um esconde são pontos fortes de um jogo que iremos recordar durante muitos anos.
Na parte sonora o jogo consegue ser melhor do que graficamente. A pouca banda sonora que iremos ouvir é fantástica e encaixa perfeitamente com o enredo. Preparem-se para ficar arrepiados em alguns momentos! Para além disso, tantos os efeitos sonoros como o trabalho de vozes está bem conseguido, com destaque para a voz do nosso Deus que nos fala.
Todavia, é quando começamos a perceber a jogabilidade de The Talos Principle que o jogo começa a mostrar a sua qualidade. O que teremos pela frente é um conjunto de enigmas e puzzles que, após serem decifrados, nos farão sentir inteligentes. Alguns são realmente puzzles difíceis, cheios de sentido e originais. E é aí que tem de estar o foco da nossa análise em relação aos desafios: na sua originalidade e diversidade, pois muito raramente iremos superar dois desafios da mesma forma. Serão vários os momentos em que podemos perceber, de repente, que estivemos muito tempo a ver um problema pelo ângulo errado quando o jogo nos foi dando as pistas certas. Desafiante, inteligente e surpreendente, este é um dos melhores jogos de puzzles que já tivemos de enfrentar.
No entanto, e apesar de tudo o que dissemos sobre o jogo ter sido bom, a verdade é que o grande trunfo do jogo é o seu enredo e a sua filosofia. The Talos Principle é um jogo que nos faz questionar não só o que jogamos, mas também o que realmente somos enquanto seres humanos. O enredo é, inevitavelmente, uma poderosa e angustiante metáfora para a solidão que todos nós enfrentamos na nossa povoada sociedade. E o nosso personagem irá tornar clara essa solidão enquanto questiona a própria condição humana. A forma como o jogo começa a falar connosco enquanto jogadores e não enquanto personagens de um jogo, com que exista uma mistura de realidades, em que trazemos as questões para o nosso mundo.
O resultado é um enredo que encaixa muito bem nos puzzles que vamos enfrentando, existindo um claro caminho que a filosofia do jogo percorre, mas que apenas iremos perceber se estivermos atentos. Aliás, The Talos Principle é um jogo para qualquer pessoa que goste de desafios, quer esteja, ou não, interessado na filosofia do jogo. Mas é com a filosofia do seu enredo que o jogo se torna em algo incontornável.
Não existe muito mais que possa ser dito sobre este jogo. The Talos Principle é um impressionante jogo que nos leva, se assim o permitirmos, às questões mais marcantes da própria existência neste universo. Todo o jogo é uma metáfora, desde a solidão do personagem, passando pelo nosso óbvio desconhecimento do universo que nos rodeia e da ignorância de forças que ainda não conseguimos compreender. E se Deus falasse connosco? Seguiríamos os seus conselhos? Se o que procuram é um jogo que vos marque e vos desafie tal como Portal e Stanley Parable fizeram, então este é um jogo a ter, a jogar e a voltar a jogar daqui a uns anos, provavelmente criando novos significados para muito do que iremos ver e ouvir enquanto jogamos.
Pontos fortes:
- Bons gráficos e excelente som
- Filosofia impressionante faz-nos questionar a nossa condição enquanto jogadores e seres humanos
- Puzzles e enigmas originais e diversificados
- Experiência única
Pontos fracos:
- Por vezes não percebemos como o enredo está alinhavado com o que estamos a fazer
Hardware usado pela MHD para teste de jogos:
PS4:
- PlayStation 4 Glacier White
- DualShock 4 White
- Razer Leviathan Sound System
PC:
- Headphones Razer Carcharias
- Keyboard Razer Epic Chroma
Luís Pinto
