Óscares 2017 | Thomas Newman

Autor das bandas-sonoras de filmes tão apaixonantes como Wall-E e Os Condenados de Shawshank, Thomas Newman é um dos melhores compositores de cinema da atualidade. Este ano foi nomeado para o Óscar pelo seu trabalho em Passageiros.

 


<< Introdução | Lin-Manuel Miranda >>


 

Filho do compositor de cinema mais galardoado de sempre na história da Academia (Alfred Newman), sobrinho de dois dos mais bem-sucedidos compositores da Hollywood clássica (Emil e Lionel Newman), primo do criador duplamente Oscarizado da música de Toy Story (Randy Newman), irmão do autor da banda-sonora de inúmeros sucessos de cinema familiar (David Newman) e uma das violinistas, violoncelistas e pianistas preferidas dos grandes estúdios de Hollywood (Maria Newman), Thomas Newman é quase que um príncipe da maior dinastia de compositores de cinema que o mundo já viu. No entanto, depois de uma centena de títulos no seu currículo e 14 indicações para o Óscar da Academia, Thomas Newman ainda não alcançou a maior honra concedida pela sua indústria.

Destinado desde o berço a estar envolvido no mundo da música e do cinema, o sujeito da celebração desta página começou logo a estudar violino e piano nos seus primeiros anos de vida, tendo, seguidamente, estudado na Universidade da Califórnia e em Yale, onde obteve o Mestrado antes de começar a explorar o mundo do teatro e do rock independente. Foi só pelo final dos anos 70 e princípio da década de 80 que Newman se começou a virar para a vocação da família, sendo que o seu primeiro trabalho oficial nesta indústria foi a orquestração dos temas musicais compostos por John Williams para O Regresso do Jedi em 1983.

Lê Também: Mica Levi | Compositora em Ascensão

Pode-se dizer que foi um início de carreira incomparavelmente promissor e, dentro de poucos anos, Thomas Newman já se começava a afazer notar entre os vários compositores de Hollywood pelo seu estilo característico. Texturas eletrónicas que se entrelaçam pelo meio de melodias classicistas, um uso romântico e ligeiramente repetitivo de motivos em piano e uma geral tonalidade de hipnótica calma que é ocasionalmente rompida pela manifestação de imponentes instrumentos de sopro a acentuar dissonâncias dramáticas em momentos chave são as grandes marcas de uma banda-sonora assinada por Thomas Newman.

Ao longo dos anos, ele tem vindo a apurar o seu estilo e, hoje em dia, é difícil não ouvir um dos seus trabalhos sem identificar logo a pessoa por detrás da sua edificação. Na verdade, o que começa a acontecer é que vemos como alguns compositores menores se inspiram no trabalho do mestre Newman para iniciarem o desenvolvimento, meio plagiado, dos seus próprios trabalhos. Veja-se, por exemplo, quantas séries de televisão já vieram copiar, quase integralmente, as melodias que Newman concebeu para American Beauty. E, atente-se, não estamos a referir-nos aos trabalhos do próprio compositor para televisão, que já lhe valeram um Emmy.

Consulta Ainda: Guia das Estreias de Cinema | Março 2017

American Beauty constitui uma das 14 nomeações recebidas por este compositor desde 1994, quando ele entrou de rompante no clube exclusivo de indicados da Academia com dois títulos a concurso, Mulherzinhas e Os Condenados de Shawshank. Para além desses exemplos, ele já recebeu indicações adicionais pelo seu trabalho em Heróis Como Nós, Caminho para Perdição, À Procura de Nemo, Lemony Snicket’s: Uma Série de Desgraças, O Bom Alemão, Wall-E ( aqui recebeu uma nomeação adicional para Melhor Canção), Skyfall, Ao Encontro de Mr. Banks, A Ponte dos Espiões e Passageiros.

O seu trabalho neste último título poder-lhe-á ainda valer o tão cobiçado prémio, mas, com o advento da esmagadora popularidade de La La Land (Lion, Jackie e Moonlight são os outros nomeados), isso parece pouco provável. Se formos honestos, apesar de agradável na sua beleza melódica, esta banda-sonora está longe de ser um dos grandes feitos do compositor, sendo algo mais próximo da sólida repetição de ideias melhor exploradas em trabalhos anteriores. Enfim, depois de tantos anos de carreira, um pouco de auto-plágio é compreensível. Não deixa, no entanto, de ser frustrante que alguns dos seus mais inspirados e memoráveis esforços tenham sido ignorados quase completamente como é o caso das bandas-sonoras de Revolutionary Road, Oscar & Lucinda, Erin Brockovich e, no panorama televisivo, Anjos na América e Sete Palmos de Terra. Apesar de tudo, ainda há tempo para a situação se alterar e talvez no futuro chegaremos a ver Thomas Newman a ser galardoado por um indiscutível triunfo tardio.

 


<< Introdução | Lin-Manuel Miranda >>


 

Na próxima página vamos falar de outro nomeado nas categorias musicais, um dos grandes artistas do momento que, entre Emmys, Tonys, Grammys e um Pulitzer parece ter ganho quase tudo o que há para ganhar na sua área. Só lhe falta mesmo o Óscar!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *