Top 2015, guarda-roupas | 07. Madame Bovary

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Em Madame Bovary, Mia Wasikowska apresenta-se num dos mais espetaculares guarda-roupas do ano, tão colorido como narrativamente ousado.

Na mais recente adaptação da obra-prima de Gustave Flaubert, Emma Bovary, a sua protagonista, é uma cifra tanto para a população que a rodeia, como para si mesma ou para a audiência deste filme realizado por Sophie Barthes. Tal indefinição da personagem e da sua psicologia foi uma escolha ousada, que, pelo menos, distancia a adaptação de algumas das numerosas versões cinematográficas que Madame Bovary já recebeu.

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Esta curiosa abordagem a esta célebre narrativa, não se reflete apenas na realização do filme, no seu texto e na admirável prestação de Mia Wasikowska, mas também em toda a construção visual de Madame Bovary, especialmente no que diz respeito aos formidáveis figurinos concebidos por Christian Gasc e Valérie Ranchoux.

Apesar do diálogo ser em inglês e estar pontuado por variados sotaques anacrónicos, esta versão de Madame Bovary segue a sua origem literária no que diz respeito a detalhes de tempo e local, passando-se na França da década de 40 do século XIX. Com exceção dos figurinos da protagonista, o elenco enverga figurinos que seguem uma linha relativamente realista, seguindo os padrões de vestuário da época histórica e conferindo uma atraente elegância, especialmente aos homens que vão capturando a atenção de Emma Bovary.

Por muito belos e historicamente apropriados que sejam os restantes figurinos, a Madame Bovary titular é quem mais se destaca pelo seu estilo, cimentando a presença deste filme nesta lista dos melhores guarda-roupas do cinema de 2015.

Emma veste-se num registo estilístico completamente diferente das pessoas que a rodeiam, destacando-se da paisagem, tanto humana como natural. Em cores ácidas e anacrónicas, materiais ricos e silhuetas expressivas, ela emerge como um pássaro exótico no meio dos ambientes campestres da França da época. Os seus figurinos são tão espetaculares de um ponto de vista visual como de uma perspetiva dramatúrgica, sendo essenciais para a construção da delicada atmosfera do filme, onde Emma Bovary existe em desconectada de com tudo o que a rodeia, e mesmo para com a sua própria compreensão.

Aplicando uma ousada estilização à personagem principal, mas exibindo uma surpreendente sobriedade para com as restantes figuras, Gasc e Ranchoux criaram em Madame Bovary alguns dos mais eficazes e belos figurinos deste ano cinematográfico.

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