Top guarda-roupas da TV | 02. Hannibal

Hannibal é um festim visual de inigualável sofisticação e luxuriante opulência. Bryan Fuller criou nesta série uma das produções televisivas mais belas da História do meio e os figurinos são uma parte essencial do seu característico estilo.

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Rico em tecidos luxuosos, padrões atraentes, pontuações e cores vibrantes e executado com a elegância e mestria que sugerem a pura genialidade, o guarda-roupa de Hannibal é, desde o seu primeiro episódio, uma das componentes essenciais da sua barroca mise-en-scène. Em conjunto com a fotografia hipnotizante e os cenários deslumbrantes, a beleza dos figurinos concebidos por Christopher Hargadon ajudam a tornar a terceira temporada de Hannibal uma das mais belas criações a agraciar qualquer ecrã em 2015.

Quase que numa infernal personificação do estilo sofisticado da sua série, o próprio Hannibal Lecter é um píncaro de estilo e elegância visual, usando maioritariamente fatos impecavelmente feitos à medida, em subtis padrões e cores ricas como esmeralda e bordeaux, acessorizados por luxuosas gravatas de seda em padrões exóticos e que lhe conferem um certo ar de cosmopolita internacional. Mesmo quando, na segunda metade da temporada, Lecter é aprisionado, o seu fato de prisioneiro é formidavelmente ajustado ao seu corpo com uma precisão que lhe confere uma superioridade estética que é tão ameaçadora quão sedutora. Em Mads Mikkelsen e nos figurinos de Christopher Hargadon, Hannibal Lecter torna-se uma figura de tamanha elegância e perfeição que transpira uma imensa desumanidade. A monstruosidade a parir da beleza, a carnificina escondida por detrás da fachada de deslumbrante estilo.

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Durante o início da terceira temporada, a série passa grande parte da sua narrativa na Europa, onde Fuller e a sua equipa se deixam levar pelo luxuriante encanto da cultura e sofisticação de cidades como Paris e Florença. Bedelia Du Maurier, a psicanalista de Hannibal e sua relutante companheira, é uma visão de glacial elegância em roupas de espetacular dramatismo visual em cores fortes e silhuetas marcantes que fazem dela uma pincelada de cor intensa sobre as paisagens arquitetónicas europeias.

É claro que depois de se ver livre das garras de Hannibal, na segunda metade da série o seu estilo sofre bastantes alterações, virando-se para um tom mais sóbrio e severo, mas isso acontece com todas as vítimas de Hannibal como Jack, que se torna uma imagem idealizada de um justiceiro detetive, e Alana, que assume uma imagem de inegável em luxuosos fatos formais. A um nível visual, a transformação estilística de Alana quase relembra o guarda-roupa de Hannibal, mas é claro que ninguém está mais próximo da vil mente do canibal do que Will Graham.

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É claro que é impossível falar da série de Bryan Fuller sem referenciar o seu segundo protagonista a seguir ao titular canibal. Will Graham (Hugh Dancy) sempre foi caracterizado visualmente pelo seu estilo meio desleixado e em que o conforto, acima de tudo, é tido como principal preocupação. Camisolas de lã, casacos de malha e camisas de flanela eram as principais peças do seu guarda-roupa, mas isso começou a mudar na terceira temporada. A influencia psicológica de Hannibal sobre Will vai-se tornando cada vez mais incontornável, manifestando-se na própria forma de vestir da personagem de Hugh Dancy que começa a usar muitas mais camisas formais, casacos elegantes e cachecóis que lhe conferem um certo ar de sofisticação. Quando a série dá um salto temporal, a meio da terceira temporada, parece que a personagem se tentou afastar da influência maquiavélica do canibal, mas pouco, a pouco esta vai-se voltando a afirmar.

Na sua última cena Will, como que na sua final transformação em desumano monstro, veste um figurino quase idêntico ao utilizado por Hannibal no sanguinário final da segunda temporada. E é envergando uma camisa branca manchada de sangue que Will se despede de nós, finalmente aceitando a escuridão da sua alma e abraçando Hannibal num momento tão horrendo e trágico como matrimonial, pois também Hannibal se apresenta transformado nestes últimos momentos. Depois das roupas de prisioneiro e da sua vasta coleção de luxuosas camadas imensamente formais, Hannibal apresenta-se numa confortável camisola de lã, que relembra o estilo do próprio Will. No final, os dois juntam-se no meio do espectro criado pela sua própria psicopatia e pelos seus estilos pessoais. Não há momento mais romântico na televisão de 2015, nem mais digno de ser um traumatizante pesadelo.

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Segue para a próxima página para leres a nossa exploração do guarda-roupa que ficou em primeiro lugar nesta listagem do melhor que houve em figurinos nas séries de 2015.


 

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