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TOP 12 | As melhores participações de Portugal na Eurovisão

Queres conhecer as melhores participações de Portugal na Eurovisão? Selecionamos as nossas 12 favoritas enquanto nos preparamos para Turim. 

O Festival Eurovisão da Canção está ao virar da esquina. A partir do dia 10 de maio vamos todos juntarmos novamente em família e com os amigos para assistir à primeira semi-final da Eurovisão 2022 que será transmitida em direto na RTP1. Seguem-se a segunda semi-final e a grande final nos dias 12 e 14 de maio, respetivamente.

Enquanto não vemos a MARO, Beatriz Fonseca, Beatriz Pessoa, Carolina Leite, Diana Castro e Milhanas no palco de Turim com “saudade, saudade” fazemos uma lista com as 12 melhores participações de Portugal na história da Eurovisão – afinal 12 são também os pontos atribuídos no certame com a mítica expressão Douze Points!. É certo que a Eurovisão não é tão celebrada em Portugal como acontece noutros países europeus, no entanto desde a nossa vitória em 2017 com “Amar Pelos Dois” sente-se uma maior vontade do público em conhecer o certame.

“saudade, saudade” representa Portugal na Eurovisão 2022

Algumas das canções deste top 12 obtiveram os melhores resultados do nosso país, outras caíram melhor no ouvido dos fãs nacionais e internacionais e algumas delas foram capazes de quebrar tradições e mudar mentalidades numa altura em que Portugal mantinha fortes vínculos com a ditadura. Mais importante, as canções eurovisivas de Portugal têm sido capazes de representar almas de conquistadores, de fazer eclodir as sonoridades mais marginalizadas do interior do país e ainda os sons que nos ligam ao Oceano Atlântico, aos nossos caros arquipélagos e a todas as comunidades falantes de língua portuguesa. E foram tantos os nomes de artistas portugueses que marcaram presença na Eurovisão de Carlos Paião, José Cid, Carlos Mendes, Tonicha, Dora, Dina, Fernando Tordo ou Paulo de Carvalho. Este último levou para a Eurovisão “E Depois do Adeus“, que se tornou um dos símbolos da liberdade e da democracia na Revolução dos Cravos, a 25 de abril de 1974.

Um país como o nosso venera o fado, mas também já deu espaço à música pimba, ao estilo romântico e até aos atos revolucionários, a fim de conquistar um lugar de relevo na Eurovisão. Nem sempre bastou, mas o que temos feito na Eurovisão merece aplausos. Portugal é um dos poucos países que se mantém autêntico,   que sabe utilizar o festival para expressar a identidade de uma nação inteira.




12. Da Vinci – Conquistador (1989)

Representante de Portugal no Festival Eurovisão da Canção em 1989, que aconteceu em Lausana, na Suíça, a banda Da Vinci lançou um verdadeiro movimento de música portuguesa que ficaria para sempre na nossa memória. “Conquistador” fala-nos das antigas colónias portuguesas – Angola, Moçambique, Brasil, etc. -, mas obviamente de uma maneira romântica de celebração dos “oceanos de amor”, nesse que é um dos principais lemas da Eurovisão.

A música ficou em 16º lugar com 39 pontos e qualquer telespectador português ficará surpreendido com isso. Nem sempre foi fácil iluminar a Europa para aquilo que queríamos dizer através de uma música.  Mesmo não sendo de todo uma canção afamada ou (re)conhecida pelos fãs eurovisivos, “Conquistador” merece a nossa aclamação. Aqui, a alma nacionalista sente-se a 100% e é uma canção que faz-nos repensar no passado. Haverá melhor maneira de fazê-lo senão a levantar as mãos e a mexer o corpo?




11. José Cid – Um Grande, Grande Amor (1980)

Um Grande, Grande Amor” é um hino ao amor e começa logo com um verso em 4 línguas: “Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye”. Ora há muito que se tem feito isto de juntar palavras de diferentes idiomas numa só canção, mas a classe e elegância ninguém a tira ao nosso caríssimo José Cid.

O seu grande momento nos palcos europeus aconteceu no Festival Eurovisão da Canção de 1980, que decorreu em 19 de abril em Haia, nos Países Baixos. Atingiu em 7º lugar numa edição que atribuía o prémio ao maior dos românticos eurovisivos, Johnny Logan, representante da Irlanda por “What’s Another Year”. De qualquer maneira, acreditamos que muitos apaixonados portugueses continuam a ter José Cid como a referência desse ano.

Nos dias que correm, José Cid ainda goza da mesma fama e figura na lista dos maiores artistas portugueses, tendo sido condecorado no passado mês de fevereiro – no dia do seu 80º aniversário – pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa.




10. Manuela Bravo – Sobe, sobe, balão sobe (1979)

Há vozes que sobem bem alto e há balões que só explodem ternura por tudo o que é sítio. A música de Manuela Bravo não é só um marco na história de Portugal na Eurovisão, como também é uma das canções mais amadas pelo nosso público. A canção tem uma inocência e doçura impressionantes, que a tornam imediatamente numa primeira memória eurovisiva das crianças, mesmo sem que o saibam ou entendam do que estejamos a falar.

Já passaram alguns anos desde que “Sobe, sobe, balão sobe” abriu o Festival Eurovisão da Canção em Jerusalém a 31 de março de 1979. Depois de tanto tempo Manuela Bravo continua a ter um lugar de referência na cultura popular portuguesa e merece figurar na nossa lista. Em termos de resultados ficou em 9º lugar no total de 19 representantes. Nessa edição seria Israel a sair vencedora, com “Hallelujah” de Gali Atari e Milk and Honey.




9. Dulce Pontes – Lusitana Paixão (1991)

Seguimos em frente neste top de melhores participações de Portugal na Eurovisão com a música “Lusitana Paixão“, a primeira de muitos êxitos de Dulce Pontes. A artista canta uma das belas homenagens ao fado e à maneira como representa muitos amores e muitas almas de namorados. Portugal uma vez mais conseguia celebrar aquilo que era seu, de uma maneira bastante própria e totalmente despretensiosa.

Lusitana Paixão” foi a representante portuguesa no Festival Eurovisão da Canção em 1991 e ficou em 8º lugar, numa edição que decorreu na Cinecittà em Roma, na Itália. E curiosamente a Cinecittà, ou melhor o mundo do cinema, cruzar-se-ia uma vez mais com a nossa emblemática Dulce. Anos mais tarde ficaria célebre por colaborar com um dos maiores compositores de todos os tempos: o italiano Ennio Morricone.

Além disso, a sua versão de “Canção do Mar” acabou por fazer parte da banda-sonora do filme “A Raiz do Mundo” (Gregory Hoblit, 1996) protagonizado por Richard Gere. A Eurovisão é afinal uma porta de lançamento e Dulce Pontes, mais do que ninguém em Portugal, sabe-lo bem.




8. Sara Tavares – Chamar a Música (1994)

Sara Tavares ofereceu outro êxito de Portugal na Eurovisão, que acabaria em 8º lugar num total de 25 participantes. Representante no Eurovision Song Contest 1994, que decorreu no último dia de abril em Dublin, na Irlanda, a nossa querida Sara colocou Portugal a chamar a música por tudo o que era sítio. Desde a sua participação no festival, a artista tem apresentado alguns dos temas mais amados do público português e sabe aproveitar-se da sua ascendência cabo-verdiana para criar sonoridades mais singelas.

Algo particular, é que Sara Tavares foi uma das mais jovens participantes da Eurovisão, algo que aconteceu quando tinha somente 16 anos. Tão jovem e com uma bagagem cheia de talento para continuar a ser celebrada.




7. The Black Mamba – Love is on My Side (2021)

Quanta foi a decepção e a até alguma ignorância do público português quando os The Black Mamba venceram o Festival da Canção em 2021 e tiveram o passaporte para representar o país na Eurovisão desse ano que decorreu em Roterdão, nos Países Baixos. Tudo porque a música é cantada em inglês, precisamente a primeira de sempre a representar Portugal a ser cantada nessa idioma.

O grupo acabou por surpreender os portugueses e até os fãs eurovisivos e ofereceu um dos melhores cenários de Portugal na Eurovisão.

Percebia-se que alguma da repetição da música precisava de ser trabalhada num grande staging internacional e a RTP não desiludiu. Temos um bom exemplo de quando as coisas são bem feitas, os resultados notam-se. “Love is on My Side” conseguiu uma das melhores pontuações de Portugal na última década, com o 12º lugar obtido em 26 participantes – sem esquecer que 4 países receberam 0 pontos do público.




6. Carlos Mendes – A Festa da Vida (1972)

A Eurovisão em 1972 decorreu em Edimburgo na Escócia foi o recinto para Portugal celebrar a festa da vida. Carlos Mendes deu voz a um dos temas que melhor representa a boa energia e a positividade tipicamente eurovisivas. Infelizmente, a vida em Portugal não era a melhor, continuávamos em plena ditadura do Estado Novo e faltariam mais dois anos para que terminasse. Uma nação que ansiava por sol e pela paz.

Não foi a primeira participação de Carlos Mendes no festival – fê-lo primeiro com “Verão” em 1968 – mas foi aquele que obteve melhor pontuação (90 pontos) e um 7º lugar numa lista de 18 candidatos. Foi a melhor pontuação de Portugal na Eurovisão desde a sua estreia em 1964 e que só seria ultrapassada mais de 20 anos depois, em 1996, com a canção de Lúcia Moniz.




5. Doce – Bem Bom (1982)

A primeira girl band de Portugal foi icónica, revolucionária, um quanto extravagante: foi um bem bom de arte. Na verdade, as Doce foram uma oportunidade do nosso país quebrar com algum estigma perante a ousadia feminina, e que as cantoras poderiam ter tanto de elegantes quanto de talentosas. “Bem Bom” é um hino ao amor e ao prazer que é bem melhor durante as primeiras horas da madrugada.

Uma da manhã
Um toque, um brilho no olhar
Duas da manhã
Dois dedos de magia
Às duas por três
Quem sabe onde isto irá parar

Escrita por 3 homens: Tozé Brito, Pedro Brito e António Pinto e interpretada por quatro mulheres – Fátima Padinha, Teresa Miguel, Lena Coelho e Laura Diogo – que acabaram por desaparecer por completo do panorama musical português – esta canção é de uma magia que ofereceu cor aos anos seguintes ao 25 de abril de 1974. Passados precisamente 40 anos desde o seu lançamento, a música continua a maravilhar um país que ainda não sabe bem o que virá depois, mas que já vê as coisas de uma maneira diferente, longe dos bons costumes.

As Doce venderam mais de 250 mil discos, e ficaram em 13º lugar (com apenas 32 pontos) do Festival Eurovisão da Canção que em 1982 aconteceu em Harrogate, na Inglaterra. Continuam a inspirar vários artistas no nosso país e já estiveram representadas no filme “Bem Bom”, de Patrícia Sequeira.




4. Lúcia Moniz – O meu coração não tem cor (1996)

Lúcia Moniz é um dos nomes mais venerados quando falamos de Portugal na Eurovisão. Até 2017 era a melhor classificada de sempre do nosso país – ficou em 6º lugar com 92 pontos no festival que ocorreu em Oslo em 1996 – logo teria que cá estar.

O meu coração não tem cor” é uma canção folclórica que na verdade mistura alguns géneros musicais aclamados no nosso país do fado, ao baião sem esquecer a coladeira. É uma canção capaz de repensar o mais tradicional, de um jeito fresco, quase adolescente. Quem é que não gosta de canções assim carismáticas?

Na festa tricontinental celebra-se Portugal e o casamento com as culturas africanas e sul-americanas, honra-se ainda a influência e partilhas entre o funaná, sapateia, samba, marrabenta, merengue, corridinho, vira, morna, chula e bailinho. “O meu coração não tem cor” coloca rapidamente um sorriso no nosso rosto, como a única Lúcia Moniz faz cada vez que entra num palco.

A MHD já teve a sorte de entrevistar a artista o seu projeto mais recente, a série “Operação Maré Negra” da Prime Video.




3. Vânia Fernandes – Senhora do Mar (2008)

O mar, oh o mar! O mar é de Portugal, o país que é as portas do continente europeu. Vânia Fernandes quis prová-lo no palco eurovisivo com a “Senhora do Mar (Negras Águas)” uma espécie de fado vindo do fundo dos oceanos, de uma Atlântida em tempos desaparecida. Vânia parece ainda aspirar a uma deusa misteriosa, a uma entidade que pode muito bem representar a sua terra natal, a Ilha da Madeira. O videoclip da música foi mesmo uma ferramenta para promover o arquipélago.

Com “Senhora do Mar (Negras Águas)“, interpretada no Eurovision Song Contest 2008 em Belgrado, na Sérvia, Vânia Fernandes conseguiu a melhor pontuação portuguesa desde 1998 e ficou em 13º lugar com 69 pontos. Mais importante, foi a única participante portuguesa a receber o Prémio Imprensa dos galardões Marcel Bezençon, atribuídos aos participantes eurovisivos desde 2002. Uma canção que continua a arrepiar do primeiro ao último minuto e que nos conecta à natureza e àquilo que ela simboliza.




2. Simone de Oliveira – Desfolhada Portuguesa (1969)

A medalha de prata neste top 12 vai para Simone de Oliveira, a rainha eurovisiva do nosso país. Foi duas vezes à Eurovisão, primeiro em 1965 com “Sol de Inverno” e depois em 1969 com “Desfolhada Portuguesa”, numa edição que decorreu em Madrid. “Desfolhada Portuguesa” é sobre o amor em Portugal e a Portugal, o amor à família e não há como apagar da memória o verso “Quem faz um filho fá-lo por gosto”. Jamais a rainha Simone imaginaria o impacto que teria junto de gerações e gerações de portugueses.

Infelizmente, os resultados ficaram muito aquém do que merecia – obteve o 15º lugar com uns insignificantes 4 pontos. Mas como a história provou bem, isso foram apenas os resultados europeus. Cá na sua terra, a grandíssima Simone não se mediu por pontos e continuou a ser uma das vozes mais aclamadas. Relembremos, por exemplo, o momento em que chegou a Portugal, teve a mais intensa recepção de um artista português depois da sua participação na Eurovisão. Foram mais de 20 mil os portugueses que se juntaram na Estação de Santa Apolónia para receber a cantora vinda de Espanha o que deixou muitos com medo de algo maior. Nunca uma multidão havia estado em tempos de ditadura assim reunida para celebrar uma artista!

Nunca houve nada assim, nem nunca mais vai haver. Por isso e muito mais vamos continuar a celebrar Simone de Oliveira de pé como ela merece. Foi o que aconteceu na homenagem a que teve direito no Festival da Canção 2018, precisamente a edição em que o evento decorria em Lisboa, depois da vitória de Salvador Sobral.




1. Salvador Sobral – Amar Pelos Dois (2017)

Nem todos as vitórias eurosivas são sinómino de qualidade, mas há que retirar o chapéu a Salvador Sobral que com “Amar Pelos Dois” deixou Portugal, a Europa e a Austrália completamente rendidos. Foi a nossa primeira vitória eurovisiva, a melhor participação do nosso país na Eurovisão e a música com mais pontos de sempre na história do ESC com 758 pontos. Portugal finalmente era reconhecido pelo público e pelos júris eurovisivos e a vitória estava anunciada desde a semi-final. Não havia como não acontecer! Foram 53 anos à espera deste grande acontecimento que obviamente nos levou às lágrimas e aos gritos de emoção.

A letra de “Amar Pelos Dois” é tão simples, mas algumas vezes as frases mais curtas podem expressar o que de mais puro e belo sentimos no interior das nossas almas. Os nossos corações vibraram com a forma como Salvador Sobral interpretou esta canção – da autoria da sua irmã, a artista Luísa Sobral – e os telemóveis pararam de gravar para iluminar o palco em Kiev. Salvador Sobral venceu ainda o Prémio Artístico Marcel Bezençon e o prémio Marcel Bezençon para Melhor Composição. Foi um momento lindo que merece figurar no nosso top.

Quase 5 anos desde a maior celebração portuguesa, “Amar Pelos Dois” mantém-nos agarrados, embora tenha perdido algum terreno junto dos fanáticos eurovisivos que preferem canções tresloucadas cantadas com sons de galinhas. “Amar Pelos Dois” é uma música nostálgica, que vai envelhecer como o vinho do Porto e vai continuar a mostrar como a Eurovisão é maioritariamente de sentimentos, prontos para romper com qualquer barreira linguística, cultural e emocional que possa existir.

E para ti quais são as 12 melhores representações de Portugal na Eurovisão? Partilha connosco a tua opinião nos comentários abaixo ou nas nossas redes sociais. 

3 thoughts on “TOP 12 | As melhores participações de Portugal na Eurovisão

  • Black Mamba em 5⁰ neste Top!👌💪

  • Há muitas músicas que me marcaram entre elas a música da Dina “Amor d’Água Fresca”

  • Excelente

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