Y: O Último Homem | © FX via STAR/Disney

Y: O Último Homem, primeiras impressões

Com uma premissa interessante, será que “Y: O Último Homem” vai conseguir destacar-se além de uma ideia? A série já estreou em Portugal via Disney+.

Nota inicial: estas primeiras impressões são com base apenas na série e o que ela apresenta, não fazendo qualquer relação com a obra original que originou este trabalho. Poderá também parecer um texto algo vago mas não queremos abrir a hipótese de spoilers porque ver a série a saber apenas o essencial é sempre outra experiência!

O mundo está normal, a série foca-se num ambiente político dos EUA, e todos co-existem… até ao momento em que o Presidente dos EUA começa a deitar sangue do nariz e começamos a testemunhar um evento único e abrupto: todos os homens do planeta começam a sucumbir aos próprios corpos, a deitar sangue por vários sítios e a cair inanimados no chão. O mundo ficou sem homens e só as mulheres sobrevivem.

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Sim, é esta a premissa de “Y: O Último Homem”, uma história que envolve a sua quota parte de ficção científica, que nos remete para as séries de vírus misteriosos e para cenários quase pós-apocalípticos, onde a ideia principal parece que é sempre, acima da lógica de tentar perceber o que aconteceu, sobreviver a todos os custos.

Y: The Last Man
O que acontecerá a um mundo onde os homens desapareceram? | © FX via STAR/Disney

A nova série da FX, que em Portugal estreou em exclusivo na área STAR da plataforma de streaming da Disney+, é uma série tão interessante a nível de premissa como em termos de se manter actual face aos temas da sociedade; afinal de contas, com um elenco maioritariamente feminino (já lá vamos explicar que homens existem afinal), “Y: O Último Homem” foca-se não apenas na ideia que algo poderia afectar realmente todos os que detêm o cromossoma Y mas na dinâmica do sexo feminino, de como é que as mulheres interagem e de como é que iriam fazer frente a uma situação de calamidade como esta.

E, sendo eu mulher mas nada apologista de movimentos extremistas, tenho para já, e como opinião minha, que esta série é sem dúvida um bom ponto de partida para o tema e que para já, com 4 episódios vistos, não se trata de um extremismo ou de um feminismo elevado à loucura. Mas vou procurar explicar melhor… Se a verdade é que o enredo poderia cair num rodopio de eufemismos e clichés sobre como as mulheres lidam com situações de crise, o que vemos realmente é uma história que se começa a construir lentamente, onde vemos fraquezas e pontos fortes de cada mulher, e as vemos como seres humanos. Sim, temos uma personagem que se calhar é um bocado extremista (e Amber Tamblyn está simplesmente magnífica no papel até ver), mas a essência de todas as personagens é que são seres humanos a lidar com o desconhecido, a perda e o medo.

Y: The Last Man
Numa história onde não há vilões imediatos, Amber Tamblyn parece que está no caminho para ser uma das antagonistas num mundo onde a hierarquia começa a desaparecer © FX via STAR/Disney

Não há aqui espaço para movimentos de ‘as mulheres é que têm de ter o poder’, ou ‘agora é que as coisas vão melhorar’. Não há e nem é isso que a série tem de ser; a série é espaço para reflexão da raça humana… ainda que de um ponto de vista maioritariamente feminino. Claro que é colocado em causa, talvez, se a abordagem é a correcta, porque olhando a frio e de longe, parece que todas as personagens são muito seguras de si mesmas mas… numa situação de emergência, quem diz que isso não é o que acontece a qualquer ser humano como modo de sobrevivência?

E, não fosse o próprio título da série ser já indicativo, sim, existe um homem em destaque: Yorick. Por algum motivo, que até ao 4º episódio ainda não foi desvendado (e será que haverá resolução no final da temporada?), este é o único homem que sobrevive a este estranho vírus que dizimou a população com o cromossoma Y. À parte dele, qualquer ‘homem’ que se veja são na verdade transgéneros, que apenas têm o seu aspecto pela toma de testosterona. Claro que Yorick torna-se grande parte central da história – afinal de contas, a sobrevivência importa mas o que todas sabem é que sem homens não haverá nunca continuação, e será uma luta apenas para evitar a morte incerta e abrupta.

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Como primeiras impressões, pode-se dizer que a premissa interessante da história faz com que nos foquemos realmente nela porque Yorick, até ver, não é uma personagem fácil de se gostar. Não é detestável também atenção! Mas não é aquela personagem que queremos que seja talvez; inseguro, com problemas de confiança e muito preso a uma ideia romântica, é claramente a imagem de alguém que sempre teve tudo de bandeja e pouco batalhou por algo – um bocado à semelhança da sua irmã Hero. E claro que seriam de destaque neste enredo, ou não fossem eles os filhos da nova presidente dos EUA, interpretada em força por Diane Lane.

Y: O Último Homem
Yorick, o último homem (até ver) vivo, vive uma relação romantizada por ele | © FX via STAR/Disney

Por aqui acredita-se que é por isto tudo que a série nos mantem “colados” ao ecrã. Queremos saber o futuro destas mulheres, queremos saber como é que elas vão superar o que perderam, como é que se vão reconstruir e, claro, se vão conseguir solucionar alguma coisa. Porque é uma história do ser humano e não um mero conto de ficção científica. É interessante, é actual… só resta ver como é que vai ser desenvolvido até ao fim. Porque, para primeiras impressões como nos propusemos analisar aqui, é um bom ponto de partida. O objectivo que precisam de atingir? Desenvolver a série para não recair apenas nas complicadas teias de relações (como tanto aconteceu a “Walking Dead” por exemplo), e dar resposta tanto à interacção humana como à ficção científica da história… porque é que os homens morreram. E é, em última instância, uma lufada de ar fresco nas histórias sobre possível extinção da raça humana, onde não há vírus zombies ou ataques de extraterrestres.

Já começaste a ver? E ficaste entusiasmado(a) para continuar a acompanhar?

  • Marta Kong Nunes - 75
  • Inês Serra - 75
75

CONCLUSÃO

A premissa é interessante, e os primeiros episódios constroem bem um ponto de origem para as personagens centrais. “Y: O Último Homem” é uma série que se mantém actual, sem se deixar levar pelos extremismos do feminismo ao apresentar um elenco maioritariamente feminino, e agora apenas precisa de desenvolver em parte igual a história e as relações das personagens.

Ainda tem muito para crescer… mas para já é um início promissor.

Pros

  • A capacidade de embutir a carga emocional nos primeiros episódios, e de demonstrar de forma crua os momentos de perplexidade e perda num momento em que todos começam a ‘cair’
  • Uma introdução para a personalidade das personagens curta, mas muito rica em conteúdo e que ajuda a definir os seus carácteres
  • A premissa super interessante em termos de série de ficção científica, não se baseando num ataque de aliens ou num vírus que transforma a população em zombies

Cons

  • Em quatro episódios continua muito virada ainda para as relações humanas, ficando a dúvida de quanto tempo de antena terá a questão do desaparecimento dos homens da Terra
  • As personalidades, aliadas às atitudes, de algumas personagens que desde o início nos fazem querer abaná-las e chamá-las para a realidade… coincidência ou não, os filhos da nova Presidente dos EUA
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