Era uma vez... em Hollywood

72º Festival de Cannes | Afinal Há Tarantino e Kechiche

Como era mais ou menos esperado ‘Era uma vez… em Hollywood’ de Quentin Tarantino vai estar na Croisette. Já ‘Mektoub My Love, Intermezzo’ do tunisino Abdellatif Kechiche é em boa parte uma surpresa depois de grandes dúvidas relativamente a poder ou não estar pronto. Mas há mais novidades….

Ambos os filmes Era uma vez… em Hollywood de Quentin Tarantino e ‘Mektoub My Love, Intermezzo’ do franco-tunisino Abdellatif Kechiche (Palma de Ouro com ’A Vida de Adèle’), são efectivamente a cereja no cimo do bolo neste Cannes 72 e completam a lista de 21 filmes em competição. Aliás, uma competição recheada de cineastas vencedores da Palma de Ouro: os Irmãos Dardenne, que concorrem com ‘Le Jeune Ahmed’, receberam o prémio máximo por ‘Rosetta’ em 1999, e por ‘A Criança’, em 2005; Terrence Mallick, com ‘A Hidden Life’, agora venceu em 2011 com ‘A Árvore da Vida’; Ken Loach, apresentando este ano ‘Sorry We Missed You’, pertence tal como dos Irmãos Dardenne, ao pequeno grupo de realizadores que recebeu por duas vezes a Palma de Ouro: ‘Eu, Daniel Blake’, em 2016, e ‘Brisa de Mudança’ em 2006.

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‘Once Upon a Time… in Hollywood’ é galáctico com Brad Pitt e Leonardo DiCaprio.
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O anúncio deste complemento à competição oficial de Cannes 72 foi feito em comunicado de imprensa pela direcção do festival e com as declarações do próprio Thierry Frémaux, Delegado-Geral, que faz alguns comentários e levanta o véu sobre os filmes agora anunciados. Relativamente a ‘Era uma vez… em Hollywood de Quentin Tarantino, dizia Fremaux que temia que o filme, não estivesse pronto, mas o realizador norte-americano que é uma espécie de ‘enfant terrible’ de Cannes, e que não sai de sua sala de montagem há quatro meses, conseguiu terminar a tempo. Depois de ‘Sacanas Sem Lei’ e vinte e cinco anos depois da Palma de Ouro de ‘Pulp Fiction’ é o regresso de Tarantino, com um filme que será projectado em 35mm, com um elenco galáctico: Leonardo DiCaprio, Margot Robbie e Brad Pitt, que vão estar na passadeira vermelha de Cannes. Nas palavras de Fremaux, o novo filme de Tarantino ‘é uma declaração de amor a Hollywood desde sua infância, uma viagem ao rock do ano de 1969 e uma homenagem ao cinema’, com o massacre de Charles Masson, onde foi assassinada a actriz Sharon Tate, em sombra.

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‘Mektoub, My Love: Intermezzo’, de Abdellatif Kechiche, é mesmo uma estreia no limite.

Quanto a ‘Mektoub, My Love: Intermezzo’, de Abdellatif Kechiche, o seu anúncio não deixa de ser arriscado pois, segundo o mesmo Frémaux que viu o longo filme na passada quinta-feira ainda na mesa de montagem, este só será mostrado no final do Festival para que o DCP possa ser entregue a tempo. Também ‘Mektoub, My Love: Intermezzo’, remete para um passado recente e um ‘extraordinário retrato da juventude dos anos 90, que o realizador já tinha contado no início do seu Canto Uno’, e numa livre inspiração do livro ‘La Blessure, la vraie’ de François Bégaudeau. O realizador franco-tunisino estará presente novamente em Cannes seis anos depois de ter vencido a Palma de Ouro com ‘A Vida de Adèle’.

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Gael Garcia Bernal apresenta a sua segunda longa como realizador.

Quanto às restantes novidades, primeiro nas Sessões da Meia-Noite, mais um regresso com ‘Lux Æterna’, o novo do extravagante Gaspar Noé, numa média-metragem de género fantástico com Béatrice Dalle e Charlotte Gainsbourg. A selecção Un Certain Regard completa-se também com ‘La famosa invasione degli orsi in Sicilia’, um filme de animação do ilustrador e autor de banda-desenhada Lorenzo Mattotti, com as vozes de Toni Servillo, Antonio Albanese, Andrea Camilleri, Arthur Dupont e Jean-Claude Carrière; e com ‘Odnazhdy v Trubchevske’, uma estreia em Cannes da realizadora russa Larissa Sadilova, com uma crónica da aldeia que dá nome ao título e uma história de mulheres corajosas, passada na Rússia da actualidade. Por último, nas Sessões Especiais ainda algumas novidades a destacar como a segunda realização de uma longa-metragem do actor mexicano Gael García Bernal, com ‘Chicuarotes’, uma terna história de um adolescente, que é uma homenagem ao cinema clássico mexicano; da América Latina vem também ‘La Cordillera de los sueños’ do reconhecido documentarista chileno Patricio Guzmán, que reflecte novamente na ditadura militar com uma espécie de poema visual e uma investigação histórica, sobre dois olhares íntimo e colectivo.

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Leonardo DiCaprio dança em Tarantino mas produz novamente ‘Ice on Fire’, de Leila Conners.

‘Ice on Fire’, de Leila Conners, a realizadora de The 11th Hour”, o documentário sobre as alterações climáticas produzido por Leonardo DiCaprio, regressa reforçando os sinais de alerta para a preservação do planeta, e com a ajuda do actor que apresentará o filme; por último ‘Ward 5B’ de Dan Krauss, um filme que reflecte sobre os primórdios dos tratamentos (e exclusão) dos paciente com SIDA no pavilhão 5B, do Hospital de São Francisco, na década de 80.

José Vieira Mendes

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