76º Festival de Cannes | A Palma de Ouro 2023 e os Premiados
O júri presidido pelo realizador sueco Ruben Östlund, atribuíu a Palma de Ouro 2023, a ‘Anatomie d’Une Chute’, da cineasta francesa Justine Triste, um fabuloso thriller doméstico e de tribunal, que era sem dúvida o meu preferido e um dos melhores da Competição.
‘Anatomie d’une Chute’, da francesa Justine Triet, um fabuloso thriller doméstico e de tribunal, foi a grande surpresa da Competição de de Cannes 76 e uma merecida Palma de Ouro 2023. Faltou talvez premiar a sua protagonista Sandra Hüller, pela sua fabulosa interpretação — acumulou com outra no filme ‘The Zone of Interest’ —, mas o regulamento não permite atribuir dois prémios para o mesmo filme. Os outros prémios foram para Jonathan Glazer, Tran Anh Hung, Aki Kaurismäki, para a actriz turca Merve Dizdar, para o actor japonês Kōji Yakusho e o seu compatriota, o argumentista Yûji Sakamoto. Depois de uma edição em que na generalidade os filmes a concurso eram de altíssima qualidade, o júri da competição, presidido por Ruben Östlund), escolheu coroar um dos favoritos e entrou para a história do evento ao entregar a Palma de Ouro a uma realizadora pela terceira vez. Neste caso, foi a francesa Justine Triet quem foi premiada por ‘Anatomie d’Une Chute’ e que se junta ao selecto clube de mulheres-cineastas, que triunfaram na Croisette: a sua compatriota Julia Ducournau, venceu em 2021 com ‘Titane’, a neozelandesa Jane Campion (em 1993 com ‘O Piano’). Curiosamente, esta foi também a 15ª Palma de Ouro a ser entregue a um filme francês e Justine Triet concorreu à Palma de Ouro, pela segunda vez, depois da ‘Sibyl’, em 2019.
VÊ TRAILER DE ‘ANATOMIE D’UN CHUTE’
O Grande Prémio foi entregue a outro dos filmes favoritos: ‘The Zone of Interest’, do realizador britânico Jonathan Glazer, um filme envolvente e excepcional ao nível formal, devido à sua original abordagem do tema do Holocausto. O cineasta britânico foi premiado na sua primeira participação na competição de Cannes, e apenas com a quarta longa-metragem da sua carreira. Foi com surpresa que o júri atribuíu o Prémio de Melhor Realizador ao cineasta francês de origem vietnamita Tran Anh Hung por ‘La Passion de Dodin Bouffant’, uma ode ao amor e ao amor, repito, pela gastronomia francesa. O realizador recebeu este prémio ao participar pela primeira vez da competição e exatamente 30 anos depois de ter vencido a Câmera de Ouro, de primeira obra ‘O Odor da Papaia Verde’.

A restante lista de vencedores reúne efectivamente alguns dos melhores filmes desta competição de Cannes 76 e talvez das poucas vezes que o júri decerto modo alinhou com a crítica nas suas escolhas, ao contrário de outras edições anteriores. De referir ainda o Prémio do Júri, que coube ao cineasta finlandês Aki Kaurismäki por ‘Fallen Leaves’, o seu segundo galardão em Cannes, depois de ter ganho o Grande Prémio em 2002 por ‘O Homem Sem Passado’); o Prémio de Melhor Atriz, foi para a turca Merve Dizdar, pela sua interpretação em ‘About Dry Grasses’, do seu compatriota Nuri Bilge Ceylan; e o Prémio de Melhor Ator, foi para o actor japonês Kōji Yakusho por ‘Perfect Days’, do alemão Wim Wenders. Outro artista japonês foi também premiado: Yuji Sakamoto pelo argumento de ‘Monster’, do compatriota Hirokazu Kore-eda. Por último, importa referir que a Câmera de Ouro para primeira obra, foi para ‘Inside the Yellow Cocoon Shell’, do vietnamita Thien An Pham, um filme que foi apresentado na Quinzena dos Cineastas.
JVM