77º Festival de Veneza: Os Favoritos

O dia dos Leões aproxima-se a correr — a cerimónia é já amanhã sábado pelas 19h — e inevitavelmente no Lido de Veneza já se fala muito — embora sejamos muito menos este ano — de favoritos e prémios da competição de Veneza 77.

O primeiro dos filmes favoritos e com mais estrelas nas tabelas é o documentário ‘Notturno’, do italiano Gianfranco Rosi, que é sempre um potencial vencedor, ainda por cima porque joga em casa e já ganhou um Leão de Ouro com ‘Sacro GRA’. Depois temos ‘Dear Comrades’, um poderoso fresco histórico do final e a decomposição da URSS, do veterano russo Andrei Konchalovsky, o biopic profundo sobre a filha do ideólogo do comunismo, ’Miss Marx’, da italiana Susanna Niacchiearelli, o encantatório e filosófico musical ‘The Disciple’, do indiano Chaitanya Tamhane, que quem viu diz — eu cheguei mais tarde ao Festival — que é absolutamente maravilhoso. E a terminar a competição está o insólito filme do Azerbaijão, intitulado ‘In Between Dying’, de Hilal Baydarov.

Veneza 77

Contudo há dois filmes excepcionais, ‘Nomadland’, de Chloé Zhao, a realizadora britânica, de origem chinesa, residente nos EUA e ‘Le Sorelle Macaluso’, da dramaturga e cineasta italiana de Palermo, Emma Dante, que na minha opinião resumem toda uma nova envolvência desta competição de Veneza 77. Isto é como se as partes de um prato partido ou de uma enorme diversidade de imagens fossem novamente coladas com minúcia numa peça fragmentada. Quando virem ‘Nomadland’, de Chloé Zhao e ‘Le Sorelle Macaluso’, de Emma Dante vão entender esta aparentemente absurda metáfora, que se reflecte em dois filmes que na verdade têm em comum algo sobre o sentido da vida. O facto de serem filmes de duas cineastas-mulheres não estou de forma nenhuma fazer uma defesa da igualdade ou das quotas de géneros na Selecção Oficial. Estes são — dos que vi — os melhores filmes de Veneza 77.

JVM

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