Mostra Nacional de Jovens Criadores © Jenniffer Lima Pais/Gerador

Mostra Nacional de Jovens Criadores | Vencedores de 2022

Por entre 15 categorias das mais variadas áreas, a Mostra Nacional de Jovens Criadores consagrou este fim-de-semana os que se destacaram em 2022.

Uma iniciativa do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), a Mostra Nacional de Jovens Criadores continua a reunir novos talentos emergentes. Depois de ter batido recorde de número de candidaturas, a edição de 2022 consagrou no passado dia 3 de dezembro os vencedores das 15 categorias em competição – Arte Digital, Arte Urbana, Cerâmica, Cinema, Dança, Escultura, Fotografia, Gastronomia, Humor, Ilustração, Literatura, Moda, Música, Pintura e Teatro.

Cada artista galardoado recebeu um prémio monetário de 1000 euros. Além deste prémio, uma vez que a edição foi organizada pela primeira vez pelo Gerador, plataforma portuguesa independente de jornalismo, cultura e educação, estão ainda assegurados uma entrevista exclusiva na plataforma do Gerador, 50% de desconto num curso à escolha da Academia Gerador durante um ano, uma assinatura como Sócio Gerador e um Cartão Jovem.

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Beatriz Tavares, apresentadora do programa da RTP2 “Scroll”, foi a voz que apresentou os 15 vencedores, antecedendo o encerramento da cerimónia feito pelo músico Filipe Sambado. A consagração foi o culminar de três dias de exposição de obras de mais de 100 jovens no Fórum Municipal Romeu Correia e no Centro Cultural e Juvenil de Santo Amaro, em Almada.

Conhece os vencedores da edição de 2022 e conhece um pouco melhor as obras pelas quais levaram a distinção da Mostra Nacional para casa.

Beatriz Tavares, a apresentadora da Mostra Nacional 2022 © Jenniffer Lima Pais/Gerador

ARTE DIGITAL | Dany Marques Ferreira | Obra: “Plasticine”

“Plasticine” apresenta-se num possível cenário de um museu de história natural, em que os seres (que se cruzam na interface natural/artificial) são fotografados por novas espécies não identificadas que se apresentam centenas de anos depois, testemunhando a influência extrema que o ser humano deixou no planeta após a sua extinção. A exploração, modificação genética e desprezo pelas necessidades da Mãe Natureza resultaram na extinção em massa de espécies e, consequentemente, a seleção das mais resistentes que têm agora uma aparência artificial e irreconhecível.

ARTE URBANAGiulia Yoshimura Pestana | Obra: “Ruderal”

A obra é composta por uma pedra encontrada em entulhos, com uma das suas faces pintada com tinta acrílica. “Ruderal” é o título da obra, e também o nome dado às comunidades ecológicas que se desenvolvem em ambientes perturbados pela ação humana, retrata o suspiro de beleza e o símbolo de resistência da natureza perante o descanso humano. A pesquisa da artista através da arte urbana é redirecionar os olhares das pessoas para a vegetação sucumbida pela cidade, assim como as plantas ruderais, trazer cor e vida para os muros cinzas.

IG | RUDERAL, A PEÇA VENCEDORA

 

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CERÂMICA | Pedro Lobo | Obra: “Kinky Ceramics”

O design tem um papel fulcral na mudança de mentalidades, devendo ser um agente disruptivo na nossa sociedade conservadora. Assim surge a coleção “kinky ceramics”, que consiste em peças de tipologia tradicional, às quais são feitas modificações com artefactos de BDSM, usando o lado estético das mesmas, numa tentativa de desconstruir a barreira da aversão da sociedade, perante a cultura do fetiche.
Aproveitando a plasticidade das peças cerâmicas, são aplicados objetos Kinky, que apresentam assim diversas deformações, como se fossem partes do corpo.

CINEMA | Mariana Guerreiro Ferreira | Obra: “Lessons in the Kitchen”

“Lessons in the kitchen” é um projeto documental, falado em italiano, que retrata as dificuldades de viver no estrangeiro. Enquanto vivia em Bruxelas, decidi gravar várias conversas dos meus companheiros de casa de modo a registar a minha experiência com outras línguas. Apesar de ser um idioma bastante idêntico ao nosso, havia muitos momentos em que sentia que estavam a falar uma língua totalmente diferente da nossa. Esta curta-metragem é o resultado de uma dessas gravações, onde a componente visual representa a minha própria interpretação ao ouvir esse áudio pela primeira vez.

DANÇA | Katarina Lanier | Obra: “Call Me Three Times

“Call Me Three Times” é uma peça que navega por entre fragmentos de estados oníricos e realidades de desejo. É uma exploração das fantasias possíveis e dos seus limites. Uma vez localizada e formulada uma fantasia, quais são as consequências de tornar esses sonhos palpáveis? Através de segmentos articulados com projeção de vídeo em direto, vídeo pré-gravado e ação ao vivo, a autora convida o público a explorar as múltiplas facetas das suas próprias interrogações e vulnerabilidades e a sua falsificação.
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do PACAP 5 – Programa Avançado de Criação em Artes Performativas.

TEASER | CALL ME THREE TIMES

ESCULTURA | Mab.ko | Obra: “Totem”

“Totem” é um conjunto de cinco esculturas feitas de papel, areia e acrílico. Cada escultura tem as suas próprias cores e padrões, conferindo-lhes um carácter único e distinto. As silhuetas geométricas fazem lembrar tanto estruturas arquitetónicas como figuras sagradas. De facto, ao desenvolver o vocabulário de sua própria mitologia, a artista constitui uma linguagem através de uma coleção de símbolos, ícones, santuários…Tal como os fetiches, estas esculturas de tamanho humano foram concebidas como objetos de proteção, emblemas sagrados, que convidam à contemplação.

FOTOGRAFIA | Guilherme Proença | Obra: “Estudos sobre propriedade”

“Estudos sobre propriedade” é um trabalho que surge de uma reflexão sobre o que é a posse. Quando falamos de posses, as questões que primeiro suscitam interesse são as de posses intelectuais, memórias e de identidade. Mas não serão também os objetos, fronteiras, gradeamentos algo que está intrinsecamente ligado a estas memórias? Num mundo onde cada vez existe mais conflito no que toca a posses, sejam estas pessoais, estatais, universais, encontramos aqui um compasso de pausa. Esta noção de pausa parece sempre provir de um elemento comum, a natureza, que olha com serenidade o progresso e regresso humano.

GASTRONOMIA | Simão Jarro | Obra: “Atum na chapa acompanhado de um puré de batata-doce, cebolinhas caramelizadas e finalizado com um jus de cebola”

Recorrendo a influências japonesas, procura utilizar produtos nacionais, mantendo a simplicidade da receita de forma a apostar na qualidade dos ingredientes. Prato pescetariano, o sabor agridoce do jus de cebola faz o fio condutor entre a doçura do puré e o atum, enquanto as cebolinhas assadas vêm reforçar a identidade do molho no prato. A pele de salmão traz mais vida e cor ao atum, mas também um elemento salgado e crocante ao prato. Atum na chapa acompanhado com puré de batata-doce e cebolinhas assadas, finalizado com jus de cebola.

HUMOR | Miguel Valente | Obra: “se calhar alguém já falou disto”

“se calhar alguém já falou disto” é um projeto vídeo, dividido por temas, com raízes no meu receio de alguém já ter tido as ideias que eu tenho ou já ter dito o que eu vou dizer. Assim, decidi falar sobre as coisas que quero falar, mas enquanto faço algum tipo de atividade; porque se calhar alguém já falou de tais assuntos, mas não enquanto realizava essas atividades. No fundo, isto não é mais do que uma resposta ao trauma causado pelos programas de deteção de plágio da faculdade.

IG | O PROJETO DE MIGUEL VALENTE

 

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ILUSTRAÇÃO | Clara Leitão | Obra: “Lobacobra”

“Lobacobra” ilustra um ser inventado: parte cobra, parte loba ou cão. Este ser, grande o suficiente para engolir uma pessoa (e de dentição aterradora), é também uma fonte na qual três humanos se banham alegremente.
Esta “Lobacobra” pode, por um lado, ser vista como um monstro, mas também como um animal que nutre a vida ao fornecer água. E quanto à pessoa dentro da sua barriga, terá sido engolida ou será que está para nascer?
Nas minhas ilustrações procuro esta ambiguidade que é também frequente nas fábulas, onde o inédito, o cómico e o aterrador andam de mãos dadas com o poético e o maravilhoso.

LITERATURA | Catarina Lobo Vasconcelos Letria | Obra: “Toca-e-foge”

“Toca-e-foge” é um conjunto de deambulações sobre sítios, sentimentos e os limites da memória.

MODA | Carolina Duran, Leonardo Moura e Mafalda Fidalgo | Obra: “INTRA”

“INTRA” representa uma reflexão sobre o impasse, a dúvida e o bloqueio que sentimos num momento de pós-licenciatura. Um manifesto de oposição ao sistema individualista e capitalista da moda, assente em valores de partilha e comunidade, dividido em 5 momentos: formatação/ confronto/ desintegração/ libertação. A principal referência artística da coleção, a dança japonesa Butoh, baseia-se na ideia da anulação do próprio ego, unificando memórias negativas num ato de libertação coletivo. Esta tentativa de retorno assemelha-se à nossa condição atual, uma necessidade de regressar ao início, ao centro, ao interior (INTRA).

MÚSICA | Jónatas TOTA Pereira e EU.CLIDES | Obra: “esquissofrénico”

O que é a canção de protesto no contexto português do século XXI? Que relevância tem essa atitude num contexto global de pluralismo quase absoluto e de digitalização a um ritmo frenético? “esquissofrénico” é uma possibilidade de resposta a estas perguntas. Canções despretensiosas, gravações de campo, lírica estilhaçada e inquiridora e uma vasta exploração de atmosferas, de texturas, de ressonâncias. Num processo audio-ecológico, aproveitamos as potencialidades composicionais que a reciclagem desse material aparentemente efémero nos oferece. Posto de forma simples, abraçamos o fragmento como produto acabado.

PINTURA | Inês Nêves | Obra: “Ferida que dói e Ferida que não se sente”

Ecoa já sem teleponto na consciência coletiva que o amor é cego, é morte, ou que a lágrima é o seu sorriso; que é ferida que dói e não se sente. O instinto de sobrevivência e rejeição à dor parece adormecer quando a causa é o amor. Dopamina e oxitocina anestesiam a pele, mas a mente não sara. Através do encontro afetivo e efetivo entre corpo e matéria, “Ferida que dói e Ferida que não se sente” reflete sobre a natureza viciante do amor e figura a capacidade do ser humano de deixar marca. Numa dança em que o corpo chega, marca, e se vai, restam apenas os rastros das suas carícias, inscritos no espaço e na memória.

VÍDEO | A OBRA DE INÊS NÊVES

TEATRO | Naiana Soares Padial | Obra: “As vidas miúdas e outras insignificâncias”

Uma misteriosa forasteira chega a um sítio em ruínas. Nelas descobre um circo abandonado onde encontra uma inusitada companheira: uma barata. A partir da complexa relação entre as duas, percorremos variadas emoções, através da poesia das coisas insignificantes, da parvoíce e de conflitos sobre relações de poder. Esta peça visual, que conecta o circo e a música através da linguagem do palhaço e do teatro físico, convida o público a participar ativamente da história que constrói.

Costumas acompanhar estas iniciativas que visam apoiar jovens artistas nacionais?

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