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Matty Healy repete a dose: os The 1975 no Super Bock Super Rock

De regresso ao Meco depois de uma atuação em 2019, os britânicos The 1975 e o seu polémico vocalista e frontman Matty Healy cativaram a audiência a 14 de julho com a sua estranha convergência de indie-pop e pop-rock, onde para lá da atitude de bad boy se mostra um estilo musical romântico e capaz de agradar a gregos e troianos. 

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Depois do primeiro concerto, de sempre, em território português, do grupo de hip-hop norte-americano Wu-Tang Clan, no palco principal do Super Bock Super Rock, o qual reuniu a maior audiência do segundo dia do Festival Super Bock Super Rock em 2023, foi altura de os The 1975 subirem ao palco. Neste dia, a banda britânica de Manchester surgia em pé de igualdade na mancha gráfica do cartaz, ao lado dos cabeças de cartaz Wu-Tang Clan, mas uma estreia absoluta em solo nacional, de um grupo que soma mais de três décadas de existência, acabou por puxar pelo público de outra forma.

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Não obstante, o regresso dos The 1975 fez-se com antecipação, num segundo dia do SBSR em que a organização avançou estarem presentes 20.000 pessoas no recinto. Nas primeiras filas, fãs mais fieis entoavam, a altos pulmões, todas as letras desde animado grupo de pop-rock. E o que é que aconteceu com os The 1975 desde que estiveram presentes no festival pela última vez? Desde logo, lançaram o seu quarto álbum “Notes on a Conditional Form” (2020) e ainda mais recentemente o seu quinto álbum “Being Funny in a Foreign Language” (2022), que se encontram presentemente a promover.

Além disso, é inevitável dizê-lo, o “Dr.Matt Healy” – o cantor e compositor apresentou-se em palco vestido com uma farda de médico – tornou-se uma figura progressivamente mais polarizadora, ora proferindo frases desnecessárias em entrevistas, do racismo ocasional a outras declarações polémicas, ora masturbando-se em palco, ora comendo bifes crus em frente às suas multidões de fãs. Em 2023, até namorou brevemente com uma amiga de longa data, Taylor Swift, e quase lhe restituiu uma ‘bad reputation’.

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Feitas as contas, não há falta de quem diga que Matty está na sua fase “parva de rockstar”. E sim, no Super Bock Super Rock, neste mais recente concerto de The 1975, apresentou-se bem embriagado, oscilando entre um cantil na mão ou uma garrafa de vinho. Enquanto cantava e tocava guitarra ou piano, ia também acendendo o seu ocasional cigarro, sem esconder, de forma hilariante, o quão difícil era a coordenação de tanta tarefa em simultâneo.

The 1975 SBSR 2023
©David Passos/MHD

E apesar de tal comportamento, e contra todas as expectativas, Matty e a sua banda foram também bem cumpridores, como o próprio indicou a certa altura “estamos a cumprir o horário, podemos cantar mais músicas, isto nunca acontece”. Sim, Matty pode ter cantado uma serenata dirigida a um ecrã e cambaleado q.b, mas manteve a voz afinada e a guitarra na nota certa, e ao fim de contas, é isso que importa.

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Ademais, a música dos The 1975 dificilmente se classifica como uma ‘rockalhada’ sem regras que se coadune com a atitude ‘I don’t give a f***’ do seu vocalista. Antes, o timbre agudo e preppy de Matty remete-nos antes para o território das boybands e pensamos, se esta fosse uma banda apenas de raparigas, nunca teriam o direito a ser julgadas como pertencentes ao território do rock.

Matty Healy Super Bock Super Rock
© David Passos /MHD
O carismático mas problemático “Dr. Healy”

Na realidade, ao ver um concerto de The 1975 como o de ontem, apercebemo-nos que a sua dívida prende-se muito, mas mesmo muito com o pop. A maioria das suas músicas são baladas de amor, e embora as guitarradas, por vezes, sejam mais afins ao rock, as letras e melodias são suaves e românticas. Exemplo disso são alguns pontos altos do alinhamento do concerto, como “Oh Caroline” ( um destaque do novo álbum), mais no início, “It’s Not Living (If It’s Not With You)”, a décima música entoada, e uma das mais bem-recebidas pelo público, “Somebody Else” , de 2016, um êxito mais antigo, entoado logo de seguida, e recebido com êxtase notório pelos muitos fãs fiéis presentes, ou ainda a 13ª canção “I Always Wanna Die (Sometimes)”, de 2018.

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No seu âmago, estas são baladas que oscilam entre o pop e o indie e que narram histórias acerca de angústia pessoal, amores impossíveis e declarações românticas. Os temas são intemporais, as melodias são catchy e amigáveis. Prova disso foi um pedido de namoro ou casamento – não estamos bem certos da exata natureza da relação – a meio da performance de uma das muitas baladas românticas do grupo britânicos.

Os The 1975 não têm um público transversal a todas as faixas etárias, mas têm o potencial para continuar a conquistar fãs com as suas melodias agradáveis e relacionáveis. Matty despediu-se com um “até para o ano”. Será?

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THE 1975 AO VIVO NO SUPER BOCK SUPER ROCK EM 2019 


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