Photo by Kitreel and © Warner Media (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Banda sonora de Hans Zimmer em Dune está a desafiar os Óscares

Quando Hans Zimmer compõe, até os ventos de Arrakis de “Dune” param para ouvir – mas parece que a Academia preferiu tapar os ouvidos com areia.

Sumário:

  • Hans Zimmer defende que a música de “Dune: Parte Dois” é uma extensão natural da narrativa de “Dune: Parte Um”, sendo ambas partes de uma única história coesa;
  • A exclusão da banda sonora pela Academia dos Óscares levantou um debate sobre os limites impostos à liberdade criativa no cinema;
  • Zimmer critica regras que podem restringir a criação artística, destacando a importância de desenvolver temas musicais em obras épicas de longo formato.
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Quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decidiu excluir a banda sonora de Hans Zimmer para “Dune: Parte Dois” da corrida aos Óscares, provavelmente não esperava despertar uma das discussões mais fascinantes sobre criação artística dos últimos anos. Uma decisão aparentemente administrativa revelou-se uma declaração profunda sobre os limites da expressão musical no cinema contemporâneo.

A arquitetura sonora de Dune

Dune 2 Filmes mais Vistos Portugal
© 2023 Warner Bros. Ent. All Rights Reserved.

Hans Zimmer não é apenas um compositor – é um arquiteto de mundos. Na sua abordagem em “Dune”, ele concebeu algo mais próximo de uma partitura épica do que uma tradicional banda sonora de filme. Imagina um fresco sonoro onde cada nota é um tijolo, cada tema musical uma janela para a complexidade do universo criado por Frank Herbert.

Quando Zimmer afirma que conhecia a última nota da sua composição antes mesmo de escrever a primeira, não está a fazer uma declaração poética – está a revelar o método de um verdadeiro visionário. A sua música para “Dune” não é um conjunto de temas soltos, mas uma narrativa contínua que respira e evolui como o próprio filme.

“Estou potencialmente a enfrentar um problema peculiar, que acho bastante interessante devido à quantidade de música que transita do primeiro filme para o segundo. Não somos uma sequela normal. Não somos como os “Piratas das Caraíbas”, onde existe um tema para o Jack Sparrow que volta a aparecer. Isto é diferente. “Dune: Parte Um” e “Dune: Parte Dois” são uma única história, por isso não faria sentido mudar o tema das personagens. Eu sabia qual seria a última nota do segundo filme antes mesmo de escrever a primeira nota do primeiro, e tinha todo o arco na minha cabeça sobre como desenvolver o que estávamos a fazer.” disse Zimmer á Variety.

Os princípios artísticos em questão

DUNE PART TWO
© Niko Tavernise, Warner Bros

O argumento de Zimmer ultrapassa em muito uma disputa por uma simples estatueta dourada. O compositor levanta uma questão fundamental: até que ponto as instituições artísticas podem limitar a liberdade criativa? Comparando o seu trabalho com a trilogia de “O Senhor dos Anéis“, onde Howard Shore desenvolveu temas musicais através de três filmes, Zimmer desafia a lógica restritiva da Academia.

A sua crítica não é motivada por ambição pessoal – ele já ganhou o Óscar para a primeira parte de “Dune” e explicitamente declara que não se trata de ganhar outro. Trata-se de defender o princípio de que a arte não pode ser aprisionada por regulamentos burocráticos. “Não nos digam como podemos criar”, parece gritar através das suas palavras. E tem toda a razão. A música de Zimmer para “Dune” não é um mero acompanhamento, é uma personagem tão vital quanto Paul Atreides ou o próprio planeta Arrakis.

Para contextualizar o impacto de Zimmer, recordemos o seu percurso impressionante: dois Óscares, dez nomeações, bandas sonoras que se tornaram parte da nossa memória coletiva – de “O Rei Leão” a “Gladiador“, passando por obras de Christopher Nolan que redefiniriam a forma como pensamos na música no cinema. A sua abordagem em “Dune” não é um desvio, mas a culminação de décadas de compreensão profunda de como a música pode contar histórias.

Deve a arte ser limitada por regulamentos ou deve encontrar sempre a sua própria liberdade de expressão? Partilha a tua opinião nos comentários!


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